CAPÍTULO 8 - ALIMENTO PARA AS PLANTAS (fase 4)

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Tiro minha adaga do cinturão e começo a lutar contra os girassóis. Eles são muitos e cada vez maiores e eu estou bem no meio da plantação, o que me deixa encurralada. Quando livro uma das minhas pernas dos caules que a enroscam, sinto meu braço ser agarrado. A adaga é bem afiada, porém pequena para atingir aquelas plantas fortes. Lembro-me das instruções da serva e procuro utilizar minha inteligência e astúcia para sair dessa situação. Não posso perder outra vida.

Com dificuldade, estico meu braço com a palma da mão virada para cima e fecho meus olhos, mentalizando algo para me ajudar nessa batalha. Vejo uma sequência de insetos e escolho a lagarta rosca que, segundo eu aprendi com meus pais, era uma inimiga natural de muitas plantações. Um pequeno inseto se materializa na minha mão. Minha intuição me faz soprá-lo e percebo que este se multiplica rapidamente e se espalha pela plantação. Em segundos, são milhares de insetos se alimentando dos girassóis, que se debatem tentando se livrar das lagartas. Essa distração me permite escapar daquele lugar. O barulho das plantas sendo devoradas é ensurdecedor, porém percebo que há um planejamento sendo feito nessa destruição, fazendo com que um caminho vá se abrindo para mim, ajudando-me a fugir rapidamente. Minhas botas me fazem correr com mais velocidade do que eu conseguiria se estivesse descalça.

Corri quilômetros antes de sair daquele cenário de guerra e visualizar uma ponte que cruza um outro rio, muito caudaloso. Olhei para traz a tempo de ver as lagartas desaparecerem e o terreno ficar praticamente limpo, com poucos caules intactos, trazendo uma certa tristeza para minha alma, pois adoro flores.

Preciso seguir em frente e não há tempo para lamentações. Vejo o pico do Gelap ao longe. Observo as alternativas que se apresentam à minha frente. Posso cruzar a ponte, seguir as margens do rio do lado em que estou ou conseguir um barco para navegar a correnteza e ganhar tempo. Estou sedenta e meu estômago ronca de fome. Avalio as opções de vegetação que tenho a minha volta e percebo que aquilo que poderia ser comestível emite luzes vermelhas. Sinal de alerta! Tudo ali pode me matar. Fecho os olhos para me concentrar e encontrar uma solução. Luzes coloridas desfilam em minha mente, apresentando um cardápio muito apetitoso. Coloco o foco em tudo aquilo que quero comer e estico as mãos. Uma pequenina tigela recheada de frutas se materializa. Deposito-a no chão e ela adquire um novo tamanho, assim como as frutas. Pego primeiro os cocos e com a adaga abro pequenos orifícios, o que me permite matar minha sede. Calmamente, começo a comer o mangostão e a salak, observando as águas do rio. Assim que me sinto satisfeita, guardo a pandamus na minha mochila para a próxima refeição. Ainda estou analisando as alternativas que tenho para continuar a jornada, quando ouço um rugido vindo de algum canto atrás de mim. Levanto-me, rapidamente, e fico em posição de ataque, meus olhos percorrendo todos os cantos da região. Não consigo ver animal algum, mas sei que ficar ali não é uma opção viável. Sigo para a margem do rio. Decido por navegar e faço se materializar uma lancha, deslizando-a para a água e saltando para seu interior. Ligo o motor e vou seguindo a correnteza. Coloco todos os meus sentidos em alerta, pois sei que a tranquilidade do momento é apenas aparente. A sensação de estar sendo observada persiste e busco a todo instante o que pode estar me vigiando. Sinto muita falta da Luna para me fazer companhia.

Algo me chama atenção entre as árvores que ladeiam o rio. Por uma fração de segundo, tive a nítida impressão de ver os olhos de um grande felino. Seria um predador que estaria a me perseguir, aguardando o momento exato para me atacar? Não há muitos grandes felinos vivos nesta ilha, visto que a caça é vastamente incentivada entre os nativos. Percebo que tomei a decisão correta ao escolher navegar, pois ali no meio do rio, estaria a salvo daquela fera, além de que chegaria mais rápido ao meu destino.

Navego por mais de uma hora sem que nada aconteça. Estava começando a relaxar e o cansaço, devido esse dia exaustivo, caia sobre mim. Meus olhos estavam pesados e não queriam se manter abertos. De repente, ouço uma voz.

― Alva, acorde! Mantenha-se alerta.

Foi como se um balde de água fria tivesse sido jogado em minha cabeça. Será que eu havia dormido mesmo? E por quanto tempo? E quem me acordou? Será que foi a serva? Estará ela a me observar o tempo todo?

Começo a ouvir um barulho alto ecoando ao longe. Percebo que a correnteza está mais forte e o motor da lancha não tem força suficiente para enfrentá-la, impossibilitando-me de seguir para a margem. Olho para o céu para ter uma ideia de que horas seriam. O sol já está próximo de se pôr. Tento me lembrar do mapa geográfico da ilha para identificar que rio é este e onde ele deságua. A pesquisa mental me surpreendente quando realizo que estou indo direto para a maior cachoeira deste pedaço de mundo.


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Leiam a próxima etapa do game. Será que a Alva vai perder outra vida?

Deixem aqui seus comentários e estrelinhas.

Saudações, leitores guerreiros.

ALVA - UMA DEUSA NA FLORESTA  (em revisão)Where stories live. Discover now