Eu não quero te perder nunca mais

348 74 25
                                    

Passado alguns dias, para Luffy, tudo permanecia praticamente igual. Se mantivera ali no quarto, vez ou outra deitado ao lado do lupino, outras segurando a mão dele ou então, como no momento, sentado na madeira do chão do quarto ao lado da cama o observando.

A maioria dos corte já haviam começado a desaparecer, estranhamente sem deixar cicatrizes, já outros permaneciam marcando a epiderme pálida.

Seus dedos encaminharam-se para o rosto alheio, contornando os seus traços, sentindo a ausência daquele calor exacerbado de sempre. Estava preocupado por ele ainda não ter acordado embora seu corpo já começasse a se curar gradativamente. Segundo Drake, ele já estava se recuperando e não havia acordado para repor as energias, entretanto até ele sabia que ninguém dormia por tantos dias daquela forma e estava realmente bem, afinal como ele iria ficar bem perdendo tantas refeições? Marco tentava o tranquilizar com aqueles tubos que usava para injetar coisas nele, porém Luffy ainda se preocupava, aquilo não parecia ser o suficiente, nem de longe.

- Luffy. - Uma voz chamou a sua atenção para atrás de si, vendo Ace o encarar preocupado da porta. - Você precisa descansar um pouco e comer também... Vem, pode dormir comigo ou com o Sabo se quiser um de nós fica aqui por você.

- Pode deixar, eu tô bem e não tô com muita fome. - Ouvir aquilo vindo de seu irmão mais novo era como um tiro no coração do sardento. Claro que ele ainda se alimentava bem, mas não tanto quanto era o seu normal e isso o preocupava bastante, se as coisas continuassem daquela forma era ele quem estaria doente.

Luffy não queria sair do quarto por nada e tentar forçá-lo a sair seria pior, por experiência Ace sabia disso e se resignou a apenas suspirar, deixando-o sozinho.

Com todo aquele tempo sozinho em companhia da sua mente apenas, Luffy estava pondo em prática algo fora de seu costume, jamais presente em seu cotidiano: pensar e refletir.

Ainda não entendia tudo, faltava algumas peças do quebra-cabeça daquela história e provavelmente Law as tinha. Conquanto, mesmo sendo capaz de traçar a história que vivenciaram com o que detinha, não queria fazê-lo, ao menos, não apenas por saber ou curiosidade.

Sabia que tiveram uma vida passada, isso por si só já era uma loucura e tanto - não que Luffy não gostasse de coisas fora do normal -, e que nela, se amaram intensamente e compartilharam laços, no entanto, foram separados cruelmente.

Também entendia que os lobos simbolizavam liberdade, a conexão com a natureza e lealdade com laços além de sangue, de irmandade, companheirismo, família. Todavia, se os humanos eram seres egoísta, cheios de ignorância e estupidez, seguindo por séculos com esses mesmos erros, os lupinos não escapariam de tal sina, deixando a arrogância os dominar, passando a se considerarem superiores que os humanos, e pior, que uns aos outros.

E assim, inevitavelmente, guerras atrás de guerra se iniciaram, causando perdas e mais perdas. Entre os humanos, que levou ao preconceito e medo das bestas, fazendo-os sofrer retaliações, injúrias e perder suas famílias, como aconteceu com Law e muitos outros da sua e outras alcateia; e as guerras internas, fazendo eles próprios se destruírem, magoarem e machucarem uns aos outros, como em sua vida passada onde perdeu sua família e foi o responsável por destruir a de Law, que jamais deveria ser chamada dessa forma.

Contudo, Luffy, sendo quem era, não queria basear sua vida e suas escolhas naquilo. O que sabia era mais que o suficiente para poder separar o que era real e tangível agora e o que deveria ficar onde lhe pertencia: no passado. Não era ingênuo ao ponto de acreditar que não sofreu ou sofreria influência do que viveram anteriormente, evidentemente não, sabia que aconteceria em algum momento, mas estava determinado e decidido, não deixaria sua vida ser guiada por isso. Ele, e somente ele, tomaria as decisões para e por onde seu barco navegaria.

O lupino da floresta proibidaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt