XXV. Diga olá ao Fim do Mundo

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Você foi escolhido pelo universo, a voz ecoa em sua cabeça. Você foi escolhido dentre os escolhidos da sua geração. Você é a paz. Você pode ter tomado a decisão correta.

Tolo. Bobo. Tantos adjetivos podem ser aplicados ao Deus no momento em que ele dá as costas.

Genial. Ousado. Intrigante. Tantos outros podem se referirem a si pela sua ideia, até então, totalmente ambígua.

O que Park pode ganhar no covil dos leões é o mesmo que tem a perder indo até lá. E ambos pesam muito na sua balança.

Está saindo junto do exército sem hesitar ver o corpo de Jungkook despencado e entregue ao chão, afundando em sua própria poça de sangue tinto. Ares pega uma maleta metálica de um dos soldados e a abre. Seu olhar tem cheiro de ódio, o vento balança seus cabelos e o seu olhar cede. Calma, pontaria elevada, destrava a maleta com uma senha e tira uma seringa de dentro. Jimin apenas vê a agulha.

– Isso deve apagar ele. – Ares conta aos outros e, principalmente, a Atlas. Ergue a agulha com o líquido transparente dentro e se aproxima do menor, enquanto dois dos soldados seguraram os seus braços. Jimin não hesita em erguer o rosto enquanto Ares lhe enfia a agulha na pele.

Apagar é dormir, não é?, pensa sobre as consequências daquilo. O líquido se despeja e suas veias pulsam, arrepiando sua lombar de dor. Ele se sente mais sonolento. Não demais ao ponto de despencar, mas sabe que os fármacos e drogas não fazem tanto efeito em si. Geralmente, são como água.

Olha para os lados e nota que as pessoas o observam. Parecem ansiar pelo pior.

Jimin não entende o que aguardam e os encara de volta, franzindo as sobrancelhas, até que nota o seu desejo. Fecha os olhos, dando tudo de si na atuação, que foi digna de Oscar e faz todos acreditarem que havia feito o efeito aguardado. Amolece seus músculos e os outros o seguram. Ele não ousa nem abrir uma brecha das pálpebras para ver.

– Ele deve ficar apagado por umas três horas, é o tempo em que chegamos no lugar de o deixar. Está tudo certo, não é? – o outro continua o trabalho com dedicação.

– Melhor do que o planejado. – Jimin segura o sorriso. Está dando certo.

Ele se sustenta daquela maneira. Escuta um som de carro. Tem certeza de que escuta o som de água, de mar, de praia e de algum animal. Ele jura que sente a brisa no rosto. Mas fica quieto, acabando por cerrar os dentes para gritar quando é sustentado no colo por alguém.

Por Atlas. Seu cheiro aberrante poderia ser sentido por Jimin no meio de uma multidão. Aquele cheiro lhe dá medo. Lembra-o de tudo o que aconteceu.

Precisa de muito autocontrole para não denunciar que está acordado e que o remédio não fez efeito. O Deus começa a focar em contar quantas respirações dá e ocupa a sua mente enquanto tudo o que ela pensa é como tem nojo de Atlas.

Queria socar a cara dele.

O titã o joga no chão e Park, automaticamente, se encolhe, fingindo cair com o rosto para o lado contrário para não vê-lo. O homem não nota, apenas o observa por dois segundos e se afasta, mexendo em algo que Jimin julga ser uma grade. Provavelmente, uma porta de ferro. Eles devem estarem o colocando em uma prisão.

Jimin respira mais fundo e escuta os passos dele diminuindo.

O fato dele estar indo embora lhe traz conforto. Mas, aquele ambiente, não lhe traz nenhum.

A rotina come sua mente enquanto está ali, adormecido. Ninguém vem o visitar. O sol que entra não sai e, aliás, quase não há luz. A brecha que clareia o quarto com a penumbra vem do corredor, mas é tão turva que Jimin tem certeza de que é um corredor longo demais para ser caminhado sozinho – em poucos minutos. Tudo ao seu redor é pedra e seu chão é de areia firme. Não há grama, então Park pensa que também não há sol próximo ali.

Profecia Grega ᠅ jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora