Capítulo 06

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Jooheon já estava no local quando Hyunwoo chegou.

O padre estava sentado dentro da igreja e outro oficial da equipe pegava seu depoimento enquanto os investigadores olhavam o local do novo assassinato. Dois rapazes jovens, mesma faixa etária das últimas vítimas, mesmo método de assassinato. Braços e pernas presos por cordas, as cruzes descansando sobre o peito, complementando um mesmo versículo.

"Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo...", dizia uma delas, seguida pela outra. "Para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça".

O líder religioso conhecia os dois garotos e suas famílias e não foi difícil contatá-los para irem fazer o reconhecimento dos corpos. Enquanto todo o susto e desespero se passava, souberam que os amigos haviam saído para uma boate fora da cidade na noite anterior e os pais haviam estranhado que ainda não estivessem em casa antes do amanhecer. O medo os acompanhou, mas perceber que eles haviam sido pegos pelo assassino havia sido aterrador.

Os depoimentos foram colhidos durante toda aquela tarde, incluindo o do padre, que preferiu falar sobre o ocorrido de modo mais detalhado ainda na paróquia. O rosário nas mãos estava firmemente preso enquanto ele parecia fazer preces nos intervalos de cada pergunta.

— Não ouviu nenhum barulho durante a noite? — Jooheon questionou enquanto Hyunwoo anotava cada resposta em um bloco.

— Nada que me fizesse sair da cama — o homem respondeu — Talvez o som de uma lata caindo por volta das três da manhã. Mas escuto isso quase todas as noites, são os gatos de rua.

Um suspiro escapou dos lábios do Lee, notando que o homem provavelmente dizia a verdade, diante da leitura corporal. A anotação no bloco amarelado marcando o horário da madrugada para novos interrogatórios.

— Tem algo que o senhor reconheceu na cena do crime? Algo que possa nos ajudar na investigação?

O padre pareceu pensar um pouco, ainda apertando o rosário antes de responder.

— As cruzes — disse baixinho — São de ipê... Escuros. Esse material não é fabricado aqui, então a menos que tenham ido àquela loja maldita, o que eu duvido...

— Qual loja? — Hyunwoo questionou, seriamente.

— Aquela, próxima à casa dos incendiados — respondeu, desviando o olhar, claramente desconfortável — Ninguém frequenta aquele lugar. Está caindo aos pedaços. Certamente encomendaram de fora, e isso apenas comprova o que eu disse sobre os forasteiros...

— Obrigado — Jooheon o interrompeu — Sua ajuda foi de grande importância.

O padre, um tanto irritado por ter sido cortado duas vezes, assentiu na tentativa de deixar que aqueles homens fossem embora de uma vez. Se não lhe dariam ouvidos, era bom que o deixassem em seu lugar sagrado para se livrar de todo o sangue que se acumulava no mausoléu.

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Jooheon estava novamente silencioso e Hyunwoo, que dirigia a viatura, o encarou de soslaio, tentando tirar alguma palavra do mais novo.

— Tem estado cada vez mais calado — disse, esperando mais do que o suspiro que já vinha conhecendo tão bem.

— Estou mais pensativo, eu acho — devolveu, mordendo a pontinha dos dedos — Faixa etária entre vinte e vinte e cinco anos. Mortos como um antigo sacrifício animal bíblico, mensagens religiosas em cruzes difíceis de encontrar na cidade. E além disso...

— Além disso... — Hyunwoo, que assentia para cada ponto dito pelo outro, induziu que ele continuasse.

— Cada vez que chegamos perto de ter qualquer pista, chegamos mais perto da casa dos incendiados.

O mais velho tirou os olhos da estrada para encarar o outro por um curto período, antes de voltar a prestar atenção no caminho.

— Você ficou realmente pensativo sobre esse caso, não foi? — perguntou e Jooheon não pôde fazer nada senão confirmar.

— Eu... Me pergunto o que aconteceu de verdade com aquelas crianças — as mãos seguraram o cinto de segurança enquanto ele ainda olhava para fora da janela — Será que alguma conseguiu escapar?

— É difícil dizer — foi a vez de Hyunwoo suspirar — Mas agora... Já faz muito tempo.

— Eu... — Jooheon puxou o ar com muita força e desistiu de falar mais uma vez, mudando o rumo de sua fala — Eu estou perdendo o foco. Sinto muito.

— São muitas coisas de uma vez — Hyunwoo tentou tranquilizá-lo e foi sua vez de estender uma das mãos e apertar a perna alheia — Não se preocupe. Ao menos agora temos uma pista de verdade.

O Lee concordou, sorrindo levemente. Esperava que ele tivesse razão.

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Burned | ShowHeonOn viuen les histories. Descobreix ara