Cap. 61 - O COMEÇO DO FIM

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Segurando um copo com aquela estranha bebida rosa (que coisa deliciosa), que ele não tinha a menor ideia do que se tratava, Renato perambulava meio deslocado pela enorme casa onda estava rolando a festa de Juliano. Todo o tempo, agradecia aos céus por ser um ambiente tão grande, pois graças a tanto espaço, ele não tinha tido o desprazer de tropeçar em Juliano um única vez. Sabia que mais cedo, ou mais tarde, isso iria acontecer. Pois que fosse mais tarde, então.

A bebida rosa já estava pela metade e Renato já não tinha mais certeza se ela era doce ou amarga, embora continuasse achando a coisa mais gotosa que já tomara na vida. Ele havia repetido aquele drinque umas três ou quatro vezes e seus sentidos começavam a sair do controle.

Renato tropeçou em alguma coisa e por pouco não caiu. Ele olhou para baixo e viu três rapazes se pegando no enorme sofá de uma das várias salas da casa. (Eu já estive nesta sala antes, ou esta é outra? Acho que estou andando em círculos, ou talvez seja o mundo que esteja girando).

Meio nauseado, Renato permaneceu parado ali no meio da sala, olhando para os garotos que se divertiam no sofá.

- E aí, gatinho, vai querer entrar na festinha também? – perguntou o menino vestido de Zorro. Um dos três animadinhos do sofá.

- Não... valeu.

As paredes estão se movendo. Caraca!

Uma sensação de vertigem veio em ondas e tomou conta da Renato, era como se eles flutuasse, como se não pudesse controlar seus pés, braços e cabeça. Ele estava derretendo? Assustado, Renato concluiu que era melhor procurar um lugar mais calmo. Um lugar onde pudesse se sentar e descansar um pouco.

- Preciso de um pouco de água – disse a si mesmo. Ou pensou que disse, mas apenas pensou.

Assim que virou para ver se achava uma cozinha no meio daquela confusão toda, Renato tropeçou com um garoto vestido de Pirata. O menino sorriu para ele e aproveitou para passar a mão em sua barriga. Renato franziu a testa e deu um passo para trás. Com um rosto andrógeno, e uma silhueta bem desenhada, aquele menino vestido de Jack Sparrow era exageradamente bonito.

- Calma, gato – disse o menino com seu sorriso metálico, tentando se aproximar ainda mais de Renato. – Eu não vou te morder. – ele se aproximou, de forma insinuante, do ouvido de Renato. – Pelo menos não aqui e agora.

Depois de roçar os lábios na orelha de Renato, o belo pirata se afastou e sumiu em meio à fumaça.

Renato deixou escapar um risinho debochado e emitiu um "ai, ai" quase inaudível. Aquela festa estava realmente maluca e ele – definitivamente – precisava de algum líquido que não tivesse álcool. Se que existia algo do tipo ali.

*

Foram vários copos com água gelada (bem gelada), mas parece que a técnica instintiva havia surtido efeito. Mais consciente do próprio corpo, já conseguia ver melhor as pessoas e as paredes pararam de se mexer sozinhas. Ele depositou o copo na pia e, por pouco não começou a lavá-lo, como sempre fazia em casa após usar algum utensilio da cozinha (obrigado, mãe, por ter me feito criar esse hábito). No entanto, ele apenas deixou o copo lá na pia, fazendo companhia a vários outros copos usados.

Antes de se virar e sair, Renato sentiu alguém apertando sua cintura.

- Ainda está viva, amigaaaa! – disse Elvis, visivelmente alterado pelo álcool.

- Tô sobrevivendo...

- Isto aqui está uma loucura, bicha! Já levei tanto puxão nos meus tentáculos... se é que você me entende – riu Elvis, encostando-se na bancada, para ver as pessoas que circulavam pela cozinha, enquanto bebericava outra bebida misteriosa: no copo dele o líquido era verde e soltava fumaça.

Entre Meninos (Romance gay) - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora