Capítulo 5- Nova Vida

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Volto meu rosto para o céu.

Para as minúsculas gotas, tão pequenas que não são sentidas uma a uma, mas apenas uma sensação de umidade. Mais uma névoa que chuva.

Pouco a pouco, algumas gotinhas se juntam e descem geladas por meu rosto.

Em poucos segundos, se tornaram quentes como lágrimas..

-Sua Vadia! -Ele gritou furioso.

Imediatamente, gritos horríveis cortam meu crânio.
Terror e dor, como um animal acuado em um canto. De frente com a morte.
Ou algo pior.

A dor preenche minhas pernas, meu peito.. Não há como seguir em frente, não para mim..

Em um rompante, caio exausta no chão.

Não importa o quanto ele grite ou ameace ou implore. Em breve, nada que ele possa me fazer irá importar.
Eu não aguento mais fugir..

-Onde você está cachorrinha? -Ele pergunta com uma voz aterrorizante.

Suspiro assustada.
Não.. ele não pode me encontrar..

Está se aproximando..
De repente, sem que eu esperasse, sinto uma das suas mãos enormes e grotescas em um dos meus braços. Com grosseria, ele puxa do meu esconderijo e me coloca em sua frente.

Com os olhos semicerrados, ele se ajoelha, me segura e me olha nos olhos.

-Achei. Agora você não me escapa.. - Falou com um sorriso doentio.

****

Dias atuais..

-NÃO!!! -Gritei em choque.

De repente, em um rompante, acordo desesperada. Meus batimentos cardíacos estavam acelerados e meu rosto estava molhado de suor.

Com a respiração ofegante, olho ao redor assustada, e noto que ainda estou na praça.

Respiro fundo tentando acalmar minha respiração.

Foi apenas um pesadelo..
Está tudo bem.. -Repito para mim mesma.

Apenas um pesadelo..
Um pesadelo horrível que eu preciso esquecer..

Suspirei passando a mão no cabelo.
Dormir na rua era definitivamente uma das piores opções que eu poderia ter escolhido.

Minha noite havia sido péssima. O banco duro da praça havia acabado com meu corpo, sem contar os diversos velhos bêbados que passavam durante a noite e atrapalhavam meu sono.

Por sorte, eles só falavam besteiras. Nenhum deles fez nada comigo.

Suspirei.
Ainda bem não é?

Me levantei com uma certa dificuldade e fui até uma padaria próxima ver a hora.

9 horas da manhã.
Esse horário, meu pai está trabalhando ou bebendo no bar. Minha mãe, com sua vida misteriosa, também nunca está em casa neste horário. Então, vou aproveitar que todos estão fora, e passar em casa para tomar pelo menos um banho.

Eu não estava aguentando nem mais um segundo com essa roupa.

Fui caminhando lentamente os vários quarteirões até chegar em minha casa.
Como o previsto, quando cheguei não havia ninguém. A porta da frente estava entreaberta, como meus pais sempre costumavam deixar.

Todos conheciam minha família. Sabiam que éramos pobres. Então ninguém se importava em roubar nossa casa. Afinal, não encontrariam nada de valor.

Princesa Viollet -Livro 2 (HIATUS)Where stories live. Discover now