A vingança

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  GWEN

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GWEN




Um longo suspiro saiu por meus lábios quando agarrei-me melhor ao tronco da árvore, não seria agradável despencar dali de cima. Cada um segundo parecia uma hora. Meus olhos continuavam vidrados nos ponteiros do relógio de bolso, os que pareciam mover-se tão despreocupadamente, enquanto meus dedos apertavam o punhal contra a palma da minha mão direita. Os apertões não só serviam para provar-me de que o momento era real, mas também para esvaziar-me de minha própria inquietação.

Onde está essa carruagem?

Olhei no relógio pelo quadragésima vez: três e meia da tarde. Ou eu já havia cometido um erro na relação ao horário — o que era impossível, já que meu pai o repetira mais vezes do que sou capaz de enumerar no momento —, ou os convidados estão atrasados para o nosso encontro. O príncipe Harry e, sua futura esposa, princesa Celeste fariam uma viagem a fim de reunir as famílias para o anúncio de seu casamento. A oportunidade perfeita para agir, já estava tudo planejado. Eu só esperava saber pôr em prática.

Dobrei minhas pernas por cima do galho grosseiro e girei o punhal por entre os dedos, lembrando de meu pai. Eu não posso decepcionara-lo outra vez. Cenas daquela noite voltaram à minha memória, fazendo-me apertar os olhos.

Papai? — eu chamei, apoiando os joelhos na cadeira da mesa de jantar. Meu pai estava no fogão, concentrado em preparar a nossa comida. Eu estava tão alegre naquele dia; pela primeira vez, Joseph tinha deixado-me sair de casa e até levou-me ao jardim para ver os patinhos no lago. E as vitórias-régias... Eu lembrar consigo nitidamente da risada do meu pai quando percebeu a minha animação em vê-las. Ria da inocência de uma criança aos seus sete anos que acreditava ser ali a casinha dos sapos. Ele era sempre tão sério, mas naquele dia foi diferente. Sua risada tomou totalmente a minha atenção, e talvez fosse isso, essa sensação de alegria, que encheu-me de coragem para perguntar-lhe sobre ela novamente. Em meu coração, eu acreditava que ele portaria-se diferentemente da vez anterior.

— Sim? — Ele não desviou a atenção dos legumes que cortava agilmente.

Por que não posso ver a mamãe? — Apoiei-me em meus antebraços que estavam, por sua vez, sobre a tábua de madeira.

Joseph parou imediatamente o que estava fazendo e direcionou seu olhar para mim. Ele claramente não esperava que eu o questionasse sobre isso. O homem suspirou e voltou a cortar as leguminosas, dessa vez bem lentamente, como se estivesse controlando algo prestes a explodir dentro de si.

Já conversamos sobre isso, não se lembra?

Eu queria ver-la, papai. Ela se parece comigo?

A faca em suas mãos empurrou os legumes para o fogo e ele respondeu de forma ríspida:

Você não pode ver a sua mãe, eu já disse. Pedi que não tocasse mais no assunto. — Ele nem importava-se em olhar nos meus olhos.

Anamnese | H.SOnde as histórias ganham vida. Descobre agora