2. LIVRO ABERTO

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 O outro dia foi melhor... e pior.

Foi melhor porque não estava chovendo ainda, apesar de as nuvens estarem densas e opacas. Foi mais fácil porque eu já sabia o que esperar do meu dia. Jimin veio se sentar ao meu lado em Inglês, e me acompanhou até a minha próxima aula, com Sehun do clube de xadrez encarando ele o tempo inteiro; era uma reclamação. As pessoas não ficaram me olhando tanto quanto ontem. Eu sentei com um grande grupo que incluía Jimin, Sehun, Jessica e muitas outras daquelas pessoas cujos nomes e rostos eu lembrava agora. Eu comecei a sentir que agora eu andava na água, ao invés de afundar nela.

Foi pior porque eu estava cansada; eu ainda não conseguia dormir com o vento ecoando ao redor da casa. Foi pior porque o Sr. Varner me chamou em Trigonometria quando a minha mão não estava levantada e eu dei a resposta errada. Foi infeliz porque eu tive que jogar Vôlei, e na única vez que eu não fugi da bola eu atingi a minha parceira de time na cabeça com ela. E foi pior porque Lalisa Manoban não estava na escola durante a manhã inteira eu estive temendo o almoço, sentindo seus olhares bizarros. Parte de mim queria confrontá-la e ordenar que ela dissesse qual era o problema. Enquanto eu estava deitada acordada na cama, eu até imaginei o que eu diria. Mas eu me conhecia bem demais pra achar que eu teria a coragem de fazer isso.

Eu fiz a menininha inocente do Mágico de Oz parecer o Exterminador. No momento essa foi a melhor aquisição que consegui pensar sobre ela.

Mas quando eu entrei na cafeteria com Jessica tentando evitar que os meus olhos vasculhassem o lugar procurando por ela, e falhando miseravelmente, eu vi que seus quatros irmãos estavam sentados juntos na mesma mesa, e ela não estava com eles.

Jimin nos recebeu e nos guiou até a mesa dele. Jessica parecia alegre pela atenção, e as amigas dela rapidamente se juntaram á nós. Enquanto eu tentava ouvir a conversa fluente deles, eu estava terrivelmente desconfortável, esperando nervosamente pelo momento que a Manoban mais nova chegaria. Eu esperava que ela simplesmente me ignorasse quando chegasse, e provasse que as minhas suspeitas eram falsas.

Ela não veio, e com o passar do tempo eu fiquei mais e mais nervosa.

Eu fui para Biologia mais confiante quando, ao final do almoço, ela ainda não havia aparecido. Jimin, que estava agindo como um cão de guarda, andou fielmente ao meu lado até a sala de aula. Eu segurei o fôlego na porta, mas Lalisa Manoban também não estava lá. Eu exalei e fui me sentar. Jimin me seguiu, falando de uma viagem á praia que estava pra acontecer. Ele se curvou na minha mesa até que o sinal tocou. Jimin sorriu tristemente para mim e foi sentar perto de uma garota de aparelho e com um penteado pecaminoso. Parecia que eu teria que fazer alguma coisa em relação á ele, e não seria fácil. Em uma cidade como essa, em que todo mundo vive em cima de todo mundo, diplomacia é essencial. Eu nunca tive muito tato; eu nunca tive muita prática em lidar com garotos amigáveis demais.

Eu estava aliviada que teria a mesa para mim mesma, que Lalisa estava ausente. Eu disse isso para mim mesma repetidamente. Era ridiculoso, e egoísta, pensar que eu poderia afetar alguém desse jeito. Era impossível. E ainda assim eu não conseguia parar de pensar que fosse verdade.

Quando o dia na escola finalmente acabou, e as minhas bochechas não estavam mais coradas por causa do incidente no Vôlei, eu rapidamente coloquei as minhas calças jeans e o meu suéter azul marinho. Eu saí correndo do vestiário feminino, contente de ver que momentaneamente eu havia conseguido afastar o meu amigo cão de guarda.

Eu caminhei rapidamente até o estacionamento. Agora estava cheio de alunos. Eu entrei na minha caminhonete e procurei na minha mochila pra ver se eu tinha tudo que precisava.

Noite passada eu descobri que meu pai não sabia cozinhar nada além de lámen e um arroz branco. Então eu pedi para tomar conta dos detalhes da cozinha enquanto durasse a minha estadia. Ele ficou feliz o suficiente pra me passar a chave da sala do banquete. Então eu estava com a minha lista de compras e o dinheiro do jarro no armário onde havia 'DINHEIRO DA COMIDA' escrito, e estava á caminho do Otugui, um mercado coreano espalhado por vários lugares, além de Forks.

Crepúsculo - JenlisaWhere stories live. Discover now