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Eu me esqueci totalmente da lua de sangue está noite, grande parte por ela não ter nenhum tipo de influência aos seres frios como eu e minha família. Porém, me esqueci que Zerek pode ter todas as suas emoções manipuladas, seus sentidos se afloram sob a luz da lua. Agora com seu olho alaranjado, as presas mais finas do que de um lycan, mas também muito maiores do que a de um vampiro. Suas garras começam a crescer e roçar na pele do meu pescoço, enquanto ele me analisa com a cabeça virada de lado. Minha respiração pesa, meu peito sobre e desce de maneira bruta, se meu coração batesse com a frequência humana, estaria tão acelerado quanto a minha respiração.

— Zerek… por favor, não faça nada que vá se arrepender depois. — murmuro sentindo arrepios por todo o meu corpo.

Seu corpo começa a aumentar de tamanho como da última vez em que ele perdeu o controle. Antes que eu possa pensar em algo sua mão está em volta do meu pescoço. Ao contrário do que eu esperava, seu toque é gentil enquanto seus dedos começam a se movimentar para meu ombro descoberto pelo vestido. Ele se curva em minha direção, os lábios entreabertos indo até meu pescoço.

— Por favor, não. — sussurro tentando manter a minha voz firme.

Ele para de repente e pula para trás.

— Áurea. — a voz de meu irmão chega aos meus ouvidos, o seu grito soou mais como um rugido.

Zerek olha para trás de mim, na direção em que Rayleigh vem em alta velocidade, assim que meu irmão se coloca na minha frente como um escudo Zerek me lança um olhar culpado e envergonhado. Ele corre em direção aos muros.

— Zerek, não vá. — berro desesperada tentando alcançar ele, antes que consiga passar para fora do nosso vilarejo.

Os braços firmes de Ray vão para minha cintura enquanto luto para me soltar.

— Ele vai voltar, Áurea dê um tempo para ele. — e assim vejo a grande fera mestiça pulando os muros.

🍷

Caminho de um lado para o outro na sala do trono, meu pai mandou guardas atrás de Zerek, afinal, ele ainda é um prisioneiro. O que me deixa ainda mais aflita, por sorte Ronan não deu a sua saída como uma fuga. Mas ainda temo por sua segurança longe dos nossos muros.

— Você está prestes a abrir um buraco no chão, querida. — a voz de meu pai me tira de meus pensamentos tortuosos.

— Eu só não sei o que fazer, me sinto inútil. — coloco as mãos no meu cabelo, se ao menos eu fosse resistente a luz do sol, poderia estar lá fora atrás de Zerek.

— Pare de se torturar. — Ray resmunga sem tirar os olhos do chão.

— Você diz isso como se não estivesse da mesma forma que eu. — acuso e ele encolhe os ombros. Sem dizer nenhuma palavra, ele se retira da sala mais rápido do que os meus olhos podem acompanhar.

— Você precisa manter a calma, Áurea. — adverte meu pai me olhando seriamente.

Me sentindo derrotada, encolho meus ombros aos seguir meu caminho para a biblioteca. Mas antes que eu chegue ao meu destino, ouço sons de rugidos e coisas quebrando no laboratório de Ray. Eu raramente estive lá dentro, ele gosta de manter seus estudos e descobertas para si, parece egoísmo de sua parte, mas Ray sempre me garantiu que há certas coisas de que ninguém deveria saber. Mesmo tendo consciência de seus avisos para me manter longe, abro a porta. Um suspiro me escapa, esse lugar é… incrível, claro, se Ray não estivesse destruindo ele agora. Prateleiras e mais prateleiras com livros e pergaminhos todos muito bem organizados, baús grandes com cadeados, mesas compridas dando espaço para vários instrumentos científicos. Há uma estante do chão até o teto com o que se parece ser poções. Uau, Ray leva muito a sério os seus estudos.

— O que você está fazendo aqui? Eu já não te disse para ficar longe daqui? — um grunhido escapa de seus lábios enquanto ele atravessa o grande cômodo até mim pisando entre os cacos de vidro que jogou.

— Fiquei preocupada quando ouvi barulho de coisas sendo quebradas. — Rayleigh suspira derrotado antes de trancar a porta atrás de mim, ele caminha até um sofá vermelho-escuro e bate no acento ao seu lado.

Caminho em sua direção me sentando junto dele, Ray praticamente se joga em meus braços, seu corpo grande e pesado acolhe o meu em um abraço apertado. Ficamos assim por um longo tempo, seu cheiro familiar sempre me acalmou, nosso pai diz que quando éramos bebês e ficávamos agitados ou irritados era só nos colocar juntos no mesmo berço, logo nós dois estávamos agarrados um ao outro e ficávamos mais calmos. Devo admitir, décadas foram se passando e sua presença ainda me acalma com a mesma precisão de sempre.

— Trança meu cabelo? — ouço seu murmuro assim que se afasta de mim, sorrio para ele concordando com a cabeça, Ray se senta no chão de costas para mim enquanto tranço seu longo cabelo escuro.

— Está tudo tão diferente da última vez que estive aqui. — comento e ele ri baixinho.

— Há quantos anos você não passa por aquela porta? — bem, faz muitos anos mesmo desde a última vez. — Sabe… tenho feito tantas descobertas, coisas que poderiam mudar a nossa maneira de viver.

Paro quase na metade da trança enquanto ouço o seu desabafo.

— Poderia me dar um exemplo? — Ray lentamente concorda com a cabeça, volto minha atenção para seu cabelo enquanto ele fala.

— Poderíamos sair na luz do sol, sem nos queimar ou virar um amontoado de cinzas. — travo meus movimentos assim que termino de prender sua trança e ele de falar.

— O que? — Ray suspira se levantando e indo até um de seus baús que está trancado, ele abre o cadeado com uma gota de seu sangue.

Me aproximo dele para ver dezenas de pequenos frascos com um líquido escuro. Olho atordoada para meu irmão ao meu lado enquanto ele toma em um único gole uma das doses, Ray vai em direção a janela e meu corpo se agita, ele me lança um último olhar antes de suas mãos abrirem parte da janela e a luz do sol banhar todo o seu corpo.

— Ray! — grito desesperada antes de notar que sua pele não queima e seu corpo não virou pó. Ray está ali, parado diante dos meus olhos enquanto sente os raios solares em sua pele fria. — Oh! Céus.

Blood (Sangue)Where stories live. Discover now