Capítulo 11

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Anabelle Portmand

Em um instante tudo ficou confuso, havia uma mulher me chamando de " amor" e eu podia ter a certeza que eu nunca havia a visto em toda minha vida. Mas eu tinha a convicção que deveria ser por conta do incidente que houve. Mas como eu iria recuperar minhas memórias? Estava tudo tão confuso e quase não reconheci meus próprios pais, precisei fazer um esforço enorme para relembrar de Andrew e Elisa, porém Madalaine havia desaparecido de minha memória pois não conseguia lembrar de minha irmã. 

—Ana, é Natalie, sua noiva—  Benjamim informava-me.

Noiva? Eu era noiva?  

—Nossa—  disse surpresa—  realmente eu estou bem confusa — sorri para disfarçar o mal jeito 

— Tudo bem—  Natalie disse com a voz baixa, com um sorriso de canto que log se desfez. 

Os olhos negros pareciam cansados, o cabelo amarrado em forma de rabo de cavalo deixavam as maças de seu rosto ainda mais delicadas e simétricas, eu não podia negar que quem estava a minha frente era realmente uma mulher encantadora, e dona de uma beleza inegável.  Mas eu não conseguia lembrar de absolutamente nada que envolvesse ela. 

—Faz um esforço, Ana.—  pediu Benji 

— Me desculpa—  disse totalmente sem jeito—  eu não consigo lembrar, por favor, me desculpe. 

— Tudo bem, Ana. Você ainda está em recuperação —  sua voz era firme , mas ao mesmo tempo tão delicada — eu vou deixa-los a sós, vou para casa, e volto no final da tarde—  uma pausa surgiu e eu pude sentir que ela estava triste —  fica bem, Ana. 

Ela saiu do quarto e eu me senti triste por vê-la, por não conseguir lembrar de minha própria noiva. 

—Que clima—  disse Benjamin 

— Caramba, Benjamim. Eu sou noiva! —  disse ainda assustada. 

— Sim, senhora. Você é! E você ama aquela mulher igual como eu amo festa com bebida de graça. 

Sorri. 

— Eu não consigo lembrar, na verdade, eu malmente consigo lembrar do que aconteceu comigo. Eu estava em um supermercado, depois eu caminhei até o estacionamento, em seguida eu lembro que eu estava dentro de um carro amarrada, e eu lutava com um homem, mas depois não consigo mais recordar absolutamente nada. 

— Pois cuide de lembrar cabecinha de vento. Você pelo menos sabe onde trabalha e com o que trabalha? 

— Eu lembro. Eu trabalho para NH Hamilton, sou secretaria lá. 

— Você era secretaria, do verbo passado. Por acaso você lembra quanto tem na sua conta bancaria? 

—Eu tenho uma conta bancaria? —  perguntei curiosa. 

—Você é modelo, Ana. Umas das melhores do país, e você só não trabalha para a NH Hamilton de modelo, você é noiva da NH Hamilton que significa Natalie Hamilton. 

— Natalie? A mesma que estava aqui? —falei altamente assustada.

— Sim, em carne e osso. 

— Meu deus, Benjamin. Que confusão. —enterrei meu corpo dolorido na cama. 

—Bom, eu espero que seja só uma questão de perda de memória temporária— Disse Benjamin — E que você se recupere logo. 

— Eu também. 

— Toc Toc—  uma voz soou na porta e eu reconheci vagamente quem entrava. — Alguém acordou. 

— Eu já estava de saída— disse Benjamim—  preciso resolver umas coisas agora pela manhã. 

— Eu também passei rápido só para saber como ela estava. —  disse a figura familiar, mas que eu não lembrava do nome. 

— Ana, você sabe quem é ela?—  perguntou Benjamin

— Você é familiar, mas eu não lembro do seu nome—  falei sem jeito 

— Lena, eu me chamo, Lena.

— Lena—  repeti seu nome—  mil desculpas, Lena. Nós somos alguma coisa? É por que eu acabei de saber que eu era noiva, e ainda estou em choque. Então, antes de qualquer coisa, nós somos alguma coisa? 

—Por ela vocês são  muitas coisas— cochichou Benjamim— Bom, estou de saída. Beijos Gatinhas. E Ana, por favor querida, não lembre que eu devo dinheiro a você. 

Gargalhei e senti uma leve dor de cabeça pelo esforço. 

—Vejo que está melhor—  disse Lena aproximando-se. 

Os cabelos negros e ondulados de Lena brilhavam a cada raio de sol que entrava no quarto, o rosto com traços fortes também a faziam uma mulher majestosa. 

— Não cem por cento—  disse — eu espero que eu possa recuperar minha memória por que eu acho que eu acabei de magoar alguém que não merecia. 

—Você fala da Natalie? 

— Sim. Ela ficou bem triste quando eu não correspondi sua fala, eu percebi em seu olhar. 

— É, você é Natalie se amam. Ela ficou a noite inteira no hospital, não afastou os pés enquanto não teve noticias suas. Ela faz o impossível e possível por você.

Aquela ultima frase partiu meu coração. Como eu não sou capaz de lembrar de alguém tão importante assim? 

—Que droga!—bufei. 

—Calma, logo tudo vai se resolver. Você vai receber alta e vai recuperar a parte da sua memoria que falta. 

— Meu deus, eu nem consigo lembrar que sou lésbica.  — retruquei. 

—Bem vinda ao clube novamente—  disse ela sorrindo 

— Meu deus, você também é? 

— Sim. Desde o dedinho do pé até o ultimo fio de cabelo. 

— Minha nossa, e a gente—  gaguejei e falei com dificuldade as próximas palavras —   nós.. hã.. já ficamos? 

—Não—  disse ela sorridente—  nunca ficamos ou tivemos qualquer relação amorosa.

— Ufa—  respirei aliviada—  quer dizer, não que você não seja encantadora, mas é que eu não... você sabe— guaguejei—  não queria magoar outra pessoa, mas isso não quer dizer que eu não ficaria, quer dizer não agora que eu sou noiva. Mas... é, eu ficarei, mas não agora porqu...— não consegui articular as palavras e corei.

— Fique tranquila—  falou Lena sorridente interrompendo meu mau jeito— Nós nunca nos relacionamos, apenas profissionalmente, mas eu a acho encantadora, Anabelle. E não seria  nenhum sacrifício me envolver com você. Mas respeito seu noivado, e respeitarei sempre. Fique tranquila. 

— Meninas—  uma voz grave interrompeu a conversa, e eu no fundo respirei aliviada por essa interrupção. —  o horário de visita terminou.

—Tudo bem—  disse Lena—  volto para visitar você  outro dia. Fique bem, tá bom? —  Lena repousou um beijo suave em minha testa, me invadindo com seu perfume doce. Em seguida saiu do quarto, me deixando a sós com o Doutor. 

— E então, Senhorita Portmand? —  disse ele —  lembrou de todos? Está tudo bem? 

— Não de todos, Doutor. —  respondi sem ânimo. 

— De quem você esqueceu? 

— Medalaine e... — seu nome saiu com dificuldade de minha boca—  Natalie. 

— Certo. Vamos precisar manter você mais essa noite no hospital em observação. Fazer exames e observa-la a longo prazo para termos certeza que sua falta de memória é repentina ou permanente. 

— Tudo bem. 

Realizei tomografia pela parte da tarde e alguns exames de percepção  e vários outros. Mas em nenhum momento eu esqueci da palavra " Noiva" pairando por minha mente caótica e bagunçada. Como eu fui capaz de esquecer? Como eu agiria agora? Como era ou como vai ser minha vida com alguém no qual eu não me recordo? Eu estava assustada, confusa e desapontada por magoar alguém que parecia ser tão boa para mim. 

Intenso ( Segundo livro da trilogia descobrindo o prazer)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora