LIVRO FÍSICO DISPONÍVEL NA EDITORA EUPHORIA
Jeongguk tem um emprego complicado e, por causa disso, acaba engravidando de um de seus clientes no seu primeiro ano depois de pegar turno atrás de turno para conseguir dinheiro. E mesmo que muito jovem e...
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Jeongguk não conseguia dormir, o que não seria uma novidade depois de tudo que aconteceu durante a madrugada; gritos e xingamentos, depois aquele ardor característico de um soco na pele de seu rosto, depois mais gritos e mais xingamentos, e agora que estava tudo calmo do lado de fora, a parte interna de Jeongguk fazia de tudo para lembrá-lo detalhe por detalhe de cada acontecimento, cada imagem e cada palavra dita antes de ele sumir segurando Soobin pelos braços e se trancarem no quarto escuro cheirando a cigarro barato. Ele não se importou em nada além dele e do filhote, porque estava nervoso e com a cabeça latejando como se um martelo socasse as laterais com força.
Tentou colocá-lo para dormir, mas Soobin estava agitado e preocupado com seu estado; o hálito azedo misturado com o odor da nicotina, e os machucados em seu rosto não permitiam que Soobin se acalmasse, não até Jeongguk pegá-lo no colo e o deixar sentando em suas pernas, para que olhassem o céu nublado e chuviscando uma garoa fina que ardia a pele do lado de fora, sentados no chão frio da varanda do duplex. Soobin gostava do som da chuva, do céu nublado e das nuvens que se espalhavam logo depois, então foi fácil deixá-lo confortável contra seu abraço ouvindo as gotas tocarem suavemente no parapeito da varanda.
O vento bateu com força no rosto deles, e a chuva aumentou um pouco mais, passando de garoa para respingos grossos. O tempo parecia querer dizer para Jeongguk que ele havia feito um grande e fedorento bolo de merda e jogado na cara sem sentir piedade, mas Jeongguk sabia disso, ele sabia o que tinha feito e sabia que teria consequências depois, ele só não queria lidar com nada disso agora.
— Pai, sabia que os Ursos Pandas são todos canhotos? — Soobin murmurou, baixo contra o peito de Jeongguk que tentava respirar normalmente para que passasse calmaria para seu filhote, apesar de ele já estar mais calmo do que quando entraram às pressas no quarto escuro. Ele tirou os olhos do céu, fitando Soobin que brincava com a gola torta de sua blusa caindo por cima dos ombros. O frio quase não sendo um problema pelo calor confortante que aquecia seu peito por ter Soobin tão perto dele em um momento vulnerável. Talvez fosse esse o sentimento de ser pai, o de sentir-se seguro perto do filho — mesmo achando que deveria ser o contrário, Jeongguk tinha aquela coisa com Soobin de se sentir confortável até mesmo depois do que passou no trabalho. Além do sentimento de proteção que tentava sempre passar para ele, porque era isso que deveria dar ao seu filhote, proteção, sobretudo carinho, afeto e muito amor, e Jeongguk podia dar tudo isso a ele mesmo passando por tantas dificuldades diárias.
— Nossa, que legal — sorriu para ele num gesto de empolgação mesmo que não estivesse tanto assim. As curiosidades de Soobin eram espontâneas, e ele achava fascinante a sensação de se sentir inteligente sempre que contava elas para alguém. Normalmente as pessoas que mais recebiam as curiosidades de Soobin eram Jeongguk, seus pais e Sehun.
