6 Mauro

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Na manhã seguinte caminhei até ao quarto onde estava Zuri, acompanhada de Sofia tomando o café da manhã.

Estava na hora de levar a moça embora, pois nesta casa, ela também não teria sossego. Já estava visivelmente menos debilitada e seria melhor que regressasse à sua família onde seria mais bem acolhida.

Bati na porta e entrei assim que me deu ordem para entrar. Zuri me olhou atentamente como se já esperasse o que viria.

— Zuri, acho melhor levá-la para casa. — falei, sob seu olhar de pesar.

— Sim. Peço desculpa pela forma como agi na mesa ontem ao jantar, eu não queria faltar ao respeito com a sua esposa.

— As desculpas são minhas. Obriguei-a a ficar. Eu deveria ter premeditado isso. Espero que já esteja melhor.

— Pai, você não pode controlar todos nem as suas ações. A culpa não é sua. — Sofia passou um braço em torno da minha cintura me abraçando carinhosamente.

— Está tudo bem, senhor Mauro. — A palavra senhor saída da boca dela, me fazia sentir bem mais velho, e sem entender o porquê, isso me incomodava. Pensei pedir-lhe uma vez mais que me tratasse apenas pelo nome, mas deixei passar. — Eu já me sinto bem para voltar, agradeço o seu cuidado para comigo.

— Então, assim que terminar o café da manhã,  e estiver pronta me avise que sairemos.

— Eu já estou pronta. — falou rápida, pegando numa pequena sacola que estava do lado da cama.

— Não vai tomar o café da manhã? — perguntei, vendo Sofia entristecida com a sua partida abrupta.

— Eu não tenho mais fome e quero voltar o quanto antes. Desculpe, Sofia. — Zuri a olhou com o mesmo olhar de pesar.

— Tudo bem, eu entendo. — Sofia esboçou um sorriso triste.

— Devolverei suas roupas, depois de lavadas e passadas. Obrigada por tudo.

As duas se despediram com um abraço e seguimos até meu carro. O caminho até sua casa foi feito em silêncio, mas quando paramos diante de uma pequena e humilde casa, Zuri voltou seu olhar para mim.

— Desculpe, por todo o transtorno que causei no canavial. Fico grata que esteja pagando meu pai, mesmo sem ele conseguir trabalhar esses dias. O dinheiro do trabalho dele é o nosso sustento no momento.

— Não tem de quê. Você fez o que eu também faria, pelos meus. Apesar do que aconteceu eu admirei a sua determinação. Você estuda?

— Não, eu comecei a trabalhar bem cedo para ajudar nas despesas da casa e com o meu irmão, mas perdi o meu trabalho há dois meses.

— Você e seu irmão, vivem sozinhos com seu pai? — Fiquei curioso se teria perdido sua mãe, ou se seus pais eram divorciados.

— Some por 3 dias e me aparece nesse carrão? — Uma mulher de uns quarenta anos, de cabelo loiro totalmente queimado pela química, portando um vestido vermelho tão justo e curto, que me atreveria a dizer que era pequeno demais para seu corpo, se aproximou da janela do carro. Ela mastigava chiclete de forma um pouco barulhenta e sorria fazendo charminho enquanto me encarava de forma provocadora.

— Pode nos dar licença, Cida? — Zuri a encarou de forma irritada.

— Menina avoada, não vai nem me apresentar, o bonitão aí? — a mulher continuou me encarando, admirando o que via. Percebia o quanto estava fazendo charme para cima de mim, de uma forma tão ridícula e vulgar que quase ri na sua cara.

— Olhe o respeito. Esse senhor, é o patrão do meu pai.

— Nossa, não imaginava que fosse alguém tão bem apessoado. — sorriu descaradamente para mim.— Muito prazer.

Zuri ( 3/1/ 22 data de retirada ) Corre que ainda dá tempo! 🏃‍♀️💨Where stories live. Discover now