Sinto que o conheço

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Estava, outra vez, na floresta, sentado nas grandes pedras esbranquiçadas. Tudo estava no mais completo silêncio, quase como se não houvesse ninguém naquele lugar, ninguém além dele e daquele lupino.

Os pelos negros, os olhos flavos e brilhantes, a presença forte e marcada que reconhecia tão bem. Ele estava ali na sua frente, o encarando de volta com aquele olhar que mergulhava em seu interior e o incendiava.

Viu ele caminhar até si e o esperou sem recuar.

Finalmente findou seu desejo de tocar e acariciar os pelos escuros e tão macios – bem como imaginava – quando ele estava diante de si – sem fugir dessa vez –, afundando seus dedos entre a pelugem da lateral da cabeça do lobo, como um gesto internalizado, que em resposta à carícia encostou a fronte na sua.

O garoto fechou os olhos se sentindo plácido por estar com ele ali, ao alcance do seu toque, sentindo aquela estranha e absoluta familiaridade que parecia um vício e uma necessidade.

Quando abriu novamente seus olhos não era mais o lupino que via, mas sim o moreno com os mesmos profundos olhos dourados quem estava na sua frente. Suas testas ainda se mantinham coladas uma à outra e sentiu o calor intenso emanar dele.

Tudo estava quente, sua pele onde a dele também lhe tocava, suas respirações tão próximas ao ponto de se misturarem, aquele desejo de estar perto, de senti-lo consigo.

E finalmente romperam a distância entre eles.

Sentiu o desejo se alastrar como fogo por todo seu corpo ao ter aqueles lábios macios contra o seu em um beijo molhado e ardente. Mas queria mais, muito mais.

Estremeceu ao sentir a língua quente e úmida adentrar a sua boca e tocar a sua. Retribuiu o contato de imediato, iniciando uma batalha por espaço na boca alheia, sentindo seu corpo vibrar internamente com o gosto distinto que sentiu.

Se aproximou mais do corpo bem definido e totalmente exposto do moreno, a fim de tê-lo mais perto. Queria estender aquele momento, senti-lo mais, tocá-lo mais, porém sentiu uma repentina dor quando algo pesado atingiu seu rosto e abriu os olhos assustados, percebendo finalmente ainda estar em seu quarto.

– Levanta logo oh, bela adormecida. - Ouviu a voz alta de Ace o chamar apressado, fazendo-o despertar ainda atordoado.

O menor se sentou com a respiração descompassada, o coração acelerado, os fios negros presos na testa, o corpo suado e quente, principalmente suas bochechas que, com certeza, estavam coradas. Havia sido um sonho, um ótimo sonho que parecia tão real que ele não queria ter acordado, ainda mais na melhor parte.

– Estamos atrasados. O Sabo teve que sair mais cedo por causa do trabalho e o Marco sai nestante também. - O mais velho estava de frente ao guarda-roupa, vestindo suas roupas da forma mais rápida que podia. – Anda, Luffy. Ele não pode se atrasar hoje, nem eu.

Luffy levantou irritado vendo a pequena ereção em suas pernas e sentiu as bochechas esquentarem mais ainda. Viu uma toalha azul escura molhada sobre a cama – com os lençóis úmidos pelo suor –, já sabendo o quê havia o acertado e a pegou, embolando-a e jogando de volta do moreno de sardas que estava de costas.

– Não precisava me acordar agora, idiota. - Pegou outra toalha, caminhando até o banheiro com passos duros.

Mesmo com a água gelada que caía em seu corpo, ainda se sentia extremamente quente. Havia sentido os lábios do outro de forma tão real que parecia que ele realmente estava lá.

A visão do moreno e as sensações projetadas por sua imaginação estavam impregnadas em sua mente, fazendo um arrepio correr por toda sua espinha, bem como a corrente elétrica que o percorria, se concentrando em seu baixo ventre.

O lupino da floresta proibidaWhere stories live. Discover now