Capítulo 4

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Lennon

Entro no quarto e meu deus. As paredes do quarto são grafitadas e uma parede tá cheia de skates pendurados. Tem de vários tamanhos, modelos e cores. Eu achava que era apaixonado por skate, mas essa mina ganhou disparado. Nem sei mais o que esperar.

- Gostou? - ela fala olhando pra parede.

- Quando disse que gostava de skate não imaginei que era tanto assim - ela sorri e senta na cama ainda admirando a parede.

- Meu pai morreu - a olho surpreso - andando de skate. Ele foi atropelado por um ônibus enquanto andava no meio da pista movimentada - uma lágrima escorre - quem em sã consciência faz isso? - ela ri forçado. - meu irmão e eu dividimos alguns skates que ele tinha. - ela caminha até três skates que estão mais acima dos outros. - Esses aqui, são especiais demais pra mim. - passa a mão pelos mesmos.

- Sinto muito pelo seu pai - me aproximo e escuto soluço e então ela se vira pra mim.

- Tudo bem - ela enxuga as lágrimas - ele não gostava de ver ninguém chorando. Ele gostava de me ver andando de skate, e é o que ele vai ver agora lá de cima. - ela vai até o closet e volta com uma roupa nas mãos - vou me trocar rapidinho, fica a vontade - ela diz entrando no banheiro.

Caraca, ela acabou de se abrir pra mim? Não sei o que mais ela pode ser ou fazer pra me surpreender. Ela ficou forte o tempo inteiro enquanto me contava sobre o pai. Guarda seus skates com muito carinho, e ainda consegue sorrir enquanto pensa no mesmo pois ele não gostaria de vê-la triste. Essa mina já era especial e eu nem sabia seu nome, agora se tornou ainda mais.

Analiso um pouco mais seu quarto. Vou até sua escrivaninha e vejo algumas fotos. Umas tem garotas, deve ser da agência onde ela trabalha. Em outras são somente paisagens, e cada uma mais linda que a outra. Tem alguns papéis também. São desenhos, tanto de biquíni quanto a praia. Ela ainda por cima desenha.

O que mais essa garota sabe fazer?

- Eu surfo e jogo bola - uma voz doce responde saindo do banheiro.

- Você escutou? - fico confuso.

- Você deve ter pensando alto - ela ri. - ah não você viu meus desenhos. - ela tenta esconder.

- Por que tá tentando esconder? - pego os desenhos de sua mão - são lindos - falo olhando pra eles.

- Os biquínis talvez, mas as praias não. Tô enferrujada. - ela olha os desenhos.

- São muito bons Maria Vitória - ela me olha.

- Não me chama assim, parece que você tá você brigando comigo - rio - escolhe um - ela aponta prós skates na parede e guarda os desenhos em uma gaveta.

- Qualquer um vai - ela se vira pra mim.

- Escolhe um que você gosta logo Lennon - ela põe a mão na cintura, quase rio de sua pose fofa.

- Tá vai - olho a parede - aquele - aponto pra um skate vermelho com verde neon e ela abre um sorriso enorme.

- Por que escolheu esse? - pergunta enquanto tira o skate da parede.

- É mais bonito, chamou minha atenção - ela balança a cabeça ainda sorrindo. - o que foi?

- Eu mesma escolhi esse skate e sabe o que eu disse pro meu irmão? - nego - é o mais bonito, chamou minha atenção - rio de nossas falas iguais.

- Temos gostos parecidos, pelo menos nisso né, porque seu gosto pra filmes é horrível - ela revira os olhos.

- Olha, eu só não quebro esse skate na sua cabeça porque ele é lindo demais e é um dos meus favoritos. - bufa.

- Vamo logo vai - saímos do quarto e ela vai em direção a uma porta no corredor.

- Oh casal, a gente tá saindo tá? Beijo, valeu - ela não espera eles nem responderem e desce as escadas, e eu vou logo atrás.

- Você quer ir de carro? - pergunto.

- Pra que? Você vai ter levar o Victor de volta mesmo, vai ter que passar aqui de qualquer jeito.

- Verdade. Vamo - saímos da casa.

O caminho até o calçadão foi tranquilo, a gente se conheceu melhor. Descobri que ela tem uma irmã também que atualmente mora em Nova York. Sua mãe é do Rio mas não mora muito perto e seu irmão ta em São Paulo viajando a trabalho mas mora sozinho no Rio.

- Você não fala muito de você - ela fala do nada.

- Oi?

- Desde que nos conhecemos você descobriu um monte de coisas minhas. Agora quero saber de você - ela me olha.

- Ah não tem muito o que falar. Sou o L7 no palco e tô sendo o Lennon aqui com você. - ela sorri - tenho uma irmã, ela se chama Anna Estella, e meu cunhado é o Filipe Ret.

- Família de artistas - ela revira os olhos divertidamente.

- Minha mãe mora aqui no Rio também, bem pertinho daqui aliás.

-E seu pai? - pergunta

- Abandonou minha mãe quando descobriu que ela tava grávida de mim.

- Sinto muito - ela parece arrependida por ter perguntado.

- Não sinta, ele voltou depois, disse que mudaria, nisso eu já tinha mais ou menos três anos. Aí ele engravidou minha mãe e foi embora de novo. Depois disso nunca mais ouvimos falar dele. - ela parece surpresa.

- Não temos boas lembranças dos nossos pais.

- Você tem sim, só precisa focar nos momentos bons que vocês viveram e esquecer da tragédia que aconteceu. Quem me dera se eu pudesse ter vivido metade do que você viveu com seu pai. - ela fica pensativa.

- Sinto muito por isso - apenas assunto.

- Vamo mudar de assunto por favor - falo fazendo a rir.

- Vem, vou te ensinar como se anda de skate de verdade - ela sai deslizando.

- Tá dizendo que eu não sei andar é dona Mavi? - ela ri.

- Você que tá falando

- Você vai ver - tento andar mais rápido para alcançá-la mas a mesma também aumenta a velocidade.

Passamos a tarde assim, rindo e nos divertindo. O sorriso dela me contagiava, era impossível não sorrir também. Já era noite e resolvemos voltar pra casa dela.

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Eles fazendo programinha juntinhos, tudo pra mim.

Último da madrugadaaa. Espero que tenham gostado.

Beijinhos - Cah

SORRISOS - L7nnonOnde histórias criam vida. Descubra agora