Capitulo 1

6.5K 710 197
                                    


Anos depois

Hanniel

— O favorito dos Deuses. — A voz cumprimentou.

— O que ?

— Seu nome, este é o significado, Hanniel. Que ironia. — Ela riu sem humor.

— Como assim ?— Indaguei confuso.

— Você é o favorito dos Deuses. Atualmente, eu sou a mais odiada por eles.

— Não me sinto assim, o favorito. Não vejo sentido nisso se tudo o que acontece comigo é ruim.

— Eu te entendo criança. — A voz ronronou.

—Eu sempre sonho com você, mas nunca vejo seu rosto.

Não queira ver. Te daria pesadelos por muitos anos. — Ela alertou.

— Não é isso que você é ? Um pesadelo ? — Questionei.

— Acha que eu sou apenas isso ? — Os dedos humanos pálidos tamborilaram nas grades. — Deveria ser mais esperto.

— O que quer dizer ?

Está na hora de acordar, criança. — Foi a última coisa que escutei antes de ser acordado pelo despertador.

  Abri os olhos irritado por sempre acordar quando a conversa está interessante. Eu sonho com essa mesma figura a anos...Os sonhos não são todas as noites, eles são bem raros, mas costumam se repetir em minha cabeça. Eu sempre me lembro dos olhos azuis gelidos que vi quando tinha sete anos. Isso foi há dez anos.

  Eu sempre sentia uma presença ao meu redor, sabia quem estava me rondando, mas isso não me dava medo. Por mais estranho que isso pudesse soar, a sua presença me trazia conforto. Fora da cidade em que meu avô mora essa presença é bem mais fraca. Eu tive essa conversa com aquilo há muitos anos, foi uma das primeiras.

  Nunca contei a ninguém da minha família. Eles insistiram bastante para saber se eu tinha sonhado com algo durante aquela noite. Eu neguei, eles poderiam me chamar de louco ou poderiam tentar me fazer parar de sonhar. Eu não queria isso, afinal, eu sentia uma conexão estranha com aquela voz. Meu pai bateu já porta e falou que eu tinha que me arrumar para a escola.

  Eu não era muito sociável e nem tinha muitos amigos. Alguns me achavam estranho. Eu sempre sentava no fundo é ficava na minha, eu era tímido e só tinha uma amiga. A Brianna era a única que sabia sobre tudo o que acontecia na minha vida, até os sonhos.

Me arrumei e desci para tomar café. Meus pais já estavam prontos para irem trabalhar e estavam na mesa conversando. Como sempre, eles pareciam nem ter notado minha presença. Peguei um suco e torradas, olhei para o lado de fora, onde uma chuva forte atuava. Pude jurar que vi o reflexo daqueles olhos azuis me encarando pela janela. Balancei a cabeça, voltando a realidade. 

— Filho, não te vimos aí. — Minha mãe cometa.

Eu sei que não viram, pensei.

— Quer carona hoje ? Está chovendo bastante. — Meu pai ofereceu.

  Eu iria aceitar, mesmo que isso significasse que eu iria ficar de fones e olhando pela janela, enquanto os dois iriam conversar sobre qualquer coisa. Mas eu senti uma sensação ruim se apoderar de mim, como se afugentasse essa ideia.

My Dark Queen Where stories live. Discover now