Capítulo 02

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Acordei de súbito e sentei rapidamente na cama lembranças do que aconteceu na noite anterior vieram a minha mente eu tentava ao máximo me esforçar para entender tudo o que havia acontecido e ainda assim não parecia real tudo parecia fazer parte de um pesadelo mas no fundo eu sabia que não era.
Era real... minha mente trabalhava rápido em busca de uma saída eu não ia me me submeter a tal coisa eu não ia me vender de tal maneira mas como escapar disso?.
Convencer o meu pai estava fora de questão pois ele parecia decidido e no fundo eu acho que ele estava feliz por se livrar de mim .

Fiz minha higiene matinal tomei banho e logo depois procurei o que vestir eu não tinha muitas opções de roupas eram todos vestidos velhos. Fazia algum tempo que eu não tinha nada novo e colocar todas aquelas ligas por baixo do vestido não era nada fácil ainda mais sem ajuda no entanto já fazia tanto tempo que eu fazia isso sozinha que já havia me acostumado . Meu cabelo aquela manhã estava especialmente desgrenhado fiz o possível para dar um jeito nele logo depois fiz um coque e prendi no alto da cabeça.

Por fim me olhei no espelho eu mal podia reconhecer aquela figura na minha frente, eu havia emagrecido tanto desde o último ano acho que a única coisa que poderia chamar a atenção de alguém para mim era meu cabelo ruivo. Ao menos era o que falava a maioria das pessoas que o elogiavam, o meu rosto parecia abatido mas minhas sardas continuavam bastante vividas lembrei que quando eu era mais nova costumava ter muitas em todo o rosto porém com o tempo foi diminuindo restavam algumas no rosto principalmente no nariz, eu não costumava gostar muito delas no meu rosto.

Fechei os olhos e respirei fundo andei em direção a porta que felizmente já estava destrancada pensei comigo mesma que devia tentar mais uma vez falar com meu pai tentar convencê-lo a desistir dessa ideia absurda, quando eu cheguei na cozinha ele já estava lá de pé parecia bastante calmo como se nada tivesse acontecido na noite anterior.
Eu nem sequer tive tempo de formular as palavras porquê assim que ele me viu foi logo dizendo :

- Achei que não acordaria hoje. Não esqueça o que conversamos sei que agora está chateada mas conseguirá compreender depois que tudo isso que faço é o melhor para nós no momento.

- Eu nunca entenderei porque um pai faz isso com sua filha, melhor para nós ou melhor para o senhor?.

- Não comece não quero discutir isso de novo já está decidido quanto antes você aceitar melhor será.

- Por favor pai ...

Murmurei e ele nem sequer me deixou terminar de falar já foi logo me interrompendo :

- Melhor começar o seu trabalho voltarei mais tarde e é bom que esteja pronta.

Sem dizer mais uma palavra ele saiu... Pisquei os olhos várias vezes para afastar as lágrimas não era hora de chorar eu tinha que encontrar uma saída, depois de alguns minutos uma ideia me passou rapidamente pela cabeça.
Eu não podia ficar ali tinha que fugir, eu precisava fugir .

Corri rapidamente para meu quarto separei alguns vestidos com itens pessoais e coloquei em uma bolsa de pano, peguei a foto da minha mãe e lágrimas ameaçaram cair então murmurei para ela :

- Tenho que fazer isso sinto muito, sinto tanta a sua falta. Eu te amo...

Fiquei sentada por alguns segundos observando sua foto seu cabelo ruivo, suas sardas, olhos castanhos. Eu havia herdado a sua aparência.

Beijei sua foto e a guardei.
Antes de sair do quarto dei uma boa olhada meu quarto o lugar onde havia tantas lembranças da minha infância, minha mãe, meu pai ...

Pensar nele fez eu me dar conta do que eu estava prestes a fazez ele iria ficar furioso quando chegasse e não me encontrasse.
Ergui a cabeça e pensei comigo mesma que ele não merece que eu me importe com ele porque ele não se importava nada comigo naquele momento eu estava cheia de ódio.
Andei por cada parte daquela casa memorizando mentalmente cada cômodo dela eu nunca mais ia voltar a vê-la, nunca mais ia voltar a vê-lo.

Fechei a porta atrás de mim e caminhei a passos largos. Hoje era sábado então minha ideia era ir até a vila que devia levar mais ou menos meia hora para chegar a pé talvez lá eu conseguisse vender alguns de meus pertences eu tinha um anel, três pares de brinco e um colar. Todas essas coisas tinham sido presentes da minha mãe e pensar em me desfazer delas fez meu coração pesar porém eram as únicas coisas que eu tinha de algum valor, eu não tinha nenhum dinheiro .
Se com sorte eu conseguisse vender poderia pagar a qualquer um que estivesse disposto a me levar o mais longe possível daquele lugar, hoje especialmente seria até mais fácil encontrar geralmente vinham várias pessoas de fora para as feiras aos sábados e mesmo não sendo muito seguro era melhor ir com alguém que eu não conhecia do que algum conhecido.
E se de alguma forma ele soubesse o que planejo não sei o que seria capaz de fazer comigo mas receio que não seja nada bom.
Quantas mudanças aconteceram do dia para a noite meu pai agora era o homem que eu mais temia como isso foi acontecer ?.

Eu nunca achei que realmente teria coragem de fugir não sabia o que fazer estava com medo e muito magoada. Eu não podia simplesmente ficar de braços cruzados para o que me esperava, me magoava profundamente que a pessoa que devia me proteger e me amar fosse o culpado por isso.
Eu jamais esperaria isso dele.
O que eu tinha feito para merecer esse destino ?. Eu já não havia sofrido o suficiente ?.
Eram perguntas sem respostas...

Uma lágrima solitária desceu nas minhas bochechas respirei fundo e andei o mais rápido que pude sem olhar para trás uma única vez .

O destino de Isabel Where stories live. Discover now