Burned | ShowHeon

Capítulo 10

Aviso: As partes em itálico são flahsbacks

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O corpo estava dolorido e o lugar onde estavam não era confortável.

Não havia um dia desde sua mudança da pequena cidade em que ele não apanhava sob as lágrimas do pai. Estava sendo castigado mesmo depois de semanas porque ele havia levado a única chance que tinham de sacrificar o que tinham de melhor.

Afinal, depois da própria busca pela área, não havia encontrado as crianças e sabia que a polícia no meio disso apenas traria problemas. Eles não compreendiam a vontade divina.

— Nunca devia ter te levado para dentro da minha casa — o homem dizia — Nem você e nem os ingratos dos seus irmãos. Deus me castigou por minha teimosia. Me levou os únicos que eram fruto da minha semente.

O garoto sabia que as ideias do pai mudariam em breve. Agora, em toda sua raiva, não queria matá-lo por achar que desagradaria o criador e que seu sacrifício seria visto como vingança. Uma oferenda podre daquilo que restou e que era o pior a oferecer.

Embora o ferisse ser visto daquela maneira, sabia que era o único que poderia ser oferecido e não podia esperar que essa hora chegasse. Por isso, ele precisava agir novamente, mas de modo que não houvesse como escapar. A culpa o corroía enquanto a mente trabalhava, pensando se era o inferno aquilo que o esperava, mas a condenação era justa.

Precisava dar um fim a eles antes que o fizessem consigo.

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Jooheon estava sozinho.

Levava consigo uma arma, uma lanterna, o celular e um pouco de coragem enquanto seguia até a residência dos incendiados. A aparência era ainda pior e mais macabra durante a noite. O matagal tomava boa parte do lugar e a porta da frente precisou ser forçada para ser aberta, mas por sorte, nada havia desmoronado sobre sua cabeça.

Ele seguiu para dentro, olhando ao redor, mas tudo estava muito escuro. Mesmo a lanterna não era capaz de iluminar muitos metros a frente e a quantidade de poeira e teias de aranha faziam daquela casa um lugar totalmente mal assombrado.

Ele procurou pelos objetos deixados para trás, que não haviam sido completamente carbonizados, mas só conseguia achar diversas cruzes e fotos nas paredes.

Uma delas, com as bordas queimadas e muito amarelada no centro, mostrava a imagem dos pais e das seis crianças. Jooheon perguntou-se porque haviam deixado ali uma foto de família e porque não havia relato dela no dossiê na delegacia.

Tentou buscar naquela imagem alguma lembrança, mas seus olhos sequer conseguiam visualizar claramente as feições daqueles rostos. Um suspiro deixou seus lábios enquanto ele se afastava e continuava a seguir pela casa.

O cheiro era muito forte e ruim, as infiltrações eram evidentes nas paredes ainda erguidas e a madeira velha rangia sob seus pés. O mofo deixava o odor de cada cômodo desagradável e ele seguiu até a cozinha com cuidado. Viu um gato pulando a janela para o lado de fora e tirou sua atenção dali no momento seguinte, procurando por algo ao redor do cômodo, mas foi apenas quando desceu a luz da lanterna que percebeu.

Havia um rastro de sangue.

Sentiu a pulsação acelerar e caminhou, seguindo a direção do rastro, segurando a arma com a mão direita. Ao chegar no canto do cômodo, ao lado da geladeira, viu um saco preto grande. Ao espiar lá dentro percebeu do que se tratava.

O corpo de um rapaz jovem, na faixa dos vinte anos, ainda quente pela morte recente. As mãos tremeram e ele se ergueu no lugar, sacando o celular do bolso e saindo do cômodo em direção ao corredor.

Precisava ligar para Hyunwoo e para a delegacia. Precisava de mais homens para que pudessem averiguar aquele novo caso. Não havia cheiro algum de produtos químicos, então talvez houvesse tempo para, finalmente, descobrirem quem estava por trás dos assassinatos.

Foi instintivo que ligasse para o Son primeiro, ansioso em lhe dar a notícia, mas algo o surpreendeu. Enquanto esperava Hyunwoo atender a chamada, ele ouviu o barulho do aparelho celular tocando.

E o som vinha de dentro da casa.

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