Guerra de bolo

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GWEN

       — Não acho que esteja tudo bem comigo, Elizabeth. — suspirei enquanto tirava os cabinhos do dente-de-leão, sentindo a grama por entre meus dedos do pé.

— Eu devia ter ficado com você, Gwen, sinto tanto. Perdoe-me. — ela segurou uma de minhas mãos e eu ergui a cabeça para observar seu rosto.

— Não se preocupe, isso não é sua culpa.

— Como se sente agora?

— Perdida. — entreguei a ela a pequena plantinha. — Eu não entendo o que há comigo. Desde a sala de pinturas, eu não consigo parar de pensar em Harry e em como aqueles barulhos pareciam reais.

— Aconteceu novamente? — questionou. Eu neguei com a cabeça. — Então foi a primeira vez?

— Sim... — fechei os olhos por alguns instantes e voltei a falar: — Liz, a muito tempo eu sinto como se faltasse algo em mim. O episódio no estúdio só serviu para deixar-me ainda mais confusa; de qualquer forma, tem algo acontecendo, e está piorando.

— O que quer dizer?

— Tenho sonhado com os barulhos. Não é frequente, mas eu acordo no meio da noite quando acontece. Eu nunca consigo ver nada, mas posso ouvir. — Senti a princesa apertar carinhosamente minha mão entrelaçada à sua.

— Céus, Guinevere, você precisa de ajuda. Temos que descobrir o que é que alavanca esta perturbação em você, de onde ela vem, o gatilho. — franziu o cenho, preocupada, e abraçou-me repentinamente. Eu apoiei o rosto em seu ombro e Liz acariciou meus braços.

Fiquei observando a paisagem por trás dos ombros de Elizabeth ao mesmo tempo que pensava em todas as vezes, desde que cheguei, que o sentimento de confusão havia tomado-me. Meu coração acelerou ao pensar no príncipe, em seu cuidado e em seu abraço que acalmou-me tão facilmente; em contrapartida, era o mesmo dono dos olhos claros que despertava em mim aquela sensação. E algo dizia-me que apenas ele teria as respostas das quais preciso.

— Gwen, olhe aqui. — Liz afastou-se minimamente do abraço para levar suas mãos até a lateral de meu rosto. Encarei seus olhos igualmente claros e prestei atenção no que dizia: — Isso passará. Eu estou aqui, prometo ajudar no que eu puder, mas você precisa prometer que contará comigo, que não esconderá quando acontecer novamente, pode fazer isso?

Assenti. Elizabeth olhou para trás de si e ergueu mais um dente-de-leão nas mãos. Colocou o cabinho da planta entre nossos dedos e juntou-os, olhando para mim.

— Prometa. Seja lá o que estiver acontecendo, independente do que descobrirmos, nós vamos ficar juntas. — Eu balancei a cabeça para ela, comprimindo os lábios.

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