Burned | ShowHeon

Capítulo 01

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Hyunwoo sentia-se ansioso demais. Havia passado toda a noite tentando controlar os próprios nervos e os da equipe na delegacia de polícia, que precisavam parecer profissionais e bons o suficiente para não serem engolidos pela possível arrogância de um investigador forense da cidade grande.

Surpreendeu-se, contudo, ao notar que Lee Jooheon, o homem com quem trabalharia naquela investigação, não tinha nada de prepotente.

Havia se apresentado de forma educada e profissional, como esperava, cumprimentado respeitosamente todos os parceiros de equipe e se dirigido até o local do crime com Hyunwoo tratando-o de forma além da cordial. Ainda que fosse um policial em uma cidade pequena, ainda era mais velho do que Jooheon, e o Lee parecia ter muita consciência disso na hora de se referir ao Son.

O lugar ainda estava com o mesmo cheiro forte de agentes químicos utilizados pelo criminoso. A água corrente havia lavado o sangue na pele, mas o culpado havia se policiado em cobrir os próprios rastros. Para trás deixou apenas aquela cruz com o dizer entalhado na madeira.

"Porque só há um mandamento com promessa"

O objeto foi levado para investigação, mas tudo parecia ter sido feito de forma correta demais. Não havia sangue além do da vítima, nenhum fio de cabelo, nenhuma marca de luta. Os braços e pernas estavam presos por uma corda igualmente sem rastros e com cheiro forte e o pescoço era o único lugar de onde partia o sangue.

— Foi feito depois que ele estava inconsciente — Jooheon concluiu — Não há nenhum sinal de resistência no corpo inteiro.

A autópsia ainda precisava ser concluída e, contrariando as expectativas de Hyunwoo, Jooheon mostrou-se mais uma vez absolutamente simpático.

— O hyung quer comer alguma coisa? — perguntou depois de terem voltado à delegacia — Eu pago, mas não conheço a cidade. Você tem algum lugar pra indicar?

Hyunwoo concordou, porque jamais recusava convites para refeições e os dois seguiram até uma pensão que havia próxima ao local.

A cidade de Mulbang-ul era pequena e o riacho determinava o seu começo e o seu fim. Era um lugar pacato em praticamente todos os momentos, mas quando algo acontecia, sempre amedrontava a população inteira.

Era notável até mesmo nos clientes da pensão, aproveitando a boa comida, mas ainda murmurando, principalmente ao ver dois policiais entrando no ambiente. Os sinos na porta soaram e a mulher baixinha, dona do estabelecimento, os atendeu com simpatia, embora sua curiosidade fosse grande também.

— Os senhores já sabem quem fez essa barbaridade? — a mulher perguntou, segurando a barra do avental — Era um menino tão tranquilo, pobrezinho. E o mataram como a um bezerro — ela se referiu a vítima, soltando um muxoxo em seguida enquanto negava com a cabeça.

— Ainda não sabemos, noona — Jooheon respondeu — Mas vamos descobrir logo.

Hyunwoo concordou, fazendo o pedido de forma educada e foram servidos pouco tempo depois.

— O hyung sempre morou aqui? — Jooheon perguntou quando começaram a comer.

O clima de morte sob o qual estiveram minutos antes se dissipando com rapidez enquanto observava o rosto deliciado do mais novo.

— Quase — respondeu, comendo também; aliás, estava com muita fome — É minha cidade natal.

— E voltou para ser policial aqui?

— Isso — concordou também com a cabeça — Achei que seria bom voltar às raízes.

O sorriso foi pequeno e a frase saiu sem que ele ao menos notasse. Jooheon concordou com um aceno e continuou a comer.

— Sorte a sua poder fazer isso — Sorriu de volta, mudando de assunto em seguida — Devemos investigar os lugares aos arredores. Qualquer pista vai ajudar muito agora.

— Eu sei — Hyunwoo concordou, buscando pela bebida sobre a mesa — Então é melhor começarmos o quanto antes, não é?

Jooheon deu um sorriso grande. Parecia animado, não pelas consequências dos atos, mas porque gostava do trabalho e de solucionar todos aqueles casos. Era um apaixonado, concluiu. Por isso sentia-se tão grato por estar ali naquele fim de mundo.

E Hyunwoo gostava de pessoas apaixonadas.

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