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Nikolai:

Meia noite todos se abraçaram, até mesmo quem não gostava de nós, vai entender o Natal.

-Tenho um presente pra você! - falei o puxando mais pra perto da cozinha.

Entreguei o pacotinho, Cadu abriu com cuidado.

-Que lindo Niko.

-É pra você pôr a foto da nossa família e nos carregar com você aonde quer que vá.

-Eu amei Niko, eu também tenho algo pra você, na verdade é pra nós dois, eu te comprei um livro também, mas eu quero que este seja o principal dos presentes. -Ele abriu a caixinha com duas alianças e não era a que eu vi em meu dedo na loja. -Eu troquei, não ia te dar uma coisa que você viu, eu só queria saber o número do seu dedo. - Cadu estava corado. - Eu quero que seja pra sempre Nikolai, quero construir uma família com você, você aceita?

Olhei pras alianças de tamanhos diferentes, de cores diferentes, mas ao mesmo tempo iguais, somos nós. Voltei meu olhar pra ele e o beijei.

-Aceito! - Sussurrei entre o beijo. - Te amo!

-Eu te amo mais!

Nos abraçamos e depois trocamos as alianças.

-Por que as cores?

-Você carrega a de ouro porque lembra minha cor, já que disse que sou laranja e eu a de ouro branco.

-Que lembra o branquelo aqui?!

-Isso!

Ficamos rindo, e no fim foi uma noite divertida. No dia seguinte fizeram churrasco e enquanto comíamos na longa mesa no quintal, os primos começaram a guerra.

-Que isso aí na sua mão? - Perguntou sua tia.

-Um anel!? - Disse Cadu de boca cheia.

-Está noivo e não nos fala nada?

-Pra que, vocês nem iam me parabenizar, no mínimo ficariam tirando sarro.

Sarro mais uma palavra pro meu dicionário pra descobrir o que é.

-Quem vai ser a noiva? - Perguntou Jarel.

-Sabi para alguém que tem poblemax com gay, voxê é muito enterece no axunto. - Comentei.

-Não sou viado! - Grunhiu ele.

-Então por que o interesse primo?

-Vocês me dão nojo, são duas bixa enrustidas, se achando "os homens" porque estão estudando medicina.

-Uau quanta inveja em uma só frase, não sabia que eu te causava isso primo.

-Vai se fuder Cadu.

-Vou te dar um conselho primo, se quer chegar aonde estou é simples...

-Você dá o cu!

-Eu estudo e luto pelo que quero, seu imbecil. - Disse Cadu se irritando e eu segurei seu pulso.

-Cadu?!

-É melhor ficar calminho ou a outra bixona pode...

-Quer sabeR?! - Me levantei e enlacei meus dedos aos de Cadu. - Voxês náo merecem o Cadu, sáo um bando de inveja. - Comecei a falar inglês com Cadu. - Eu posso não ter família Cadu, mas isso aqui não é uma pra você, eu quero que te tratem bem e com dignidade como você falou meu amor.

-Eu sei! - disse ele com o queixo tremendo, lhe passei a mão na bochecha.

-Vem, vamos embora daqui, vamos pra um hotel e amanhã pegamos um voo de volta. - Fui até minha sogra e beijei sua cabeça. - Me perdoa por isso Mama, mas acho que nossa parte já se desmanchou.

-Concordo! - Disse ela limpando a boca e se levantando.

-Onde vai filha? - Perguntou o pai dela.

-Niko tem razão, vocês não merecem meu filho, nunca o apoiaram nem nunca deram nada, espero que algum desses cuzões que se dizem seus filhos cuidem de vocês, porque eu cansei, cansei de ver o senhor meu pai defendendo qualquer outro neto e não o Cadu que sempre esteve na sua volta, já chega.

Ela levantou e foi nos levando pra dentro da casa.

-Mãe...

-Vá fazer suas malas filho, vou fazer a minha, já chega dessa vida de merda onde faço tudo por eles e não tenho valor algum.

Ela entrou em um quarto e Cadu me puxou pro que estávamos. Foi rápido e fácil fazer as malas, tínhamos levado tão pouco, pelo que entendi minha sogra tinha vendido a casa dela e doou as coisas do Cadu.

-Vamos pra Floripa, passar a virada de ano com sua tia Flávia. - Disse minha sogra quando entramos em sua camionete.

-Mas o meu pai...

-Ele não está lá, pelo que entendi vai ficar na casa da atual dele.

-Que bom, não quero ver ele.

Peguei a mão de Cadu e a beijei. Minha sogra tinha pegado todas as tortinhas que fizemos pela manhã, não deixou uma se quer, pegou um cooler e carregou de comida e bebida.

-Vou pra Londres com vocês! - Anunciou ela.

-Jura?! - Falou Cadu.

-Vocês precisam de uma mãe e eu de meus filhos.

-Poderia vender tortinhas! - Falei a fazendo rir.

-Não me despedi de Anelise. - Comentou Cadu.

-Se quiser dou volta?!

-Eu quero, não sei quando vou vê-la de novo.

Demos volta e Cadu se despediu, nós também. Que lugares mais lindos nós passamos. Eu e Cadu revezamos a direção com ela, Florianópolis é um lugar lindo, tem mar, praias, lagoas, ilha, é acolhedor, há pessoas de todas as cores e gêneros, muita gente tatuada, cabelo colorido, pessoas fazendo caminhadas e corridas na beira de um lago. Há pistas de skate, praças, crianças brincando.

-Eu quero morar aqui Cadu! - Falei observando tudo. -Olha, são duas mulheres de mãos dadas.

-Aqui as pessoas são de outro nível Niko! - Disse minha sogra. - Respeitam as diversidades.

-Isso é maravilhoso!

Conhecemos a animada Tia Flávia.

-Bem-vindos, vejam só como você cresceu Caduzinho e esse é seu noivo, como você é lindo! - Disse ela soltando Cadu e apertando meu rosto em suas mãos, beijou minhas bochechas e esmagou minha sogra a levantando do chão. -Cunhadinha...

-Flá você sabe que não sou mais sua cunhada....

-Aí não briga comigo, é força do hábito, poderia vir trabalhar comigo o que acha, já que finalmente se libertou daquela família.

-Adoraria Flá, mas decidi ir com meus filhos pra Londres.

-E vai trabalhar com o que, você precisa ter visto lembra?

-Vou dar um jeito, posso vender tortinhas!

-Sério miga, fica comigo está temporada, depois você vai, junta uma grana.

-Ok, vou pensar!

-Eu acho uma boa mama, assim nós vemos um local pra alugar e você não gasta com hotel. - disse Cadu.

-Está bem, me convenceram, mas vou ficar na sua casa até eu ir!

-Miga não precisa nem falar isso, mi casa és tu casa!

Quando seus olhos me encontramOnde histórias criam vida. Descubra agora