Sensações em um banco de carro

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O clima ainda estava ameno, os pais estavam jogando cartas, e a azulada prestava atenção no filme que Khalil tinha escolhido. Nem lembrava que "Os incríveis 2" tinha sido lançado, estava ocupada demais para relembrar um filme de sua infância, que demorou exatos quatorze anos para ter uma continuação.

No andar de cima, Adrien ainda dormia por causa do cansaço adquirido durante mais um dia de convenção. Estava na cama de casal, assim como tinha pedido para a azulada, e estava amando poder ter um colchão fofo por pelo menos algumas horas.

— Quer mais pipoca? — Marinette perguntou ao primo.

— Quero, tem pipoca doce!? — o pequeno falou animado.

— Eu faço. — Revirou os olhos pela empolgação dele e sorriu, gostava de mimá-lo.

Foi até a cozinha e alcançou o açúcar, iria fazer a calda de caramelo para depois jogar sobre a pipoca, mas parou ao perceber o andar arrastado de Emillie até a geladeira, parecia levemente alterada.

— Mais uma rodada? — Marinette perguntou risonha.

— Quem perder vira o copo, né? E eu estou gostando de perder — riu. — Devia experimentar, Mari.

— Estou bem com a pipoca e a Coca-Cola. — Prontificou-se a ajudar Emillie com a garrafa de vinho.

— Devia sair mais para beber, o Adrien sempre fala que você faz hora extra, principalmente nas sextas. — Sorriu boba e se escorou na pia, mal se aguentava em pé.

— Ele fala de mim? — Marinette arregalou os olhos e depois franziu a testa. — Parece que gosta de tomar conta da minha vida — disse levemente irritada.

— E ele quer mais do que tomar conta, sempre quis. — A loira riu novamente, pegando mais um pacote de amendoins e deixando a azulada assustada em frente ao fogão.

Marinette respirou fundo e tentou recobrar a consciência, Emillie devia estar bêbada demais para soltar uma coisa dessas, e era o que mais a assustava. Bêbado é a espécie mais sincera e sem filtro que se pode ter no mundo.

Tinha gostado da aproximação do chefe, das brincadeiras, mas não pensou que fosse real ao ponto de até os pais dele saberem sobre o dia a dia dela como a adulta. Adrien realmente queria algo a mais com ela? Não, não, mil vezes não. Ele só quer um passatempo.

Arrepiou-se pelo pensamento e fez uma careta, mas sentiu-se tentada no final, talvez também quisesse, contudo, mantinha esse sentimento reprimido por causa do trabalho.

— Sem loucura, Marinette — disse para si mesma e reprimiu um sorriso, voltando a atenção para o fogão.

Fez a pipoca e deixou sobre a mesa de centro, vendo a cara fofa que Khalil fazia enquanto dormia. Já era tarde, devia ter imaginado que ele iria cair no sono antes mesmo do filme acabar.

Riu pela posição dele e o pegou no colo, subindo pelas escadas e abrindo a porta com cuidado. Adrien estava estirado na cama, tinha chegado tarde da convenção e devia estar acabado.

Deixou o primo do lado vazio da cama e olhou para o colchonete, não acordaria o Agreste, ficaria no chão esta noite.

Então — com muita preguiça — Marinette voltou para a sala, arrumou tudo, desligou a televisão e foi até os pais para dizer boa noite. Emillie e sua mãe estavam nitidamente alteradas.

— Cuidado para as duas não se afogarem — disse preocupada, mas rindo em seguida ao ver as duas dando leves pulinhos perto da piscina. — Pai, presta atenção nas duas.

— Ele também está bêbado — Gabriel disse alto, quase gritando.

— Acho que todos vocês estão — murmurou risonha e se despediu.

Férias (in)desejadasWhere stories live. Discover now