Capítulo 23- Ombro amigo

260 23 21
                                    

Viollet

Morta.

Esta era a palavra que me definiria bem naquele momento. Eu estava tão exausta, que não sabia como ainda conseguia andar.

Levy e eu havíamos passado a manhã e a tarde inteira treinando. De manhã, Levy me fez fazer muitos exercícios, incluindo correr várias vezes ao redor do gigantesco jardim do Palácio.

Depois dos milhões de exercícios, quando eu finalmente achei que poderia descansar e tirar aquela roupa pesada do meu corpo, Levy disse que me ensinaria á usar uma espada.

Como todos imaginavam, aquilo não deu muito certo. Eu estava exausta e tentar lutar com uma espada naquelas condições, com certeza não foi uma boa idéia.

-Vamos levante-se! Um guerreiro jamais desiste da luta! -Levy disse animado, após me jogar no chão pela décima vez.

-E.. Eu estou cansada! -Falei passando a mão no rosto. -Experimenta lutar cansado com uma roupa que pesa mais de 10kg.. -Esbrevejei me jogando na grama do jardim. -E Você quase cortou meu cabelo com a espada.

Levy sorriu.
-Isso não é verdade. A espada passou raspando, mas não encostou no seu cabelo. -Ele disse com um sorriso bobo. -Além do mais, o peso da armadura não tem nada a ver com o seu desempenho. Minha armadura pesa cinco vezes mais que isso. E os exercícios que passei pra você são de iniciantes. Eu aprendi isso quando tinha uns 7 ou 8 anos.. -Ele disse se sentando ao meu lado e apontando a espada para minha armadura. -Você não pode ficar deitada perto do inimigo.

Revirei os olhos e me sentei ao seu lado.
-Você não é meu inimigo. -Falei piscando para ele, que desviou o olhar imediatamente. -Você usou mesmo uma armadura dessas quando tinha 7 anos? -Falei tirando minha armadura e colocando na grama. Levy também tirou a sua.

Levy assentiu.
-Usei. Porém, a diferença da minha para a sua, é que a minha pesava uns 20kg ou mais. A sua pesa apenas 10.

-Uau.. -Falei surpresa. -Porque você se esforçou tanto quando era criança? Crianças usam a infância pra brincar, não pra treinar para serem soldados.

Levy sorriu.
-Como te falei antes, eu nasci para ser guarda real da Rainha Lira. Então começei á me preparar para isso desde que nasci. O Rei Eric jamais ia permitir que qualquer pessoa cuidasse da sua amada filha. Nenhum adulto era confiável para ser guarda real da Princesa. Por isso o Rei Eric preferiu escolher alguém que não pudesse traí-lo ou criar alianças com outros reinos. Por isso ele me escolheu. Além da Rainha Lira, eu não sirvo mais á ninguém.

-Isso é incrível. -Falei admirada pelo amor e devoção de Levy á Lira. - Mas ainda não consigo entender como sua mãe permitiu que você fosse treinado tão jovem.

Assim que escutou minhas palavras, Levy abriu um sorriso triste.

No mesmo instante, senti meu coração acelerar. Acho que eu não deveria ter falado sobre isso..

-Olha.. se você não quiser falar sobre isso, não tem problema. Nós podemos..

-Não. Está tudo bem. -Ele disse me interrompendo. -É que faz muito tempo que não falo sobre isso. -Ele disse fitando o céu. -Poucas pessoas já perguntaram sobre minha família. Na verdade, eu não me lembro da minha mãe. O meu pai eu não conheci. A única coisa que sei sobre eles, é que minha mãe morreu meses depois que o Rei Eric me trouxe para o Palácio. Ela estava muito doente e não tinha muitos dias de vida. O Rei Eric me disse que antes de morrer ela me colocou em um cestinho em frente ao Palácio e desapareceu. O meu pai, apesar de ter sido um guerreiro bem conhecido pela sua força e coragem, morreu em batalha sem saber do meu nascimento ou da gravidez da minha mãe. Um dos guardas que conheceu meu pai, disse que ele e minha mãe se amavam muito. Ele prometeu que quando vencesse a batalha, voltaria para cuidar dela. Mas infelizmente, ele nunca voltou. -Ele disse me fitando. -Você está bem? Se machucou? -Ele disse preocupado ao ver meus olhos marejados.

Princesa Viollet -Livro 2 (HIATUS)Where stories live. Discover now