Capítulo 02

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As investigações continuaram e o resultado da autópsia entregue muito cedo, pela manhã, confirmou as suspeitas de Jooheon. Não havia sinal de luta e a vítima apresentou evidências claras de envenenamento. O corte na garganta provavelmente havia sido feito quando o rapaz já estava inconsciente, portanto não havia como resistir.

— Ele foi cuidadoso — o Lee concluiu enquanto analisavam o caso — Envenenou a vítima, levou até o local do crime e então executou todo o resto. — Coçou a bochecha na altura de uma de suas covinhas — Ele terminou o serviço como se matasse uma ovelha. Esse garoto não tinha família?

— Só a avó — Hyunwoo respondeu, suspirando — Mas ela vive em um asilo fora da cidade e sofre de alzheimer. Ele morava aqui sozinho.

Jooheon soltou um muxoxo, contrariado e pegou os próprios pertences sobre a mesa, deixando para trás o americano gelado que havia pedido. Estava cansado de continuar teorizando sem sair e procurar mais pistas e, como um sinal, o celular de Hyunwoo começou a tocar.

— Atacaram de novo — o mais velho disse.

E sem esperar mais nenhum segundo, os dois partiram da delegacia.

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A equipe policial estava ao redor da floricultura, enquanto a dona do local conversava com um dos agentes, aos prantos. Ainda era manhã e ao entrar no estabelecimento, deu de cara com a cena mais aterrorizante que já havia presenciado.

— Ele estava no meio das tulipas brancas — a mulher disse, cobrindo o rosto com as mãos feridas pelos calos dos espinhos de rosas — Preso pelos braços e pernas. Eu não consigo entrar... O cheiro está muito forte.

E era verdade. Podiam sentir o odor de sangue e cloro irritando as narinas e Jooheon se adiantou para dentro do local, seguido por Hyunwoo. O corpo ainda estava lá, esfriando e deixando o local agradável com a aparência fúnebre. O Lee aproximou-se, sem nem mesmo hesitar e, já com as luvas, foi diretamente ao pescoço checar a área.

O corte estava lá, assim como a cruz de madeira descansava sobre o peito, seguro pelas mãos geladas.

"Tu és bondoso e perdoador", dizia a mensagem entalhada.

— Eu vou olhar se tem algo mais lá dentro — Jooheon avisou, afastando-se do corpo, seguindo até a porta que dava acesso ao caixa e sumindo pela parte de trás da loja.

Hyunwoo continuou ali, observando o rapaz. O rosto pacífico e o corpo manchado, mas ainda sem nenhum sinal de agressões além daquele corte. Mais um suspiro lhe escapou enquanto percebia a vida fluindo para fora daquele corpo tão jovem.

Ouviu a porta de trás se abrir e voltou-se naquela direção, esperando que fosse Jooheon. No entanto, quem ele viu foi um homem mais forte e pouco mais alto do que seu parceiro encarando-o com receio. Ele mordeu os lábios grossos e juntou as mãos diante do corpo, parecendo até mesmo inocente, ainda que aquilo não combinasse com sua proporção corporal.

Ele se aproximou devagar, como se tivesse medo e parou ao lado de Hyunwoo. A luz da manhã entrava pelas janelas dianteiras e os olhos marejados do homem brilharam.

— Ele parece estar dormindo — Sussurrou.

Hyunwoo concordou, observando-o. Sentiu-se tocado pela tristeza genuína naqueles olhos.

— Ele está descansando agora — disse baixinho de volta, na tentativa de consolá-lo — Não está sofrendo.

O homem assentiu, permitindo que uma lágrima escorresse. Secou-a com rapidez e então olhou para o policial, dando um sorriso triste.

— Me desculpe por estar aqui chorando — pediu — Estou atrapalhando, não estou?

Hyunwoo negou com a cabeça enquanto o via se afastar e passar as costas das mãos pelo rosto mais uma vez, parando perto da porta de entrada.

— Não está... Mas creio que esse ambiente não seja correto para você — concluiu.

— É o que sempre me dizem — respondeu fraquinho — "Esse não é lugar para você, Hoseok".

Mas aquele homem nem devia estar ali. Se esteve dentro da loja durante todo aquele tempo, deveria estar do lado de fora, depondo como a dona do estabelecimento que ainda chorava.

Ele virou-se para si mais uma vez e sorriu de maneira doce.

— Ao menos ele foi piedoso, não é? O assassino.

Hyunwoo continuou parado observando as bochechas rosadas de Hoseok e os lábios sendo fortemente mordidos.

— Ele foi? — indagou, precisando daquela confirmação.

— Ele o fez dormir antes de... Sacrificá-lo — concluiu — Para que ele não sentisse a dor. Foi gentil, apesar de tudo.

Hyunwoo abriu a boca para dar continuidade àquela conversa, mas não pôde, porque a porta de trás se abriu mais uma vez e Jooheon passou por ela como um furacão.

— Não encontrei nada e nem ninguém — o mais novo respondeu — É um lugar bastante vazio.

Hyunwoo piscou, atônito e então virou-se novamente para o homem que o acompanhava, mas ele já não estava lá. A porta de entrada permanecia aberta, mas não havia sinal da saída de Hoseok.

— Ninguém? — Hyunwoo indagou, procurando na expressão de Jooheon algum sinal de que estava mentindo.

Ele suspirou, em frustração e então negou mais uma vez, aproximando-se enquanto o mais velho procurava pela forma de Hoseok entre as pessoas do lado de fora da loja.

Mas ele havia apenas ido embora carregando consigo uma certeza sobre um resultado ainda não divulgado sobre a investigação.

Um resultado que apenas ele e Jooheon sabiam.

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Burned | ShowHeonWhere stories live. Discover now