A incrível história de Lena Luthor

Abril

A conversa sobre a ex de Kara foi com certeza um ponto de virada no relacionamento delas. Lena passou a admirar ainda mais a veterinária. O seu bom humor, o seu bom coração. A sua aura e como ela sempre buscava ver o lado bom de qualquer situação. Kara só sentia o baque, quando não conseguia salvar um cão que cruzava o seu caminho.

E a convivência entre elas ficou mais leve também. Lena parou de passar tanto tempo pensando em um futuro que poderia nunca acontecer, em seu passado que pesou por anos e anos em sua trajetória. Agora ela se focava no que tinha com Kara. Com as aventuras que a veterinária fazia passar. Como que em qualquer simples conversa, a mulher era capaz de tirá-la da zona de conforto. Os momentos juntas passaram a ser únicos. E pela primeira vez em muito tempo, Lena estava mais concentrada em vivê-los, do que em registrá-los.

"Você tem certeza disso?" Kara olhava para o caiaque pendurado na parede da loja. Era sábado e a temperatura já começava a subir. Finalmente os ares da primavera apareciam. A veterinária acompanhou Lena até uma loja de esportes que ficava em São Francisco.

"Sim. Eu sempre quis fazer canoagem, mas nunca morei perto de um lugar para praticar." Lena respondeu com um sorriso enorme para Kara.

"Ok. Você sabe nadar né? Tipo, não dá pra depender só de colete salva-vidas." A veterinária olhou preocupada para a namorada.

"Claro que eu sei." Lena sorriu. "Relaxa darling, eu sei nadar muito bem. E vou praticar lá no lago mesmo. Você não disse que sempre nadou lá e nunca teve problemas?"

"Sim, mas eu nadei. Nunca entrei dentro de uns bichos desse aí." Apontou para o caiaque e fez uma careta. Kara jurava que o espaço era pequeno demais para um ser humano caber ali de forma confortável.

Antes que Lena pudesse dar uma resposta para a implicância da veterinária, um vendedor se aproximou das duas. E só depois de todas as dúvidas de Kara serem sanadas pelo homem é que Lena conseguiu fazer a sua compra. Com direito a dois coletes extras, para acalmar o coração aflito da veterinária.

As duas aproveitaram o passeio na cidade para uma visita até Alex e Sam. Pelo menos foi a justificativa de Kara, mas na verdade ela só queria era ver os sobrinhos e os cães da família. A parada delas não poderia ter acontecido em uma hora mais complicada.

Kara estacionou a sua caminhonete em frente a casa da irmã. O carro foi o escolhido da viagem pela única razão de ter espaço para levar o caiaque de volta. Assim que as duas desembarcaram na porta principal da casa de Alex e Sam bateu com força e a pequena Daisy saiu correndo em direção a estrada.

"KARA. Segura ela." Sam gritou, enquanto Alex corria atrás da filha.

A veterinária chegou primeiro e impediu que Daisy prosseguisse.

"Ele tá batendo no bichinho. Ele tá sim. Eu vi! Elas não acreditam em mim." Daisy gritava e apontava para a casa do vizinho.

"Daisy, eu não acredito que você fez isso." Alex ia puxar a filha pelo braço para chamar a atenção, quando Kara colocou a menina em seu colo pedindo calma para a irmã e a cunhada.

"O que está acontecendo? Deixa ela explicar Alex!" Kara foi firme.

"Esse monstro medonho horrendo que mora ali." Daisy apontou para a casa do vizinho novamente. "Ele tá batendo no cachorro. Eu vi ele chorando."

"Nem cachorro o vizinho tem." Alex rebateu.

"EU VI."

"Ok. Vamos fazer o seguinte, vai lá no quarto do seu irmão e pega um taco de beisebol pra tia. Eu vou falar com o vizinho." Kara colocou Daisy no chão e indicou o caminho de volta para casa.