13 | a garrafa sobre a mesa

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ㅡ Changkyun... Que porra foi aquela? Eu sei que você está tentando mudar, mas isso não significa sair de "cara que faz todo mundo de brinquedo" para "o brinquedo". Você não pode deixar aquele cara fazer isso com você. ㅡ Eu o alertei, ainda buscando o resto dos MXs.

ㅡ Eu fiz isso por você, Jooheon, somente por você. ㅡ Ele respondeu agarrando os joelhos em cima da calçada dura, que aquela altura já era nosso ponto de encontro. Ninguém além de Wonho transitava a região.

ㅡ Eu já disse que consigo me defender sozinho.

ㅡ Não é essa a questão. ㅡ Seu cabelo deu uma pequena chacoalhada com o vento. Jihoon estava tomando os holofotes, porque os presos e os agentes eram cabeças de papel, bastante influenciáveis. ㅡ Eu absurdamente estou afim de desistir de tudo isso por você.

ㅡ ... Changkyun... ㅡ Senti minha voz enrouquecer.

ㅡ Você. Você é tudo que eu tenho, Jooheon. Você é a única conquista do qual realmente me orgulho. ㅡ Não me importei com a reação de terceiros. Aproximei meu corpo do seu e lhe roubei um selinho rápido, mas ao findar seu coração passou a bater devagar. ㅡ ... Amanhã à tarde vai ter uma rebelião.

ㅡ H-Huh? ㅡ Questionei ao ouvir um sussurro mais preocupante.

ㅡ O Comando MX está se preparando para o confronto. Obrigado por ter ficado do meu lado. Tudo foi planejado bem antes de você chegar, mas... Eu não esperava me apaixonar por você. ㅡ Engoli a seco e me afastei com medo das consequências do amanhã ao entardecer. Ele colocou um bilhete fajuto na palma da minha mão. ㅡ Wonho me ajudou a escrever isso.

Abri o bilhete, meu coração estava pesando novamente, meus olhos estavam tensionados a chorar. A letra tremida, desorganizadas, alternando as maiúsculas e minúsculas, me diziam "Eu tE Am", assim mesmo, faltando a letra o no fim. Sorri mediante a soluços.

ㅡ Como fará uma rebelião... Você não tem armas, nem os agentes estão do lado de vocês... Changkyun, eu não quero que você se machuque também.

ㅡ Nós temos armas. Está tudo no nono pavilhão. É de onde saem meus comandos. Wonho e Shownu controlam os celulares. Então presta atenção no que vou dizer, Joo. Quando começar, Wonho vai fazer um guarda de refém. Você fica por perto, vai ser na hora do recreio. No nono pavilhão tem um túnel que vai te levar diretamente pra fora daqui. Você vai se assustar com alguns entrando com armas, mas não se preocupe. São do Comando MX e não vão fazer mal a você. Eu estarei no tiroteio tentando não ter a cabeça cortada. Terá alguém do MX esperando por você, é só dizer meu nome que vão te identificar.

ㅡ ... V-Você está me dizendo pra fugir? ㅡ Meus olhos se arregalaram, ele concordou com a cabeça.

ㅡ Me desculpa não ter revelado isso antes. Eu realmente pensei que pudesse seguir em frente, que seria abençoado por fazer o que é certo. Mas você não merece estar aqui. Eu não quero ver você degolado, baleado, de refém, o que for. Eu quero você vivo e livre, meu amor. ㅡ Nos beijamos mais uma vez e agarrei em suas bochechas. ㅡ Sairei também, assim que for possível.

ㅡ Você promete? ㅡ Encostei minha testa na dele. ㅡ Promete sair vivo para mim, Chang? Promete que vamos recomeçar, ter uma vida nova?

ㅡ Isso é um pouco difícil de dizer, mas prometo, Jooheon. Eu prometo a você. Você é a única pessoa que pode me chamar de Im Changkyun.

( ... )

Maldito Jihoon. Ainda tive a ousadia de pisar em seu pé a caminho do nono pavilhão só por ter feito Changkyun dizer que era cadelinha dele. Ele fez uma cara feia para mim, voltei meu corpo para trás e o encarei sem medo.

ㅡ Desculpa, não te vi. ㅡ Ele poderia ter feito muitas coisas, mas escolheu não fazer nada, talvez por me achar um injustiçado nas mãos de um traficante. Li e re-li o bilhete milhões de vezes e pretendia levar Minhyuk comigo, mas ele não fez nada além de soltar um suspiro longo.

"Jooheon, estou aqui tentando me redimir. Me sentirei melhor quando a pena acabar, felizmente estou tão perto... Não vou arriscar jogar toda essa construção fora. Mas uma coisa que Hyungwon me ensinou foi a orar. Vou orar por você. Fica com Deus."

Suas palavras estavam remoendo na minha consciência, quando estava no nono pavilhão estranhando a movimentação dali. Nos abraçamos forte por vários e longos minutos, uma amizade na cadeia era um tanto inimaginável e até indesejável para algumas pessoas, mas estava contente de o tê-lo. Afinal, era uma amizade e se não fosse pela companhia deles dois, do trabalho laboral e das cebolas do pastor, eu teria surtado e morrido de loucura. Sem eles dois ali eu não teria chegado tão longe.

Foi como um relance. Changkyun saiu do buraco do nono pavilhão segurando uma arma enorme apontando para o teto, o mesmo para mais alguns que o seguia. A gritaria começou a tomar de conta dos corredores, som de gente sendo torturada e em constante agonia. Wonho passou pela galeria com o agente de refém, suas mãos amarradas, a boca amordaçada e uma faca brilhante e também enorme marcando o pescoço.

Changkyun não me disse nada. Apenas me deu um olhar que podia significar "boa sorte, toma cuidado, eu te amo" ou "quem sabe eu nunca mais te veja". Meu coração estava aflito e nervoso, mais do Comando MX começou a dominar o presídio, era o momento que eu deveria seguir o caminho no túnel, mas estava em choque.

ㅡ FUDEU, FUDEU!! FILHO DA PUTA!! FUDEU!! ㅡ Ouvi a voz de Joshua berrar. Através da janelinha minúscula da cela aberta a minha frente, consegui ver o pátio. Chang não havia mentido pra mim, já haviam várias cabeças amontoadas e ensanguentadas, tanto de presos que passaram para o lado do SVT quanto de agentes que não fizeram seu trabalho.

O tiroteio começou, não vi Chang, mas vi Shownu. Meu coração não estava no lugar, temia que Minhyuk fosse atingido, ele era como eu, não merecia sofrer por coisas que não o cabiam. E foi em mais um relance que a imagem de I.M apareceu, chamando pelos seus comparças com um braço e segurando a metralhadora com a outra. A esquerda estavam os MX e a direita os SVT, e no meio... Várias vítimas mortas.

RODEO | MONSTA XOnde histórias criam vida. Descubra agora