55

53 14 0
                                    

Nikolai

Depois de uma semana nos organizando, conseguimos ir pro primeiro dia na universidade, estou com um pouco de dificuldade com algumas palavras, mas Cadu me ajuda a estudar. Fomos ver o primeiro ultrassom da nossa princesa. Saímos chorando de lá com as imagens. Estudamos e ajudamos na pousada da tia Flávia, já que ela nos "proibiu" de sair de lá até a gente se formar, mas as vezes me sinto um intruso e queria muito ter um lar pra nossa filha.

Dois meses depois...

Eu estava terminando de guardar minhas coisas depois de estudar na mesa da cozinha quando tia Flávia entra animada.

-Quer dar uma volta, quero ir ao shopping.

-Claro! - Falei. - Já vou aproveitar pra comprar uns marca texto e caneta.

Cadu estava atendendo a recepção, lhe dei um beijo ao passar. Tia Flávia foi dirigindo animada.

-Está feliz! - Comentei.

-Não conte a ninguém, mas conheci alguém.

-Ah é, e esse alguém está fazendo seu coração bater mais forte.

-Na verdade eu já o conhecia da época da escola, eu era louca por ele Niko, mas daí ele foi pra fora do país, casou, teve uma filha e eu também me casei.

-Não quis ter filhos?

-Não deu tempo, Caíque era um aventureiro nato, me levou pra altas aventuras, até uma delas dar em um acidente que... Quase perdi minha vida também.

-Sinto muito!

-Estou te contando uma história triste, nem era pra estar te enchendo o saco com isso...

-Não, eu gostaria de ouvir, se não for muito doloroso pra você.

-Não, eu lembro dele com carinho, vou te contar então.

-Estou ouvindo! - Brinquei.

-Caíque me levou pra fazer rapel, estávamos em um grupo de seis pessoas, foi por uma bobagem... Ele escorregou enquanto ria de um colega que estava com dor de barriga, a corda o segurou, mas ele bateu a cabeça e mesmo com o capacete não adiantou nada, acho que realmente era a hora dele.

-Morte cerebral?

-Sim, achomos que ele estava brincando conosco porque ele roncava, depois de alguns minutos vimos que não era brincadeira, começamos a descer o levando pra baixo com todo cuidado, liguei pra emergência pedindo um helicóptero, mas não adiantou nada, a família dele ficou contra mim quando assinei os papéis para doar seus órgãos.

-E por que não queriam doar?

-As pessoas não compreendem a morte, eles acreditam que enquanto o coração está betendo a pessoa está viva, eles me chamam de assassina.

-Mas... Tem razão... As pessoas tem... Não sei o que elas tem, não as compreendo também.

-Acho que é por isso que Cadu tá fazendo psiquiatria, deve ser mais fácil entender os loucos do que os que se dizem certos! - Disse ela rindo.

Depois de andar meio shopping atrás de um vestido pra ela, fomos comer. Tia Flávia seguiu me contando sobre a vida dela.

-Então uns meses depois da morte dele a seguradora me procurou, Caíque tinha feito um seguro de vida pra ele e pra mim, eu não sabia daquilo, mas quando a família dele descobriu tive que fugir pra Florianópolis, porque além de assassina virei ladra, o meu seguro de vida vai pro Cadu caso algo me aconteça, mas vamos falar de outra coisa, já chega de falar de mim.

-Está bem.

-Podíamos ver alguma coisa pra Amira...

-Tia ela já tem mais do que o suficiente, vamos esperar ela ir crescendo pra ver o que precisa.

-Mas Niko as roupinhas são tão fofas e...

-Oi Flávia! - Disse uma mulher vindo a cumprimentar, notei seu desconforto em cumprimentá-la.

-Oi Gio!

-Adivinha, seu irmão me pediu em casamento! - Disse ela estendendo a mão mostrando um anel com um diamante enorme.

-Humm parabéns, que sejam felizes!

-Aí olha ele ali, amor, vem cá, olha quem eu achei! - Abanou ela para o pai de Cadu.

Flávia me olhou e eu pisquei pra ela.

-E você quem é? - Perguntou a tal Gio.

-Nikolai -Falei apertando a mão dela. - Marido dji Cadu.

Flávia sorriu orgulhosa de mim, seu irmão pelo visto não me reconheceu, cumprimentou Flávia com um beijo no rosto e deu "oi" pra mim, Gio o olhou.

-Hamm já temos que ir não é amor...

-Não estava com fome Gio?!

-Não, eu lembrei que tenho uma coisa...

-Não se preocupe Gio eu e meu sobrinho já estávamos de saída, temos que comprar umas roupinhas que faltam pra minha sobrinha neta, vamos Niko?

-Vamox sim, foe um plazer conecê-la Gio.

-Que eu saiba, você não tem mais irmãos além de mim pra ter sobrinhos, Gio ainda não me deu filhos.

-As vezes tenho tanta pena de você maninho, não sabe o que está perdendo!

-Eu não tenho nada a perder, a não ser você gastando dinheiro com um bastardo e... Como dois putos conseguiriam ter um bebê, isso é crime, vou denunciar.

Gio cobriu a boca começando a chorar, eu segurei tia Flávia antes que ela partice pra cima dele.

-Não de a ele esse gostinho tia!-Falei em inglês.

-Acha que não sei falar sua língua, puto, não passa de um puto.

-Obrigado pelo elogio sogro, desejo que seja muito feliz como eu e seu filho somos, e se um dia quiser conhecer sua neta...

-Não tenho filho, não tenho neta, te quero longe da minha irmã e...

-Vamos Niko.

-Toma! - Disse Gio entregando a aliança a ele.

-O que pensa que está fazendo? - Saltou ele.

-Me livrando de um futuro opressor, me livrando de um encosto.

-Não pode me deixar, já gastei...

-Enfie seu dinheiro no cú. - Disse ela se virando pra nós. - Pode me dar uma carona Flávia?

-Claro.

-Vocês não podem fazer isso comigo!

-Posso sim, ainda sou livre.

-Mas e a casa nova e...?

-Enfia tudo no seu cu.

-Posso pelo menos ter direito a uma explicação?

-Claro, imagina se eu chegar a ter filhos com você.

-E daí?

-Quero que meus filhos tenham um pai que não saia do lado deles por suas escolhas, e você não é esse cara, ou você pega uma velha de mente fechada ou nunca mais vai ter uma esposa.

-Está enganada, com dinheiro consiga dez de você!

-Uau, meus parabéns pela compra de suas mulheres, mas eu... Não estou a venda.

Ela lhe deu as costas enfiando o braço no de Flávia.

-Íamos comprar umas roupinhas de bebê, quer ir conosco?

-Claro!

Quando seus olhos me encontramOnde histórias criam vida. Descubra agora