a arte de amar harry styles // larry

dezesseis - parte 2

Louis: O seu olhar ao me ver pedindo-o para ir embora não sai da minha mente, como uma constante e torturante ideia de que eu feri, física e emocionalmente, a pessoa que mais amo neste mundo. Eu sinto muito, Harry, mas percebi em segundos que não poderia deixá-lo continuar a viver a tristeza que me cerca, e nunca, jamais, poderia estragar sua vida sendo seu dependente. Fere meu amor próprio, aliás. Precisei mentir para o meu pai, fazê-lo acreditar que eu cometi um erro e ele estava certo. Creio que será melhor para nós por enquanto. Faltam pouco mais de dois meses para que eu finalmente receba a aprovação da minha faculdade, e prometo que até lá eu vou lutar para conquistar a minha independência e, no dia em que sair de casa, deixar completamente o monstro que achei ser meu pai para trás. Espero que até lá você ainda me ame e não tenha arrumado outra namorada francesa, ou brasileira ou mesmo inglesa. Haha. De qualquer forma, terei conquistado minha liberdade e estarei livre para ser quem sou. Espero te ter na nova etapa da minha vida. Faltam 84 dias a partir de hoje.

Louis: Eu te amo. Mesmo se não for amado de volta daqui a um tempo, ainda te amarei. Sinceramente seu, Louis.

Harry soluçava ao ler a mensagem, enquanto se afundava cada vez mais no confortável assento de seu avião particular. Ele tinha seu nariz enfaixado, rosto ensopado e Liam Payne ao seu lado, o qual havia sugerido a viagem de última hora e se comprometido a arcar com as consequências de seus compromissos.

— Vai ser bom para você — repetiu Liam a mesma frase que havia dito frequentemente no último dia.

Eles estavam indo para a Jamaica, e seus produtores toparam a ideia de continuar a gravação do álbum no local, já que já haviam feito algo do tipo no passado. A Jamaica era o porto-seguro de Harry, onde ele se reconectava consigo mesmo e se livrava de todo o peso de ser um grande artista com inúmeras pressões em suas costas, focando-se apenas no seu lado artístico puro. Naquela ida em especial, tentava também se livrar do perturbador olhar de Mark Tomlinson e da ferida que Louis havia aberto em si, bem como a preocupação de não saber se eu rapaz estava bem.

Sua mente não parava de trabalhar, a todo momento imagens do dia anterior e possibilidades cruéis do que poderia ter acontecido deixavam-o atordoado, em pânico. Harry estava desesperado, e nunca havia se visto deste modo.

No entanto, Louis parecia estar. A mensagem do rapaz chegou segundos após o piloto anunciar o desligamento dos celulares, então ele não pôde respondê-lo imediatamente. Duas horas depois, já com permissão para o uso do celular, Harry ainda não havia tido coragem para responder Louis. Não era culpa do garoto, mas ele apenas queria esquecer por um instante toda a situação que vivia, esquecer os malditos olhos azuis por quem ele caiu e toda a dor que isso trazia junto.

Harry estava quebrado. Ele sentia todo o seu corpo doer, como se cada célula sua quisesse o lembrar constantemente do que passara. Não havia ficado uma hora completa sem chorar nas últimas vinte e quatro horas, salvo nas quatro em que conseguiu dormir. Acabou acordando chorando. Achava que Louis o havia rejeitado, se sentia idiota por ter proposto aquilo para o rapaz; se sentia realmente sujo e perverso ao ter causado tudo aquilo.

— Ei. Me dê esse celular, sim? — a voz de Liam cortou um de seus vários soluços. Harry não o contestou e jogou o celular em seu colo. — Você precisa descansar, acha que precisa do calmante?

— Sim, por favor — Harry se pegou dizendo, desesperado. Ele nunca havia tomado o calmante que seu psiquiatra havia receitado, mas agora precisava daquilo, precisava parar de sofrer por um instante. — Maconha também seria bom.

— Você — e eu — vamos fumar o quanto quisermos na Jamaica, mas por enquanto eu quero que você apenas descanse. — Liam esticou-se e puxou a bolsa de Harry, tirando de lá o pequeno frasco com comprimidos. Puxou uma garrafinha de água posta ao lado de seu assento e entregou-a para Harry, junto a um comprimido.