Capítulo 16

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Cheguei com um capítulo novinho! E só digo uma coisa: separem a caixinha de lenços! Aproveitem!

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Mandei mensagem para Pedro, falando que precisava falar com ele o mais rápido possível. Ele me respondeu que assim que as gravações acabassem iria direto para o meu apartamento. Eu achei que surtaria enquanto o esperava. Andava de um lado para o outro, questionava minha decisão, me arrependia, pensava em voltar atrás. Mas eu não poderia. Eu precisava fazer aquilo.

Mas como? Como terminar com ele? Como me afastar da pessoa que eu amo? Que me ensinou a amar? Que me ensinou o que é o amor de verdade? Que me tratou como se eu fosse a pessoa mais importante do universo?

Não seria nada fácil, mas eu sei que ele sofreria menos se eu terminasse nossa relação do que se a carreira dele acabasse.

Esperando-o chegar, eu andava de um lado para o outro. Minha cabeça latejava, meu peito doía e meu coração já estava partido em antecipação. Eu tentava me preparar para algo que não tinha como me preparar. Eu já havia chorado tanto que meus olhos estavam inchados e vermelhos.

E ele chegou. Tocou três vezes a campainha da forma combinada, me dirigi para a porta, mas parei a dois passos da maçaneta. Repensei em tudo. Um filme do nosso relacionamento e momentos juntos passou pela minha cabeça, mas eu não podia deixar a emoção ganhar a batalha contra a razão. Respirei fundo e abri a porta para ele entrar na minha casa – e na minha vida – pela última vez.

Eu não sei se já era a saudade falando mais alto, mas ele estava lindo. Um pouco mais do que os outros dias. E eu nem sabia que isso era possível.

- Oi meu amor! Estava com saudades! – disse assim que abri a porta, me abraçando e me beijando.

Eu não correspondi. Eu não poderia corresponder.

- O que houve, Lili? Há algum problema?

Meu Deus! Por onde eu começo? Como eu começo? Sem falar uma palavra sequer, pego sua mão e o puxo para se sentar no sofá.

- Pedro, eu nem sei como eu vou te falar isso – comecei, na esperança das palavras fluírem.

- O que houve, Lili? Você está bem? Você está me assustando.

Meu coração pesava no peito. Eu estava prestes a fazer o que ia fazer, e ele estava preocupado comigo. Eu não o merecia.

- Eu estive pensando e a gente é muito diferente Pedro. Vivemos em mundos completamente diferentes. – falei a primeira coisa que veio na minha cabeça.

- Lili, eu não estou entendendo. Aonde você quer chegar? – seu olhar era de terror.

Respira fundo, Olívia. Você consegue. Vai de uma vez, como se arranca um band-aid...

- Agora é tudo muito bom, muito lindo. Mas e depois? Só amor não é suficiente – o que eu mais temia aconteceu: eu estava chorando. Incontrolavelmente – Você precisa de alguém a sua altura.

- Como assim, Olívia? Alguém a minha altura? É você quem eu amo, é você quem eu quero – agora era ele que chorava. As lágrimas rolavam por seu rosto.

- Pedro, acredita em mim. Vai ser melhor para você.

- Olívia, por favor não fale o que eu estou pensando que você vai falar – ele soluçava e se enrolava nas palavras. Esticou seus braços e apertava minhas mãos com força. Meu coração estava dilacerado.

- Eu preciso falar Pedro. Vai ser melhor assim, acredita em mim – eu também me enrolava nas palavras em meio às lágrimas – Vai doer menos agora, eu não quero te fazer sofrer.

- Eu já estou sofrendo, Lili, eu já estou sofrendo! – ele falou em um tom mais alto, quase gritando.

- A gente não pode continuar junto. Acabou – tentando ignorar o nó cada vez maior na minha garganta, soltei de uma vez.

- Não é possível Olívia, não é! A gente se ama! Não se ama? – ele fala desesperado me puxando para perto.

- Eu te amo, Pedro. E está me doendo muito. Muito. Mas eu preciso fazer isso – falo em meio ao turbilhão de lágrimas e ele me puxa para mais perto, me abraçando.

E então ele me beija. Minha cabeça tomada por uma mistura de sentimentos, e eu acabo retribuindo, nossas lágrimas se misturam em um ato desesperado de despedida. Mas me afasto rapidamente, e em uma última tentativa para me fazer voltar atrás, ele se ajoelha aos meus pés, segurando minhas mãos de forma suplicante.

- Por favor, Olívia! Por favor não faz isso.

- Por favor Pedro, não torne tudo isso mais difícil do que já é. Acredite, é para o seu bem. Um dia você vai me entender. Acho melhor você ir embora.

- Você está certa de que é isso que quer? – à essa altura, eu evitava contato visual com ele.

- Tenho – respondo rapidamente, para que não haja chance nenhuma de voltar atrás.

Ele se levanta e me olha, fixando seu olhar em cada detalhe do meu rosto como se tentasse guardar em sua memória cada centímetro. E sem dizer nem mais uma palavra, vira as costas e vai embora. Me deixando sem chão.

-

No outro dia, eu não tenho forças para nada. Mal penteio meu cabelo e não faço maquiagem nenhuma. Pego o primeiro uniforme que encontro.

Chego no Café e tento me distrair com as minhas tarefas, mas tudo é em vão. Eu não consigo esquecer o olhar dele, suas lágrimas, sua voz embargada. Demoro o dobro do tempo que geralmente demoro. Quando Giu chega, percebo seu olhar de preocupação. Sua discrição sempre o impede de me perguntar sobre minha vida, mas hoje acho que sua preocupação comigo falou mais alto.

- Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

Pondero se devo contar para ele sobre o término ou não. Mas Giu, é o que tenho mais próximo de um pai e aqui em Los Angeles, é o que tenho mais perto de uma família agora que perdi Pedro.

- Eu e Pedro não estamos mais juntos.

Por ser um homem de poucas palavras, Giu é um ótimo observador, então, só essa meia dúzia de palavras já é o bastante para que ele entenda tudo. Ele sabe o quanto eu amo Pedro, o quanto ele significa para mim e o quão mal eu devo estar.

- Olívia, vai para casa – eu sou pega de surpresa, mas ele emenda – Ou melhor, tire um mês de férias. Você tem muitas férias atrasadas – eu tinha mesmo, já que trabalhava o máximo possível para guardar o máximo de gorjeta que conseguisse – Eu posso arrumar alguém temporário para o seu lugar.

Faço um esquema mental dos prós e contras da proposta dele e concluo que ele tem razão. Se continuar trabalhando nessas condições, não renderei nada.

- Tudo bem, Giu. Eu aceito.

-

Quando chego em casa percebo que será um mês difícil. O que eu farei nesse tempo para ocupar minha cabeça? Cada centímetro da minha casa me lembra Pedro. Cada centímetro de Los Angeles me lembra Pedro.

E então uma ideia me ocorre: vou para minha cidade natal, Sutter Creek. Lá conseguirei descansar a mente, me distrair e ainda matarei saudades de minha mãe. É isso, preciso ir embora.

E é o que faço.

Free Falling - Pedro PascalWhere stories live. Discover now