Capítulo 6

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Mais um capítulo novinho! Espero que gostem. Aproveitem!
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Dois meses se passaram desde que aceitei o convite de Ricky para um encontro em sua casa. Desde então, estamos nos vendo com frequência. Algo inédito, já que antes nossos encontros eram ocasionais. Já Pedro, não apareceu mais depois daquela noite e não trocamos mais nenhuma mensagem. Porém, mesmo distante fisicamente, sua presença nos meus pensamentos era constante. Por mais que eu lutasse e me esforçasse para afastar esses sentimentos e lembranças, eles insistiam em aparecer. Eu lembrava constantemente do tom rouco, mas calmo, de sua voz. O peso do seu olhar doce sobre mim. A forma com que ele me tratou naquela fatídica noite, mesmo sem me conhecer. Seus esforços para fazer com que eu me sentisse melhor. Sua preocupação.

Inconscientemente, eu o comparava com Ricky a todo momento. Ricky, me tratava de forma prepotente, era machista, bruto e algumas vezes, até mesmo violento. Eu deixava claro, que aquilo não era legal e eu não gostava de tais atitudes, mas ele sempre se justificava, hora dizendo que só fazia aquilo por gostar de mim e se importar comigo, hora me culpando por seus atos, como quando eu usava um "vestido curto demais para seu gosto". Ele sempre se justificava, e eu sempre acatava. Não enxergava que a culpa não estava em mim.

Mesmo que eu tentasse afastar qualquer pensamento relacionado ao Pedro, para mim era claro, que eu já nutria algum sentimento por ele. Não sabia o que era exatamente, ou não queria admitir, mas existia. Estava ali. Prometi para mim mesma, que o guardaria só para mim, como se fosse uma joia, a qual só eu sabia da existência, e com o tempo, conseguiria me desfazer dela. Não era saudável para mim nutrir esse sentimento. Além de ser famoso, ele namorava, e a essa altura, eu já tinha entendido que ele ajudaria qualquer pessoa da mesma forma que me ajudou, eu não tinha nada de especial. Fazer isso, estava em sua natureza. Eu fui apenas mais uma entre as milhares de pessoas que passam por sua vida diariamente. Alimentar esse sentimento, só me machucaria.

O sistema de Giu de me colocar para atender mesas com famílias ou pelo menos uma mulher, vinha dando certo. Nada parecido com o que sofri aquele dia tinha acontecido novamente e eu estava colocando minha vida de volta aos eixos.

Mas como a vida não cansa de me surpreender (positivamente ou negativamente), naquela noite, ela havia me preparado um enredo de drama perfeito.

Era sexta-feira e o Café estava cheio. Estava no caixa, fechando a conta de um grupo de clientes, quando o sino da porta toca. Quando desvio meu olhar para averiguar o novo visitante, meu coração se aperta instantaneamente. Pedro. Minha boca seca, e algumas borboletas surgem no meu estômago. Acho que todos os meus esforços para sufocar meus sentimentos foram em vão.

Ele permanece parado no batente da porta, olhando ao redor do salão como se procurasse por alguém. E então, nossos olhares se encontram e ele vem na minha direção. Paralisada, meus músculos me impedem de esboçar qualquer reação, e permaneço o encarando. Quando ele se aproxima do balcão, me cumprimenta com um sorriso, que me derrete por dentro:

- Oi. Quanto tempo. Como você está?

- Oi. Estou bem! E você? – respondo de forma automática. E então, sem pensar, completo – Você sumiu.

Ele parece surpreso.

- Estava gravando um filme em outra cidade. – ele se explica, mas algo em seu olhar me diz que aquilo não era 100% verdade.

Giu havia percebido que todos os dias eu o esperava aparecer. Ele percebeu meu olhar, todo momento que o sino tocava, e não era ele na porta. Enquanto eu conversava com Pedro, Giu me chamou, dizendo que precisava de mim. O jeito que olhou para Pedro, o entregou: estava bravo, provavelmente, por seu sumiço sem explicação e por ter me deixado daquela maneira. Chateada, me desculpo com Pedro, mas planejo mentalmente voltar para conversar com ele, entre um atendimento e outro.

Todas as vezes que parei para conversar com ele, tive que me policiar para não perder a noção do tempo. O assunto fluía e a todo momento, eu me pegava encantada com a forma que ele falava sobre os assuntos que gostava. Ele se empolgava contando suas histórias e se empolgava falando de seu trabalho. Eu via o brilho em seus olhos quando falava de seus personagens, em especial, quando mencionava a série The Mandalorian. Aquele personagem significa mais para ele, do que as pessoas podem imaginar. Nas palavras dele, "é um sonho realizado". Quando a vez de falar era minha, ele ouvia com atenção e olhava nos meus olhos. Fazia perguntas, e era perceptível seu interesse e atenção em tudo que eu falava. Durante nossas conversas picotadas (já que o dever me chamava), alguns fãs o abordavam, e ele os tratava de forma exemplar: sempre com um sorriso no rosto, perguntava seus nomes, oferecia fotos e autógrafos, puxava assunto. Desse jeito, era praticamente impossível continuar afogando o que eu sentia por ele, em certa hora da noite, eu achei que ia explodir.

Em um momento que eu estava empolgada com um dos milhares assuntos que conversávamos, percebi seu olhar desviar dos meus olhos, para meu pulso apoiado no balcão. Acompanhei com o olhar o que ele estava vendo, e para minha surpresa, era um hematoma. Na mesma hora, me lembrei a natureza daquele machucado: Ricky. Em um de seus acessos de raiva sobre a maneira que me vestia (era um vestido comum, e nem era tão curto assim), ele agarrou forte meu pulso, e mesmo eu pedindo para me soltar, avisando que estava me machucando, ele só parou quando prometi não usar mais aquela peça.

- Olívia, o que... – antes que ele pudesse continuar, consegui formular uma desculpa:

- Eu bati. No balcão da minha cozinha.

Ele abriu a boca para rebater, mas foi impedido por uma grande comoção no salão. Quando levantei o olhar para tentar ver o que estava acontecendo, Giu vem correndo me chamar:

- Estão chamando por você no salão.

Quando chego no salão, nada que eu tivesse imaginado chegaria perto do que realmente estava acontecendo: em pé em cima de uma mesa e com um buquê de rosas vermelhas na mão, estava Ricky. Os clientes sentados nas mesas ao redor, assistiam a tudo encantados, já eu, permaneci paralisada, encarando Ricky, sem reação. E então, ele finalmente fala:

- Olívia, estamos juntos a dois meses e quero uma garantia para ter você todos os dias comigo, sendo assim, você aceitaria namorar comigo? – para os espectadores da cena, aquilo era uma declaração romântica, mas só eu sabia que nas entrelinhas daquela fala, ele queria ter uma espécie de "posse" sobre mim. Ainda sem saber o que pensar, abro a boca para tentar formular uma resposta, então ele grita:

- Sabia que você aceitaria! – ele desce da mesa, me entrega o buquê, me beija e me abraça. Quando abro os olhos, e olho por cima de seu ombro, enxergo Pedro parado no fundo do salão, assistindo a toda a cena. Mesmo perplexo, acredito ver um lampejo de tristeza em seu rosto e em seus olhos. Mas depois de toda essa comoção, deve ser apenas minha cabeça tentando me pregar mais uma peça.

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Provavelmente, esse final vai fazer vcs me odiarem kkkkk, mas eu PROMETO que o próximo capítulo vocês vão AMAR!

Free Falling - Pedro PascalWhere stories live. Discover now