Capítulo 4

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De volta a agitada NH, eu encarava meus profundos olhos verdes e meu cabelo loiro cortado agora um acima do ombro, no espelho da sala onde eu trocava minha roupa, pois minutos antes eu havia terminado uma sessão de fotos, e não tinha como lembrar do que houve no ultimo final de semana no Texas.

Balancei minha cabeça em forma de não, com o intuito de expulsar essa lembrança, mas eu sabia que eu apenas a tinha guardado por algumas horas no fundo do meu consciente, pois sabia que uma hora ou outra ela iria me assombrar novamente. Meu corpo se assustou com três leves batidas na porta.

—Entre. — disse levantando-me

—Oi, querida— os olhos negros de Natalie encontraram os meus e uma paz reinou novamente. — Como foi a sessão de fotos?

— Tudo bem—respondi com um sorriso de canto sem graça.

—Conheço você, Ana. A sessão de foto pode ter até sido tudo bem. Mas você não está bem.

Seus braços me envolveram e minha cabeça repousou em seu peito, seu perfume adocicado e forte me invadiu, apertei os olhos, pois eu já não queria mais chorar.

—Está tudo bem, querida. Já passou­­— suas mãos passeavam pelo meu cabelo— eu estou aqui com você.

Era tão reconfortante ficar dentro do abraço de Natalie, era como se eu vivesse somente para ter esse momento em minha vida, a proteção que eu tinha enquanto eu estava envolvida ali, era algo inexplicável.

—Nós temos um jantar hoje. Mas posso remarcar e comunicar a sua ausência.

—Não— tirei minha cabeça de seu peito e me recompus — trabalho é trabalho. Onde será?

—Na casa da Lydia.

—Lydia Moore? — procurei confirmação.

—Sim.

—Sua ex? —indaguei novamente.

—Ana— sua voz mudou e se tornou seria

—Tudo bem, tudo bem. Eu preciso me acostumar com a sua lista gigantesca de ex's namoradas.

—Não é gigantesca — disse ela sorrindo.

—Olivia, Lexie, e agora Lydia.

—Olivia não era minha ex— corrigiu— era apenas alguém que eu tinha algo casual.

—E Lydia? Qual a história dela? — perguntei seria, pois até então não sabia o passado das duas.

—Podemos ir almoçar o que acha? E então nós conversamos sobre ela.

—Vai me contar enquanto eu como? Isso é golpe baixo, Natalie. Meu hamburguer vai tirar toda minha atenção da sua história de amor.

Natalie soltou um sorriso largo

—Já disse como eu amo o seu senso de humor?

Bem, eu sabia que eu precisava entender que Natalie era uma mulher mais velha, mais vivida. Quem era eu com os meus 25 anos, e apenas um ex namorado na bagagem, perto dos 32 anos de Natalie com uma bagagem de mulheres bem maiores do que eu podia contar. Ciúmes era algo que eu não sentia com frequência, pelo fato de Natalie me deixar bem segura em nossa relação, mas eu era humana, uma hora ou outra eu ia me deixar levar pelos pensamentos inseguros que uma crise de ciúmes trás.

Esperávamos nossos hamburgueres na Hamburgueria perto da NH, por mais que agora eu tenha me tornado uma figura pública eu jamais abandonaria minhas raízes, e Natalie sempre fazia minha vontade quando eu dizia que eu queria me sujar de molho em uma hamburgueria qualquer.

—Estou esperando — falei

—Lydia Moore — disse ela ajeitando-se na cadeira e colocando seu corpo ereto. — Estudamos juntas na Universidade de Seattle, éramos inseparáveis, houve um dia que ela me chamou para ir a casa dela para fazermos alguma atividade do campus, e lá ela me apresentou ao fascinante universo Bdsm.

—Então ela foi sua primeira?

—Lydia era bem convincente quando queria. Eu nunca havia ouvido falar sobre esse universo, e ela sabia tudo, cada detalhe e como fazia cada coisa, cada castigo, cada ato.

—Professora de foda? — dizia com um tom de incomodo.

—Não sinta ciúmes. Não tem com o que se preocupar.

—Ela só ensinou tudo o que sabe você.

—Ensinou. E foi através dela que eu me encontrei.

—Quer dizer que Natalie Hamilton foi submissa?

—Nunca disse que eu era submissa.

Suas palavras foram firmes.

— Você podia ser mais especifica.

Ouve um silencio por alguns segundos, e então ela tomou a palavra novamente.

—Lydia nunca foi dominadora. Ela ensinava como queria ser tocada, castigada, ela era e sempre foi a submissa, apenas dava uma direção para quem não sabia sobre o assunto. Ela me ensinou como uma submissa deve ser tratada, com uma sessão de bdsm tinha que acontecer, para não haver risco para ambos os lados.

—Então quer dizer que ela foi sua primeira?

—Sim, foi.

Respirei fundo

—Tudo bem. Eu só preciso me acostumar a me relacionar coma sua primeira namorada e professora... — falei visivelmente incomodada.

—Ana, não é assim...

—Olá, será que podemos tirar fotos?

A chegada de alguns fotógrafos interromperam a fala de Natalie a deixando visivelmente irritada. Terminamos nossa refeição sem muitas conversas, afinal eu precisava engolir de fato quem era Lydia, e aceitar que agora seu rosto preencheria a NH.

Ao final da tarde, eu estava em meu apartamento, combinei com Benjamin de me acompanhar até o jantar, mas não obtive respostas dele durante o dia, e eu me encontrava sozinha, faltava apenas duas horas até o jantar e eu me encontrava no box do banheiro, apenas sentindo a água morna cair em meus cabelos. Pensei estar sendo infantil por ficar incomodada com um passado distante de Natalie, passado qual estava presente agora, e não sabia se estava sendo infantil, ou não estava? 

Intenso ( Segundo livro da trilogia descobrindo o prazer)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora