10 | seu corpo

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ㅡ Eu nunca tive conhecimento dessa "outra escolha". Pensava que era o destino das pessoas, alguns subirem e outros se estagnarem. Mas naquela casa eu descobri os esquemas de corrupção dos polícia. Da conexão com os bandidos, e que apenas pagavam de bondosos pra camuflar o lixo que eram. Eu fiquei tão revoltado... Ele achou que tinha direito, por causa do status, por causa do poderio... e ela era qualquer uma, uma pobre usuária de drogas. Eu vinguei minha mãe. Não sinto remorso, assim como ele também não sentiu. Somos todos do mesmo buraco.

ㅡ ... Eu... ㅡ Engoli a seco. Perdi até a noção de como se respira ao ouvir suas palavras. O único impulso que tive foi de fazer carinho em seus cabelos mais uma vez e agarrei sua mão. ㅡ Eu sinto muito por você, Changkyun. Mesmo que pareça ser um pouco tarde, você pode ser melhor do que isso. Não está no mesmo buraco que eles, Chang. Você é aquele que está perto da beira. ㅡ Recebi um sorriso agraciado.

( ... )

Algum tempo se arrastou depois do aviso de invasão do presídio. Até ali pouca coisa havia mudado. Nada, pra ser mais específico. Me dava uma tremenda angústia quando meus companheiros de cela saiam para a visita dos familiares. Eu ficava ali encarando o gradeado totalmente sozinho e isolado, ou contando os pingos descerem do cano cru. Aliás, era uma boa oportunidade de tomar banho sem ninguém além do agente espiando.

Hyungwon e Minhyuk ganhavam regalias dos parentes, então também considerava uma data sagrada, quase um feriado. Mas meu coração pesava cimento, porque sabia que não teria a mesma sorte. Talvez os maiores esqueceram que eu estava lá sem defesa, e deixaram por isso mesmo. Rosnei, lembrando das palavras de Im Changkyun. Eles acham que tem algum direito de ignorar a minha inocência, por causa do status, por causa do poderio... É difícil não se sentir revoltado com isso.

A grade abriu de repente e o pequeno homem, com as mangas do macacão amarrada na cintura, adentrou a cela com um sorriso maroto.

ㅡ O que você está fazendo aqui, Chang? ㅡ Perguntei. Ele olhou para os lados e me envolveu em um abraço repentino e quente. ㅡ Changie, como você conseguiu entrar?

ㅡ  Pode ser difícil de acreditar, mas segui seu exemplo e me voluntariei no laboral. Pedi pra me darem alguns minutos aqui dentro e foram misericordiosos... Mas quase me passaram a mão na revista. ㅡ Respondeu e então começou a analisar a cela como se fosse uma casa de praia.

ㅡ ... Gostou? ㅡ Me sentei no banco de concreto o observando. Ele riu soprado.

ㅡ Que chique, tem até fogão. ㅡ Também ri, não me segurei.

ㅡ Por que não está lá fora? É dia de visita. ㅡ Ele veio até mim e sentou-se ao meu lado, agarrando minha mão. Tive mais um impulso de entralaçar nossos dedos.

ㅡ Ninguém vai vir me ver. E ninguém vai vir te ver. Então... Hoje eu serei sua visita. ㅡ Ele escondeu o rosto em meu pescoço e eu simplesmente deixei.

ㅡ Você diz como se eu não visse sua cara todos os dias. ㅡ Senti seu polegar acariciar minha palma, não protestei. Aliás, tinha que admitir que a companhia de Changkyun era inacreditavelmente boa.

ㅡ Parece que eu já sou dono do seu coração de iceberg. Isso é bem melhor do que ser dono de facção. ㅡ Soltou com a voz um pouco fofa.

ㅡ Você é muito sentimental pra alguém que se diz dono de gangue, assassino e afins. ㅡ Ele se deixou rir. ㅡ Realmente, eu fui enganado pelas aparências pela milésima vez.

ㅡ Haha, eu não sou tão mal assim. E se sou sentimental é somente por você. ㅡ Olhou rápido pela janela, os outros presos ocupados com suas famílias. ㅡ Você sabe que ser gay aqui é assinar um atestado de óbito.

ㅡ Pior que eu sei... ㅡ Me lembrei dos assediadores de anteriormente. ㅡ Então você quis aproveitar a oportunidade de que ninguém está nos olhando? ㅡ Levantei uma sobrancelha.

ㅡ ... Mais ou menos. ㅡ Sua mão estava transpirando, era gostoso de sentir. ㅡ Mas não tenho medo de dizer que gosto de um homem aqui dentro. Tenho mais medo da rejeição dele.

ㅡ Ai ai... ㅡ Sorri soprado.

ㅡ Aff, o que foi agora, Jooheon... Você sempre está fazendo isso. ㅡ Revirou os olhos.

ㅡ Você... Não fica trêmulo na hora de matar, mas fica trêmulo na hora de ficar com alguém. Me desculpa, isso é engraçado para um caralho.

ㅡ São situações diferentes. Atirando em alguém, eu busco acabar com a vida dele. Mas ficando com alguém... Eu busco viver o resto dos meus dias com ele... Como não ficar nervoso? ㅡ Se aproximou o suficiente pra me roubar um cheiro na bochecha. Fiquei sem ação porque havia sido bom. Sua respiração quente e o grave da sua voz espantava o vazio do dia de visitas. ㅡ Hey. Por favor, não deixa ninguém passar nesse corredor, okay? ㅡ Ele implorou para o agente que não sabia se sorria ou apreciava o casal chave de cadeia. Talvez ele perdeu todas as convicções que tinha sobre I.M, o temido criminoso, Inimigo Mortal, assim como eu.

E eu sabia bem o que iria acontecer, e queria que acontecesse.

Brincamos de que o mocinho levava o seu companheiro para o quarto, no caso, para o colchão velho no chão imundo. Uma vez sentado por cima de mim, apreciei seu rosto sereno, com marcas de expressão da vida. Ele arrancou a blusa branca fora me deixando apreciar os múculos escondidos e todas as tatuagens que sabia que tinha. Ele possuía um corpo mais que perfeito e me permitiu tateá-lo com toda calma do mundo.

Eu não sei direito em qual momento eu estava me entregando para Changkyun, mas aquela altura eu já não era mais um simples cúmplice. Desabotoei o macacão depressa, sentindo a mão adentrar pela camiseta branca provocando os arrepios em meus mamilos ou cada parte do meu corpo. Fui tratado com algumas chupadas fracas e mordidas, Chang não tinha a intenção de me deixar marcado.

Somente naquele momento foi quando nossos lábios se tocaram a primeira vez, em um beijo calmo, mas não por isso sem intensidade. Um beijo profundo, cheio de ósculo e sintonia, enquanto ouvíamos o choro de uma mãe por um preso do lado de fora. Nos beijamos como se não estivéssemos dentro de uma cela imunda, mas como se estivéssemos dentro da ilusão de romance do mais novo. Levantei meus braços para que tirasse a blusa também e logo nossos corpos estavam unidos, sentindo sua pele contra a minha, levado à minha própria perdição.

RODEO | MONSTA XWhere stories live. Discover now