O lupino da floresta proibida

Tem certeza disso?

Law se encontrava naquele momento longe de tudo e todos, ao menos era o que pretendia. Sentado em uma das pedras esbranquiçadas, ainda mais alabastrinas pela exorbitante quantidade de neve proporcionada pelo início do inverno, na área mais afastadas da floresta era onde ele estava, com suas orbes douradas percorrendo nostálgicas pelo local onde tudo começou – ou ressurgiu – que possivelmente via pela última vez, com um vazio doloroso no peito e quase absorto em pensamentos, se não fosse, no entanto, a companhia de seus três amigos sentados ao seu redor.

– Law, você tem certeza disso? - Penguin, assim como os outros, estava preocupado com o estado do amigo de infância. Era perceptível a todos o estado apático em que Law estava, era visível a dor e confusão nos olhos dele e a tristeza, mesmo que mascarada, em seu semblante. Eles acompanharam cada estágio do amigo, desde o estranho comportamento inicial, ao qual implicaram veemente, e a utopia de felicidade enquanto estava com o garoto ao brusco afastamento e desolação que o acompanhou. – Não vamos te julgar se não quiser ir, quer dizer, vamos sim, mas todos concordamos que sua felicidade é o mais importante.

– É, mesmo que eu não concorde com essa ideia maluca e principalmente deteste esses humanos inúteis, não quero que você seja infeliz. - Sachi, que sempre era o mais exaltado em ir contra a escolha de relacionamento do amigo, até mesmo estava tentando empregar um tom mais brando em sua fala. Sua relutância em aceitar era, majoritariamente, por preocupação, porém se Law estava tão afetado em se afastar, se isso estava fazendo mais mal do que bem a ele, as coisas tomavam outro rumo. – Não precisa fazer isto por nós se isso não for o que você quer.

– Eu já disse que não precisam se preocupar comigo. Foi uma escolha minha, uma escolha consciente. Eu vou seguir com vocês e está tudo bem. - Para quem não o conhecesse, veria apenas alguém confiante no que dizia, mas aqueles o conheciam bem e eram capazes de perceber a voz sutilmente trêmula do Beta. – Pelo menos... Tudo vai ficar bem.

Não era segredo o desgosto deles pelo interesse do amigo em alguém como Luffy, tampouco se davam o trabalho de esconder ou negar, muito pelo contrário. No entanto, eles amavam Law e sabiam o quanto ele estava abalado. Não era uma simples paixão, era algo importante para ele, e aquela, definitivamente, não fora uma decisão fácil, não era o que ele queria. Os três amigos estavam em consenso quanto a isso e sabiam que se Law havia optado por seguir tal caminho não foi por vontade própria, algo estava interferindo nas decisões e sentimentos dele e a única possível explicação que tinham, com tudo que sabiam apenas, era as obrigações com a alcateia e com eles. E eles, obviamente, não queriam sentenciar o amigo a deixar de lado suas desejos e sentimentos; ele já havia feito muito por eles e mesmo que deixar sua alcateia, por qualquer motivo que fosse, fosse algo repudiado pelos lupinos, antes que ele fosse feliz, porque, mesmo que tentassem mudar isso eles sabiam, embora desconhecendo a profundidade daquilo, que ele não estava plenamente com eles.

– Mas sabe, ir embora não significa que você nunca mais vai ver ele. - Sachi sugeriu o empurrando levemente com o ombro com um sorriso amarelo que foi retribuído com um sorriso frouxo.

– É, você pode manter contado, fazer visitas, sei lá. - Penguin continuou fazendo o mesmo do outro lado do moreno. – Tem muitas opções, não precisa ser um adeus, né, gente?

– Eu sei, mas já disse que não precisam se preocupar. Eu sei o que estou fazendo.

Suspirando os dois acenaram em concordância, embora soubessem que nada estava bem realmente, muito menos o amigo, porém era uma escolha dele e se houvesse algo a mais – e havia – ele certamente os contaria quando se sentisse pronto, depois de muita insistência deles, é claro.

Após a saída de ambos restou apenas o silêncio, mas ainda havia uma companhia no recinto, esse que havia se mantido calado por todo o tempo que passara ali enquanto observava atentamente todas as reações do tatuado.