5 Mauro

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Encontrei Manuel limpando e tentando reparar os danos que meu filho e seus amigos, tinham feito na sua tasca a noite passada.

— Peço desculpa, Manuel. Assumiremos todos os custos das reparações e de todo o material danificado por eles. — falei observando chocado o estado em que ficou o local.
Várias garrafas de bebida quebradas e o cheiro a álcool derramado pelo chão era intenso. Mesas, cadeiras, copos, geladeiras e até os vidros das janelas quebrados.

— Aqueles moleques destruíram o trabalho de uma vida, Mauro. Eles arrumaram briga com todo o mundo que estava aqui ontem à noite. Só faltou baterem em mim quando os tentei expulsar daqui, sorte que interferiram por mim. — o velho Manuel, esfregou exausto sua testa, olhando para todos os pedaços de vidro e madeira partidos espalhados pelo chão.

— Eu sinto muito por isso. Eu teria obrigado Luan a vir limpar toda essa bagunça, mas achei mais prudente não o fazer, pois estou certo que arrumaria mais encrenca ainda. Virá uma equipe de limpeza para tratar disso. — falei irritado e chocado pelo estado da tasca.

Eu sabia que não a encontraria nas melhores condições, mas definitivamente, a realidade ultrapassou as minhas expectativas. Infelizmente.

— Eu tenho muito respeito por você, Mauro. Mas seu filho não tem nada de seu, ele é ruim. Você deveria ter visto o quanto ele se divertia enquanto partiam tudo.

As palavras de mágoa e revolta de Manuel, me deixaram ainda mais envergonhado do que eu já me sentia perante a situação.

Toda a minha vida trabalhei, fui honesto, digno e respeitado na cidade. Sempre eduquei meus filhos, da melhor forma que eu sabia para que seguissem os mesmos passos. Mas, meu filho, à medida que foi crescendo, arruinava de dia para dia o nome da família com sua rebeldia e indisciplina.

Eu já não sabia mais como lidar com ele, e para ajudar à festa, Francisca, ainda passava o pano e tentava encobrir os problemas em que ele se metia, em vez de
me apoiar e de juntos tentarmos fazer algo, para mudar nele esse comportamento imaturo e irresponsável.
Afinal ele já era um homem, não uma criança. E o pior, é que eu não entendia quando é que foi que ele se tornou assim, e nem porquê. Eu o criei da mesma forma que a Sofia, e eles não eram em nada parecidos.

Ouvindo as palavras de desabafo do Manuel, e vendo seu ar combalido, eu sentia que as atitudes de Luan, ultrapassavam a imaturidade. Ele não sentia qualquer empatia pelo próximo, e não se importava com qualquer pessoa que não com ele mesmo. Era insensível e seus atos poderiam ser maldosos. Eu me sentia esgotado e sem saber mais o que fazer para tentar contornar seus comportamentos.

— Manuel, eu não tenho palavras para descrever o quão envergonhado estou por isso. Essa não foi a educação que eu dei a ele.

— Eu sei, e não chamei a polícia por respeito a você.

— Obrigado.

Agradecia a Manuel por sua consideração, mesmo sabendo que talvez tivesse sido melhor que Luan enfrentasse as consequências dos seus próprios atos.
Agora só me restava esperar que ao ficar sem seus cartões, e tendo que trabalhar para pagar suas asneiras, Luan, começasse a tomar consciência de que a vida não era só farra.

Me despedi de Manuel e conduzi até ao canavial. À chegada percebi um certo alvoroço e murmurinho entre os cortadores. A maioria voltou ao seu trabalho assim que se apercebeu da minha chegada. Todos sustentavam em seu rosto um certo ar de divertimento. Avistei Miro, que caminhou rápido na minha direção assim que me viu.

— Patrão, você enviou Luan para passar vergonha foi? — Miro tentou manter a postura sério, mas seu semblante divertido o traia.

Zuri ( 3/1/ 22 data de retirada ) Corre que ainda dá tempo! 🏃‍♀️💨Where stories live. Discover now