𝟎𝟐𝟑 ➭ 𝐂𝐑𝐀𝐒𝐇𝐄𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐋𝐀𝐍𝐃𝐒𝐋𝐈𝐃𝐄𝐒

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Foi Minho quem liderou o caminho dessa vez. Os ombros alinhados enquanto corria, com certeza estava orgulhoso por saber cada corredor daquele Labirinto.
Ninguém disse muita coisa enquanto corríamos em direção ao que os garotos chamavam de Clareira. Aparentemente, a maioria das coisas do Labirinto, tinham nomes diferentes para cada Grupo, assim como as gírias — sempre me perguntei de onde surgiram.

    Vencemos uma curva final que conduzia ao amplo corredor externo à uma das Portas do Vale — ou Clareira. Enquanto atingíamos o final, reduzimos a quantidade de passos.
Haviam no mínimo uma centena de pessoas espalhadas pelo lugar. Fiquei horrorizada ao ver até mesmo bebês e crianças pequenas pela multidão.

— Sabia que havia tantos assim?— indagou Minho a Thomas.

    Tinha gente por toda a parte, com certeza mais do que poderíamos imaginar. A maioria do lugar havia virado um campo exceto a uma casa com uma porta de metal entreaberta. Definitivamente não era o Vale. Uma das árvores mais importantes não estava lá. A que gravamos nossos nomes.

— Terra chamando...— zombou Minho, estalando os dedos.— Fiz uma pergunta.

Thomas pareceu sair de seu estado pensativo e respondeu:

— Hã? Puxa... Tem tanta gente aqui... Este lugar parece menor, não parece?

Não demorou muito até localizarmos nossos amigos. Por sorte estavam todos juntos. Harriet, Sonya, as outras garotas, o tal Caçarola e Clint. Todos vieram correndo, e então uma explosão de cumprimentos e abraços.

— Da para acreditar que me colocaram de volta neste lugar? Nem me deixaram cozinhar. Só enviavam latas de comida enlatada na Caixa três vezes por dia.

— E você reclamava de cozinhar para cinquenta caras?— riu Thomas.— Experimente alimentar esse exercício.

— Muito engraçado, Thomas. Você é um sujeito engraçado. Bom revê-lo.— Então seus olhos se arregalaram, fitando Gally.— Gally? Como... Você está... vivo?

— Bom ver você também.— falou o garoto, dando dois tapinhas nas costas de Caçarola.

— Muito bem.— Minho deu um passo à frente, se virando para Thomas.— Qual é o plano?

— Não deve ser muito difícil.— respondeu Thomas. Ele parecia pensativo, ou em dúvida. Claramente estava mentindo. Iria ser difícil.

— Não tente me enrolar.— disse Minho.— Você não sabe mentir.

    Thomas sorriu, convencido.

— Bem, pelo menos não podemos reclamar de que estamos em um número pequeno. E as vezes só a quantidade importa.— então novamente parou para pensar.

    Eu tinha que admitir; eu estava um pouco hesitante com o plano que Thomas estava prestes a criar. Poderia dar errado. Havia muitas pessoas — acredito que duzentos ou trezentos Imunes. Iria ser complicado levá-los até o Transportal.

— Certo. Vamos dividi-los em grupos. Deve haver centenas de pessoas aqui, então, faremos grupos de cinquenta. Depois colocaremos um Clareano ou uma garota do Grupo B à frente de cada grupo.— explicou Thomas, em seguida se virando para Teresa.— Teresa, sabe como chegar à sala de manutenção?

    Ela apenas assentiu. Então Thomas prosseguiu:

— Vou ajudar as pessoas a se organizarem enquanto você e Brenda lideram o caminho. Todos nós devemos ser guias dos grupos, exceto Minho, Jorge e Gally. Acho que vocês devem vigiar a retaguarda. Bobbie, sei que por mais que eu estabeleça um lugar, você não vai obedecer, então você escolhe onde vai estar.

— Certo.— dei um meio sorriso.

— Por mim está tudo bem.— disse Minho, dando de ombros. Por incrível que pudesse ser, ele parecia entediado.

    Passamos os vinte minutos seguintes dividindo as pessoas em grupos e organizando-as em longas filas. Demos especial atenção em manter o equilíbrio dos grupos em termos de idade e força. Os Imunes não tiveram problema em seguir nossas ordens ao perceberem que iríamos tirá-los dali.
Já em grupos, nos alinhamos diante da Porta Leste. Thomas agitou as mãos para atrair a atenção da multidão.

— Escutem!— começou Thomas.— O CRUEL está planejando usá-los para estudos científicos. O corpo de vocês, o cérebro de vocês. Eles têm estudado pessoas há anos, colhendo dados para desenvolver uma cura para o Fulgor. Agora querem usá-los também, mas vocês merecem mais que uma vida de ratos de laboratório. Vocês são, todos somos, o futuro, e o futuro não vai ser do jeito que o CREUL quer. Passaremos por uma série de prédios até chegarmos ao Transportal, que vai nos levar à um lugar seguro. Se formos atacados, teremos que lutar. Mantenham-se em grupos, e os mais...

As últimas palavras de Thomas foram interrompidas por um estrondo, como o de pedras se fragmentando. Depois nada. Apenas um eco reverberação as paredes.

— O que foi isso?— questionou Teresa, olhando para o "céu" e busca de respostas.

Nada estava fora do lugar. Árvores, a casinha com a porta de metal e as paredes. Foi quando soou outro estrondo e em seguida mais outro.
As pessoas olhavam ao redor procurando a fonte do ruído, o pânico já se disseminava. O chão tremeu por alguns segundos, algumas das pessoas gritavam.
Foi quando eu compreendi.

— Os explosivos! Vince you está detonando os explosivos!— gritei, em meio ao ruído.

Um estrondo ensurdecedor sacudiu a Clareira, e voltei meu olhar para cima. Grande parte da parede esquerda da porta Leste havia desmoronado, e pedaços enormes de pedra voavam pelo lugar. Uma rocha enorme pareceu flutuar, desafiando a gravidade, e depois começou a cair.
Ninguém teve tempo para advertir as pessoas, dizendo para sairem dali antes que a rocha maciça os esmagassem. Mas já era muito tarde.

Os feridos gritavam. Os ruídos altos e o som das pedras se fragmentando se combinavam para compor um horrível coro, enquanto o chão continuava a tremer. O labirinto desmoronava ao nosso redor. Eu já não conseguia ver ninguém. Eu tinha que sair dali com urgência. Thomas, Minho, Brenda, Jorge, Gally, Harriet, Sonya e até mesmo Teresa haviam desaparecido. Provavelmente já haviam corrido para o Labirinto. Sem escolha, foi o que eu fiz.
    Nem dez minutos depois de adentrar o os corredores, outro ruído de desmoronamento pode ser ouvido. Olhei para cima apenas para ver outro pedaço do muro cair, dessa vez sem ninguém embaixo. Foi quando percebi que o teto — que um dia havia sido um céu — iria cair.
    Tentando não entrar em pânico, comecei a correr mais rápido.

𝗘𝗦𝗖𝗔𝗣𝗘 ;𝙢𝙖𝙯𝙚 𝙧𝙪𝙣𝙣𝙚𝙧Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu