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Fiquei três dias na casa de Cassie, e teria ficado muito mais se Rohan não tivesse batido na noite do terceiro dia.

— Se esqueceu do baile? — pergunta ele, dispensando qualquer cumprimento.

Ao entrar na casa, sem ser convidado, seus olhos percorrem Cassie da cabeça até os pés. Ela, por sua vez, pergunta:

— Alguém te convidou para entrar aqui?

Rohan dá um sorriso preguiçoso, provocativo, e se joga no sofá.

— Fico contente que agora você não vai mais precisar aliviar suas dores de cabeça sozinha, prima — Rohan dá uma piscadela para mim.

Eu contenho a vontade de agredi-lo, mas Cassie não. Ela arremessa uma maçã nele, acertando em cheio seu rosto. Eu. Amo. Essa. Garota.

— Você e Nephelle em um ringue seria épico — fala ele, esfregando o rosto vermelho. — A questão é que eu sei que esse namorinho de vocês é mentira — Rohan se vira para mim e me encara. — Encontrei com Jesse ontem de tarde e ele me contou o que fez com você. Eu queria tanto ter participado...

Tudo acontece muito rápido. Rohan está caído no chão e eu estou em cima dele, dando diversos socos contra seu rosto escultural. Contudo, posso estar cheia de raiva, mas não tenho treinamento, não sei agredir direito e não sei me defender. Não consigo evitar quando Rohan inverte nossas posições e me prende de bruços contra o chão. Ele pega minha perna machucada e a dobra para trás, forçando seu tronco contra ela. Meu calcanhar encosta na minha bunda e eu grito desesperadamente. Meus músculos já retalhados estão se rompendo conforme Rohan empurra mais a minha perna, dói demais.

— Eu faço qualquer coisa que você pedir! — pensei que minha voz sairia num grito, mas ela está fraca. Eu estou fraca. E zonza e sem ar. Rohan é pesado demais para mim, a dor é forte demais para mim. Não aguento nada disso.

De repente, ele é puxado de cima de mim e logo escuto o som de espadas. Cassie deve estar lutando com ele, mas não consigo ter certeza de nada enquanto me arrasto para um canto e me encolho ali, rezando para todos os deuses para que aquela dor passe logo.

***

Acordo no meu quarto. Ele está inteiro depois do incêndio. Há um vestido pendurado em um cabide próximo ao guarda-roupa. O vestido é preto e brilhante. Até a cintura, é justo e decotado, e sua saia parece ser leve como um véu. Há uma fenda que vai quase do começo da saia até o chão. Se fosse vermelho, tia Mor já teria roubando-o.

Me levanto e, para a minha surpresa, minha perna não está doendo. Está com cheiro forte de creme de massagem, o mesmo que Cassie usou em mim durante aqueles dias. Era o creme que eu estava tentando fazer sozinha, e é maravilhoso. O cheiro forte de menta é o único defeito dele, arde os olhos, mas talvez isso afaste as pessoas de mim, então tem lá suas vantagens.

O sol entra através das cortinas, o que significa que já é de manhã, então... Eu perdi o baile com Rohan? Pela Mãe, isso me faz sorrir de orelha a orelha. Ele que me fez desmaiar, então a culpa disso não é minha e ele não pode reclamar.

Noto que alguém trocou minhas roupas por um pijama. Será que foi Cassie? Será que ela está aqui? Seria muito bom ter alguém em casa para mim.

A porta se abre lentamente e minha mãe espia.

— Pensei que você ainda estaria dormindo — sorri ela, vindo até mim e me dando um abraço de quebrar as costelas. — Fiquei tão preocupada com você, meu bem.

— Preocupada por que? — não soo rude, apenas curiosa.

— Acabei me esquecendo do seu remédio na noite do incêndio, e na manhã seguinte precisei levar Alis em um curandeiro e...

Noite Sombria e Perversa Where stories live. Discover now