Confia em mim?

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Passos pesados ecoavam pelo corredor vazio e parcialmente escuro da delegacia. Após abrir a chave da porta que dava acesso a sala de arquivos, o homem adentrou, carregando em sua posse alguns papéis e imagens postos em uma pasta branca. Buscando entre as fileiras ordenadas por letras a gaveta com a letra D, depositando a pasta entre elas assim que a avistou enquanto um suspiro lânguido escapava por entre os lábios, formando uma pequena nuvem esbranquiçada a frente dos mesmos.

Uma pequena cidade, mas bela cidade, cercada por uma densa e extensa floresta de uma colocação vívida e marcante, no primórdio da sua existência, não havia moradores, tampouco construções, apenas a beleza que lhe foi concedida pela natureza. Fora a escolhida por certos lupus para se tornar seu lar.

A natureza havia os escolhido como protetores, fortes e leais, aqueles que deveriam crescer adjunto dela, numa intrínseca relação. Eles tinham o poder e, diferente dos que não foram privilegiados com aquela dádiva, poderiam escolher onde, quando e como ficariam, então, alguma das mais fortes famílias começaram a construir suas casas na margem daquela floresta que era tão rica e bela aos olhos, como um habitat perfeito para toda a vida.

Mas a prepotência e arrogância os dominaram, e tornaram-se, aos seus próprios olhos, melhores que os demais, por tudo que possuíam e faziam, até mesmo que os seus, causando rivalidades e desunião com seu próprio povo, fazendo-os lutarem entre si, afastando-os, indo contra os seus princípios.

Por orgulho e arrogância de erros contínuos com os seus, foram dizimados por um único lupus que julgaram ao invés de acolher, levando-o a ruína junto com todos eles e seus pecados; por ignorância destruíram os laços de união e condenaram a própria família a ruína.

Então eles se tornaram fracos e foram subjugados por quem mais odiavam: os seres que julgavam fracos, estultos e que não evoluíam; como uma justa punição divina. E o lugar que um dia fora o lar que possuíam, seu habitat marcado e belo, perdeu seu brilho e sua exuberância, sua coloração esverdeada tão viva para dar espaço para a zona deveras pacata e enfadonha, nunca mais sendo habitada pelos animais de poder, esquecidos pelo tempo.

– Eu jamais acreditaria que foi assim que nossa cidade se formou, mas depois de hoje... Ver aquele homem se transformar na minha frente... Não posso ignorar isto. - Pontuou abaixando o papel entre suas mãos, observando a feição surpresa do moreno à sua frente. – Aparentemente você é único aqui que sabe de algo com propriedade, ao menos o único em condições para falar, então, pode me confirmar se essa história é real?

– Eu... Eu não sabia disso. - Sua voz saiu em um fio, sua mente quase se perdendo em confusão. Tudo que viu... Havia acontecido ali, na sua cidade? Era por isso que sentia tanta familiaridade com ela? Law veio até lá por isso também? Céus, sua cabeça iria explodir se continuasse assim, estava cansado de descobrir coisas do passado. – Mas é verdade.

– Como pode me afirmar com tamanha convicção se acaba de me dizer que não sabia?

– Porque eu vi isso acontecer.

Smoker suspirou pela décima vez naquele dia, conversar com aquele jovem estava sendo mais custoso que imaginava. Entretanto, ainda precisava continuar a questioná-lo até obter uma resposta razoável, afinal, precisava delas para concluir aquele caso.

Mas era um trabalho realmente árduo, visto que Luffy lhe dava respostas um tanto abstratas, que o fazia duvidar de onde viera aquele conhecimento.

– Podemos apenas deixar as coisas assim. - Sugeriu dando de ombros. Em sua simplicidade absoluta não via onde aquilo levaria, já bastava de relembrar e reviver o passado, estava farto!

O lupino da floresta proibidaWhere stories live. Discover now