Capítulo 2 - Jin RuLan.

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O que era para ser uma festa estava uma bagunça e Jin Ling, após trocar sua roupa, estava correndo para os montes que ficavam próximos da Torre da Carpa, deixando rolar as lágrimas por suas bochechas coradas.

Estava envergonhado demais e sentia-se humilhado por todos aqueles olhares julgadores, não teria coragem de encarar os outros tão cedo, principalmente seus “noivos”.

Jin Ling, “Por quê? POR QUÊ?!” Gritava enquanto cortava os galhos em seu caminho com Suihua, irritado com a situação. Só decidiu parar quando chegou perto de uma árvore que possuía raízes grandes o suficiente para abrigar alguém. Cansado demais por correr por horas, encostou nela, derrotado. “Por quê eles tiveram que fazer isso...?”

Não entendia o motivo de precisarem marcar um casamento para si. Esperar mais alguns anos até que realmente fosse um adulto iria atrapalhar eles? Apesar disso, o casamento era seu, não deles, então não tinha como atrapalhar seus pais; ou tinha?

Abraçou as pernas e deitou o rosto ali, podendo ser ouvido choro baixo e fungadas sofridas. Seus sentimentos vagavam entre tristeza e decepção; será que seus pais pensavam que ele era um estorvo e precisava, de alguma forma, expulsá-lo de casa?

Ele confiava em seus pais, sempre fazia o melhor que conseguia e apesar de sua grosseria e mesquice - muitas vezes não propositais - Jin Ling sabia que era um bom filho. Tirava notas altas, sua esgrima e pontaria eram certeiras e nunca deu trabalho à ninguém além de seu Tio Jiang, que vivia ameaçando quebrar suas pernas caso não caçasse coisas realmente importantes durante as caçadas noturnas que fazia com ele.

Depois de um bom tempo ali, pôde finalmente acalmar seus batimentos cardíacos e assim que seus sentidos voltaram ao normal, era perceptível passos agitados à poucos metros longe daquela árvore. Se escondeu mais um pouco, tentando entender o que estava por ali; não havia energia ressentida por perto, então teoricamente não era perigoso.

“Olhe, pai! Há vários galhos cortados aqui.” Uma voz feminina exclamou, preocupada.

“São cortes de espada, algum cultivador passou por aqui.” Agora um homem, com a voz firme e aparentemente analisando a situação das árvores.

Jin Ling sentiu seu pomo de adão subir e descer, não reconhecendo os donos daquelas vozes. Ousou levantar a cabeça minimamente para espiar o que estava acontecendo ali, tomando cuidado para não ser visto.

A garota tinha uma altura mediana, seus cabelos escuros presos em dois coques altos aos lados de sua cabeça, deixando duas mexas da franja caírem na altura de sua clavícula (acima do peito). A mesma vestia um robe verde claro com alguns detalhes em branco e em suas costas possuía uma vareta – pouco maior que um metro – de bambu com um pingente de franja na ponta, ambos em tons de verde. Ela parecia uma pessoa bem energética.

Por outro lado, o homem que a acompanhava era bem alto e possuía o cabelo solto, na cor preta, que paravam em seu quadril, com um coque no topo de sua cabeça. Ele usava um robe preto com detalhes brancos e nas suas costas havia um batedor de cavalo preto e uma espada. Seu rosto tinha uma expressão intimidadora, ainda que ela não fosse dirigida para a garota ao lado dele.

“Wow! Quem ousaria cortar as árvores desse jeito? Elas não fizeram nada- Ei! Quem está aí?!” Imediatamente, pegou seu bambu e apontou na direção da árvore em que Jin Ling se encontrava. O garoto não teve outra escolha se não abaixar a cabeça por conta do susto, tremendo levemente. Não conhecia eles e tinha certeza de que, caso o homem ali decidisse lhe atacar, não iria sair vivo. “Estou falando com você!” A jovem exclamou de forma confiante, se aproximando cada vez mais.

Jin Ling, Merda, merda, merda! Por quê pisei num maldito galho logo agora?!

Alguns segundos depois, a garota estava em frente à ele, com os braços cruzados e acompanhada de seu suposto pai. Ela estava com as sobrancelhas franzidas, encarando os olhos de Jin Ling. O mesmo ficou assustado, tanto por aquelas orbes que eram tão claras – ao ponto de lembrar um branco fantasmagórico, como se a desconhecida fosse cega. – Quanto pelo homem, que só pela aparência já deixava qualquer pessoa com receio de se aproximar; entretanto, o mesmo fez uma reverência para Jin Ling antes de deixar a filha continuar.

Enfim, Somos um TrisalOnde histórias criam vida. Descubra agora