Capitulo 4

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Hanniel

— O que você fez ? — Perguntei com o rosto no travesseiro.

  Eu acordei com os gritos do meu avô e são 03:00 da manhã. Isso está acontecendo a semana inteira. As vezes ela some a noite toda e aparece quando eu volto da escola. Meu avô nem está saindo do quarto.

— Nada que ele não merecesse. — Nix limpou o canto a boca e sorriu.

— Por que faz isso ? — Perguntei.

— Bom...É como eu me alimento. — Levantei a cabeça e a olhei confuso. — Estar presa nessa cidade tira muitos dos meus poderes e me condena a certas coisas...É outra forma de me punir.

— Mas você ficou trancada por décadas. Como se alimentava ?

— Não sou realmente obrigada a isso. — Ela deita de lado na cama e tira uma mecha do meu cabelo que estava em meu rosto. — Mas a fome incomoda, bastante. Posso me alimentar de medo, pesadelos e almas. Pesadelos e medo são meus favoritos.

— Você se alimenta de pesadelos...É tipo o bicho papão? — Divaguei, ela me olhou com incredulidade.

— Está brincando, certo ? Acho que ser acordado no meio de madrugada faz você perder toda a inteligência que tem dentro dessa cabecinha. Não acredito que me comparou com uma fábula infantil! — Ela falou, parecia ofendida. 

— Realmente, ser acordado de madrugada porque uma criatura noturna resolveu se vingar do vovô não é muito agradável. Não tem como deixar o som preso dentro quarto ? — Resmunguei e me virei, ficando de costas para ela.— Eu demoro muito tempo para conseguir dormir depois e acabo ficando com sono na escola.

— Você é uma criança muito reclamona. — Ela acusou. Eu bufei.

— E você é uma criatura muito mal educada. É feio acordar os outros. — Senti ela revirando os olhos.

 — Fecha os olhos e dorme. — Ela me puxou para seus braços e beijou meu cabelo. Ignorei a sensação reconfortante.

  Ela começou a cantar baixinho. Eu sentia minhas pálpebras pesando e bocejei. Eu dormia melhor quando sentia sua presença no quarto e ela sabia disso. Ter ela por perto me fazia sentir completo...Não sei explicar.

○○○

— Ela sumiu ?! — Brianna gritou. Afastei o celular da orelha.

— Aham. Ela não apareceu a semana inteira...Eu ainda sinto a presença ela, mas é bem fraca. — Suspirei.

— Nossa. O que será que ela está fazendo? — Brianna indagou.

— Não faço ideia. — Me levantei da cama e peguei um casaco. — Vou andar um pouco.

— Vai na floresta ? — Ponderei sobre a ideia, mas descartei.

— Não, eu vou no lago. Lá é menos sombrio...— Sai do quarto.

— Seu avô, como está? — Tranquei a porta e coloquei a chave no bolso do casaco.

— O velho não sai do quarto e nem fala com ninguém. Os empregados tem que deixar a comida na porta...Sabia que outro dia ele chamou um padre ? Foi a única pessoa que ele deixou entrar lá. — Contei. Eu ri muito no dia.

— O coitado pensa que ela é um demônio...Se bem que aquela beleza ali não é comum. Queria eu achar uma mulher dessa...

— Bri, tira o olho. — Avisei. Eu não gostei da forma que ela falou.

— Uii! O loirinho sente ciúmes. Depois fala que não está apaixonado. — Xinguei ela e a mesma riu. — Seu tio não apareceu mais ?

— Não. Outro dia ele me ligou e perguntou como eu estava. Mas eu estranhei o fato de que ele parecia querer arrancar alguma informação de mim...Mesmo assim; ele sempre foi o único que teve algum carinho por mim nessa família. — Será que ele sabia que a Nix estava solta ? Mas ele não tinha como saber. Nem estava na cidade.

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