Prólogo

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Os seus olhos azuis estavam marejados e tão avermelhados. Ela inspirava tão alto quanto os seus soluços. Eu os fazia cafuné e orava em sussurros, a única solução nesta situação era esquecer-me e concentrar-me em consolar os meus irmãos falando: "vai ficar tudo bem".

E, realmente, eu creio que tudo vai ficar bem, eu sei que Deus proverá. Não há nada a temer, eu sei que o meu Pai lá do alto escuta e escutou às minhas orações, e ele jamais me abandonará.

O meu coração partia-se em pedaços só de ver a Camille lacrimejando e o meu casula assustado e trêmulo. Se eu pudesse os acalmar e os tranquilizar. Eu daria tudo pelas minhas criaturas.

__Abby? - murmurou , Levi.

__Sim, meu anjo. - perguntei com a imagem desfocada.

Eu sei oque estou prestes a fazer e temo. Eu temo ficar fraca e de me sentir uma inútil e estúpida irmã. Eu quero ser forte e quero permanecer firme e com a cabeça erguida nas lutas. Eu só quero saber uma melhor irmã mais velha para os meus pequenos.

__Estou com medo. - Balbuciou. Eu já escutava os seus soluços de uma criança apavorada.

No final das contas, o nó da garganta foi adiante e ocorreu o temido. Eu chorei! Lacrimejei, porém baixinho para que os meus irmãos não escutassem. Eu estava triste e só queria o melhor para eles.

__Você conhece o papai do céu? - perguntei enxugando às minhas lágrimas. Levi assentiu e prossegui. - Ainda que tudo esteja mal feito , O menino Jesus vai nos consolar todos os dias e nos ajudar. O papai do céu estará sempre estará nos dando forças. Por mais que pareça que não há saída e não tem mais solução, saiba que... - suspirei apertando os meus olhos - no fim do túnel sempre há uma luz e uma solução.

Levi somente assentiu e um medo enorme tomou conta do meu ser. Eu não suportava tudo isso. Era como se estivesse carregando a dor deles e o seu medo.

O quarto era tão apertado , que até diria que o oxigênio fosse a angústia. Parecia um cemitério, é como se estivéssemos vivendo um luto a cada dia que passa.

__CALA BOCA! - escutamos o meu pai berrando, certamente para a minha madrasta. - Não ouse falar assim comigo nunca mais!

Camille movimentou-se no meu colo desconfortávelmente. Eu sentia água dos seus olhos gotejando em minha pele morena da minha coxa.

__Eu falo com você como eu quiser. - Berrou de volta ,- Pare de ser insolente e seja homem! Como você é tão estúpido e burro! Eu estou cansada da sua falta de respeito, Miguel, eu cansei. Cansei de ser tratada como um lixo, sendo que, na real eu sou uma mulher que merece respeito. Mas claro que um animal como você ...

Escutamos o som de um tapa forte. Parecia que algumas coisas estavam sendo arrastadas e o chão estava tremendo e fazendo ruídos.

__Vá em frente, me bata! - Os soluços eram tantos que foram muito bem escutados, e era provável que ela estava muito fraca de acordo com a voz.

Camille levantou-se , mas a segurei e a abracei e a mesma lacrimejou, gritando alto.

Eu sentia a dor dela...

Escutamos também, como se houvesse uma briga na sala de estar e um monte de sons de tapas e chutes ressoavam.

__Por favor, Miguel. - Ela chorava - Socorro! - Gritou com a voz falha.

__Mãe! - berrou Camille. Logo, sai correndo do quarto.

Corro atrás da mesma, deixando Levi só no quarto. Isso tudo está me matando por dentro. Eu não quero mais isso, eu nao quero mais viver assim. Já basta!

A Noiva Do CordeiroWhere stories live. Discover now