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Ainda atordoada pelo que meus olhos estão presenciando, me encosto na parede. Ray lentamente fecha a janela evitando meu olhar, ele caminha tranquilamente em minha direção parando diante de mim com a cabeça baixa; ele está se comportando como se o que fizesse fosse o maior dos crimes, mas não, isso é genial.

— Ray, você é um gênio — exalto passando meus braços em volta de sua cintura — Isso pode resolver todos os nossos problemas, reduz uma grande porcentagem de nossas fraquezas.

— Não seja tola, Áurea — confusa com o seu tom de voz, me afasto para olhar em seus olhos vermelhos — Não vê? Isso causaria guerras.

— Guerras? Isso é ridículo, Rayleigh — como isso causaria guerras? Não faz o menor sentido.

— Garota boba — Ray aperta meu nariz e se vira para algo dentro de um dos baús, parece ser um grande mapa — Vê isso, tudo isso é nosso, mas tudo ao redor, não. Já imaginou o que nossos inimigos fariam se descobrissem que não somos mais prejudicados pela luz do dia? Isso significaria que somos uma ameaça ainda maior para eles. Sem contar é claro, nossa própria raça não está preparada para algo dessa magnitude, somo ambiciosos, Áurea. Quais as desgraças você pensa que poderíamos fazer com tal poder?

Balanço a cabeça começando a entender as suas razões, Ray está certo. Isso não pode sair daqui, não estamos preparados para algo tão grande, seria uma mudança brusca demais. Depois de um tempo em silêncio, algo passa pela minha cabeça.

— Podemos procurar por Zerek — claro sem uma de nossas maiores fraquezas podemos sair para o outro lado dos muros em busca de Zerek.

— Não, não podemos — Ray nem sequer olha para mim enquanto começa a guardar tudo imediatamente — Essas doses duram pouco mais de 24 horas, não é seguro o suficiente.

— Podemos levar mais dois frascos cada um, só para garantir — ele parece relutante em fechar a tampa do baú e se vira para mim — Por favor?

— Se algo acontecer à você… — ele fecha os olhos com força.

— Não vai, você não deixará nada acontecer comigo, confio em você — Ray não diz nada, só vejo os seus movimentos rápidos por todo o laboratório, quando ele para em minha frente, está com uma pequena bolsa.

— Prometa que irá me escutar, não saia de perto de mim, não seja teimosa e… por favor fique segura — sorrio para ele concordando com seus termos — Vá trocar esse vestido por calças, não vai conseguir se mover com tanta facilidade e velocidade com essa coisa enorme em volta de você.

Corro em direção aos meus aposentos, sem paciência para desfazer os nós e laços do vestido, começo a rasga-lô com facilidade. Agora vestida com calças e blusa de couro, começo a prender meu cabelo em tranças para facilitar, quando estou pronta, saio para o corredor e encontro Ray andando de um lado para o outro, ele me olha da cabeça aos pés balançando a cabeça em concordância. Ele me entrega um grande capa preta igual a que está vestindo.

— Coloque isso, não deixe ninguém ver o seu rosto — Ray rapidamente abre um pequeno frasco e me faz beber cada gota — Não fale com ninguém, não olhe nos olhos. Nossos olhos denunciam nossa identidade, e não podemos correr o risco de alguém descobrir que vampiros estão sob a luz do sol.

Sem dizer nada, ele segura meu braço e começamos a correr pelo castelo evitando todos os corredores que contém guardas ou qualquer movimento. Chegamos ao seu laboratório e ele abre a janela, toda a luz do sol começa iluminar a nós dois, não consigo conter o grande sorriso, quero gargalhar por sentir essa sensação tão acolhedora.

— Então é assim… — sussurro olhando para os meus braços sob a luz do dia — É tão bom…

Ray levanta minha cabeça e da um pequeno beijo em minha testa.

— Vamos pular até lá em baixo, somente os humanos estão cuidando da segurança dos muros, então será fácil. Temos que pegar dois cavalos e nos misturar com a próxima equipe de patrulha que sairá.

— Por que precisamos de cavalos? Só irá nos atrasar.

— Você ouviu o que eu disse? Não podemos nos arriscar a ser descobertos, temos que agir como humanos, então… Não olhe nos olhos de ninguém, mantenha a cabeça abaixada e o rosto sempre coberto pela capa — bufo enquanto concordo com a cabeça.

Pulamos a janela com uma leve aterrissagem na terra, Ray nos guias em silêncio até o estábulo. Pelo caminho vejo crianças correndo pelas ruas, humanos caminham tranquilamente, eles sorriem uns para os outros, vivem uma vida normal e simples. Quem poderia imaginar que são fiéis à vampiros? Muitos até são voluntários para doar sangue. Em troca os mantemos em segurança e auxiliando as suas vidas. Infelizmente, ultimamente não estamos conseguindo manter o nível de vida deles, houve muitos ataques há meses atrás e isso afetou todos nós, direta e indiretamente.

"— Chegamos, seja cautelosa e… humana." — reviro os olhos por de baixo da capa. Ray monta em um cavalo negro enquanto me deixa o de pelos cinzas. São tão encantadores, me aproximo do meu e olho em seus olhos escuros. Ele abaixa a cabeça quase como um cumprimento respeitoso.

Todo o caminho para fora do dos muros foi tranquilo, nos misturamos com os soldados humanos que estavam saindo de patrulha. Em certo ponto do caminho pela floresta, Ray e eu nos separamos deles pelo lado oposto. Tudo está tão quieto, escuro e sombrio; até que sinto minhas costas queimando sob o olhar gélido de alguém.

— Ray… — murmuro chamando sua atenção, sem me olhar ele balança a cabeça lentamente.

— Já notei à 3 km atrás — sem aviso, ele puxa as rédeas do cavalo o fazendo parar, sem descer do meu olho em volta tentando focar em algo ou alguém. Mas nada parece estar fora de seu lugar, a não ser nós dois.

— Não parece ter nada de estranho — Ray me ignora e começa a caminhar em direção ao local mais escuro da floresta — Você é tão estupido a ponto de ir diretamente ao lugar que está gritando: afaste-se?

— Quieta — rosna sem me olhar, reviro os olhos e desço do cavalo, seguro as rédeas dos dois enquanto sigo Ray. Mas um pequeno rosnado me faz parar, Ray e eu nos entreolhamos — Droga, Rayleigh.

Blood (Sangue)Where stories live. Discover now