15 Mauro

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— Chefe, já vieram entregar o microondas. —Miro me informou à porta do escritório.

— Certo, obrigado.

Finalmente o acabou o tempo de tomar café frio.
A única coisa que me desconsolava, desde que me mudei para o escritório, era a falta de um café quente. Quanto às refeições eu comprava pão fresco e alguma guarnição a gosto, e guardava na geladeira. Poderia também comprar alguma refeição já pronta, mas sabia que Sofia sempre que podia, insistia em trazer alguma comida, uma vez que no escritório só havia mesmo a geladeira, o mais recente colchonete, um pequeno banheiro, que eu agradeci mentalmente, ter pensado na época da sua construção, ter mandado colocar também um box, que agora se revelava bastante útil para minha higiene. Já tinha agendadas algumas visitas a apartamentos, mas enquanto não me decidia por algum eu me virava aqui no escritório.

E para ser sincero, eu estava confortável e em paz que era o que eu mais buscava.

— Nunca pensei que ia viver para ver isso. — Miro falou, enquanto eu tirava minha camiseta suada e me preparava para tomar um banho. Fez bastante calor durante o dia e eu não via a hora de me refrescar.

— Está falando do quê, Miro?

— De você, sendo patrão e dormindo aqui. — apontou para o colchonete.

— Eu já dormi em condições piores, Miro. É provisório, até arrumar um outro lugar.

— Eu sei chefe. E se me permite a sinceridade, você aguentou foi muito. — sabia que Miro se referia a Francisca. Ela quase nunca vinha aqui, mas as poucas vezes que veio, o desagrado dos trabalhadores se fez sentir.

— Concordo. — respondi sem querer alongar a conversa. Tudo o que mais queria era tomar meu banho e relaxar depois de um dia de trabalho, e não pensar nos problemas que tinha deixado para trás.

— Ainda vai precisar dos meus serviços?

— Não, pode ir. Obrigado.

— Até amanhã.

Assim que Miro bateu a porta, despi o resto das roupas e entrei no banho. Me deixei ficar vários minutos com a cabeça debaixo da água tépida, me deixando relaxar aos poucos, enquanto a água me refrescava e lavava.

De banho tomado, vesti uma calça moletom e uma camiseta. Aqueci água para um café, na minha mais nova aquisição, me jogando na poltrona de seguida. Em total silêncio meus olhos fecharam relaxado pós banho, quando uma batida na porta me fez voltar a abri-los.

— Entre Miro. Esqueceu algo?

A porta se abriu, me fazendo sentir um frio agradável na barriga ao perceber que era Zuri, e não Miro. Vendo seu sorriso contido, percebi o quanto tinha sentido a falta.

— Sou eu, desculpe. Espero não ter vindo em má hora. — me observou relaxado na poltrona.

Levei alguns segundos, para me levantar desviando meu olhar do seu, que hoje me pareceu um pouco agitado.

— De todo. Entre, Zuri.

Como sempre ela vinha carregada de sacolas, e a ajudei a colocá-las sobre a mesa.

— Não está um pouco tarde para você? — indaguei, só para descartar a hipótese de Francisca a estar sobrecarregando com mais tarefas. O que não me admirava.

— Não pude mais cedo, e prometi a Sofia que viria. — respondeu, retirando as coisas das sacolas.

— Falarei com Sofia, que não quero que a envie a essas horas, é perigoso andar nos canaviais. Eu posso fazer isso, Zuri. — me aproximei, impedindo que continuasse o que estava fazendo. Ela já devia estar em casa descansando. — Pode deixar, obrigado. — falei, quando na verdade a minha vontade era que ela permanecesse mais um pouco, mas não me servindo.

Zuri ( 3/1/ 22 data de retirada ) Corre que ainda dá tempo! 🏃‍♀️💨Where stories live. Discover now