𝟎𝟏𝟔 ➭ 𝐂𝐀𝐑 𝐂𝐑𝐀𝐒𝐇

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Conversei com Gally por muito tempo. Eu queria descobrir mais sobre o que aconteceu antes do Labirinto, e foi isso o que fiz, até os outros chegarem.
    A mesma porta que eu entrei, foi aberta, em seguida, Thomas, Brenda e Minho entraram. De imediato, Thomas olhou em volta e veio até mim.

— Você está bem?— perguntou.

— Nunca estive melhor.— sorri, olhando em volta.— Onde está o Jorge?

— Ficou tomando conta dos outros.— respondeu Thomas.

— Outros?— franzi a testa.

— Encontramos Teresa, Aris e algumas meninas do Grupo B. Alguns foram levados para o CRUEL.

— É... sobre isso. Temos um plano de pé. Mas não funciona sem você.— contei.— Tenho algumas coisas para explicar para vocês. Venham.

                                        ✵

   Eu e Gally os levamos para conversar com Vince, que explicou o plano. Por mais que fosse perigoso, Thomas aceitou. Ele chegaria na porta do CRUEL, falando que foi lá para terminar os experimentos. Então, quando o dispositivo estiver ativado, invadimos.
Iríamos levar Thomas até onde o Braço Direito tinha três Bergs escondidos. Iríamos em quatro pessoas. Gally, Minho, Thomas e eu.

    Charlotte já havia instruído Thomas sobre como usar o dispositivo, então já estamos prontos para ir.

   Gally dirigia, Minho estava sentado no banco do passageiro ao lado dele. Thomas e eu íamos atrás. Não foi uma viagem divertida, com piadas, risadas, e conversa fiada entre amigos, como poderia ser. O os únicos sons produzidos, eram o do motor e o dos solavancos sobre a estrada. O momento grave em que vivíamos, me fez pensar em todas as coisas que poderiam dar errado nos próximos dias. Me esforcei para bloquear aquele as pensamentos, concentrando-me na cidade arruinada pela qual passávamos.
   Passei um bom tempo pensando nas minhas companheiras no Grupo B...havia mais de um mês desde que nos vimos pela última vez. Sentia saudade de Harriet e Sonia, estavam sempre ao meu lado, o que me lembrava um pouco a amizade de Thomas, Newt e Minho.
   Durante o percurso, só havia visto poucas pessoas aqui e ali, a maioria a distância. Vi alguns Cranks se escondendo em veículos, espreitando pelas janelas, como se aguardassem para uma emboscada.
   Gally pegou uma saída dois ou três quilômetros à frente, nos encaminhando para uma rodovia plana, que conduzia aos portões da cidade murada. Barricadas tinham sido montadas dos dois lados da estrada.

— Vamos seguir por aqui pelo resto do caminho.— avisou Gally.— O hangar é nossa instalação mais protegida, e toda a preocupação se resume em mantê-lo em pé e intacto.

Andamos por quase cinco quilômetros inteiros inteiros, quando então Gally passou a reduzir a velocidade do veículo.

— O que diabos...?— murmurou ele.

   Imediatamente, voltei minha atenção para a estrada à frente, avistando vários carros dirigindo em círculos.

Vai levar uma eternidade voltar e tentar um caminho novo. Vou tentar passar por eles.— falou Gally.

— Por favor, só não faça nada estúpido.— repliquei, com rispidez.— Tenho certeza que não chegaremos ao hangar se tivermos de ir a pé.

   Cerca de vinte pessoas brigavam por uma pilha de algo que eu não conseguia distinguir dali, atirando coisas e trocando socos entre eles.    Aproximadamente trinta metros à frente, estavam os carros — desviando, girando e colidindo um com o outro. Era um milagre ninguém na estrada ainda ter sido atingido.

— O que planeja fazer?— perguntou Thomas. Gally não fez menção de reduzir a velocidade; e já estávamos quase lá.

— Você precisa parar!— gritei.

— Não. Vou em frente.— respondeu Gally, ignorando a ordem, acelerando mais ainda.

— Você quer que a gente morra?!

— Ficaremos bem. Calem a boca por um segundo, os dois!

   Thomas e eu nos calamos.

   Nos aproximamos do grupo de pessoas, que ainda se apinhavam umas contra as outras, disputando o que quer que estivesse naquela pilha. Deslizei para o lado, obtendo melhor visão lá de fora. Os Cranks rasgavam enormes sacos de lixo, tirando embalagens de comida e resto de alimentos. A van desviou em alta velocidade, e voltei minha atenção para frente. Os motoristas dos carros — modelos antigos, lataria amassada, a maioria com pintura desgastada — haviam parado, e três deles tinham se alinhado frente a frente com a van que se aproximava. Gally não diminuiu a velocidade. Em vez disso, desviou, indo para o espaço maior entre o carro da direita e o do meio. O da esquerda, se moveu em nossa direção, em alta velocidade.
   A van acabara de embicar no espaço entre os dois carros, quando o terceiro a atingiu em cheio na lateral traseira esquerda. Vidros se estilhaçaram em todas as direções, e a van começou a girar, a traseira do veículo, como um chicote. Tentei me agarrar em qualquer coisa possível, em vão. O som de pneus se arrastando invadiu o ar.

    O ruído cessou quando, por fim, a van se chocou contra uma parede. Eu estava desnorteada, sentia o sangue escorrer ao lado de minha testa. Tive tempo de ver os três veículos se afastar, o som do motor sumindo, enquanto seguiam pela estrada longa e plana pela qual havíamos vindo.

"Graças a Deus"

   Então a coisa mais estranha do mundo aconteceu. Corri os olhos para fora da janela e vi um Crank ferido nos encarando a uns seis metros de distância. Demorou apenas um segundo para registrar quem era.

Newt.

𝗘𝗦𝗖𝗔𝗣𝗘 ;𝙢𝙖𝙯𝙚 𝙧𝙪𝙣𝙣𝙚𝙧Where stories live. Discover now