Daisy

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" 'Cause I'm a fool for you and the things you do
I'm a fool for you and the things, the things you do"
fOoL fOr YoU, by ZAYN

— E qual é o próximo passo? 

Essas foram as palavras que Mary sussurrou à sua fiel escudeira, que também não tinha uma resposta certa para a pergunta. Sentada no meio-fio na rua de trás da loja, a garota tinha os cabelos presos num coque talvez não tão alinhado e as pernas cruzadas, trêmulas como nunca antes. 

Sabia que estava atrasada, mas não sabia como reagir: tudo bem, assumiram o que sentiam, trocaram flores e se beijavam. Passearam de mãos dadas, tomaram sorvete e falaram sobre coisas triviais antes dele a acompanhar até em casa, mesmo que em seu carro. Logo depois, Harry mal conseguia acreditar e teve de meditar assim que chegou em casa, contando a Felpudo tudo que havia acontecido antes de ligar para Gemma, o que resultou em alguns gritos no telefone e rolagens pela cama grande.

E Mary fez uma dança desengonçada quando chegou no apartamento, deitando-se logo após tomar banho e lembrando de tudo que havia acontecido naquela noite: fechar os olhos lhe fazia lembrar do beijo, mas deixá-los abertos lhe lembrava do buquê. Buquê esse que já fazia parte da decoração e do seu coração, era absurdo.

Poderia ter sido qualquer pessoa, literalmente qualquer uma.

Mas estava feliz por ser Harry, na verdade não poderia estar mais feliz.

Contudo, no dia seguinte o peso da realidade caiu sob os ombros dela: nem tanto de Harry, que passou na padaria onde costumava trabalhar e comprou o pão de banana favorito de Mary, mas ela não conseguia pensar racionalmente, ainda mais quando passou uma hora para sair de casa.

Seu coração batia freneticamente com a simples ideia de o encarar. E o que deveria fazer? O cumprimentar com um abraço? Aperto de mão? Um aceno de longe? Um beijo? Não queria parecer desengonçada. 

Fingir um desmaio e não ir trabalhar foi o que ela cogitou por bons minutos, mas se rendeu e saiu de casa sem coragem alguma e a presilha de girassol no cabelo. Mas foi só chegar na rua da Sunflower que começou a tremer e teve de recorrer a Candance, acordando-a com suas ligações nada repetitivas.

— Converse com ele, Mary. — murmurou a ruiva com a voz sonolenta. 

— Conversar o quê? Não tenho o que dizer, eu acho... nossa, isso é mais difícil do que eu imaginava.

— É difícil? Ou você está colocando empecilhos? 

— Ouch, também não precisa falar assim! É só que... eu não sei qual é o próximo passo, nunca cheguei nessa parte. — mordeu o lábio, envergonhada por sua inexperiência. — Estou perdida mesmo...

— Vá trabalhar, entre e deixe que ele fale primeiro. Seja você, amiga, quem sabe assim vocês se acertam de uma vez e apareçam namorando. — disse antes de bocejar. — Eu vou dormir por mais duas horas, confie no seu tato, Mary.

— Obrigada por conversar comigo, Candy. Conversamos depois, vou lhe manter informada. — se despediu da amiga.

Mas quando colocou o celular no bolso, passou a mão no rosto e deu tapas leves em sua bochecha, percebeu que precisava ser confiante e encarar aquilo. Sabia que algumas pessoas passavam pela rua e a encaravam confusas, mas aquilo era o menor dos seus problemas, o que a fez apenas se levantar e marchou para a loja. 

— Céus, estou muito atrasada! — gemeu de descontentamento assim que verificou o horário no celular. 

Respirou fundo duas vezes antes de entrar, quase como se estivesse fugindo de algo ou alguém — o que não era tão errado dizer —, mas seu plano foi em vão quando o pequeno sensor apitou e a voz de seu admirador não mais secreto conseguiu ser ouvida:

Sunflower [H.S] [PT/BR]Where stories live. Discover now