Atrás de uma porta

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Marinette apareceu cedo para trabalhar, mas tentou passar despercebida por todos, principalmente pelos primos Agreste. Não queria mais olhares duvidosos do que os da noite passada, que foi resumida em desconforto e em uma Kagami completamente bêbada; sua risada ainda rondava a cabeça da Dupain.

Estava na copa e pronta para tomar o primeiro café do dia. Precisava se manter calma, mas seu tique nervoso a tinha pego de jeito naquela manhã e a cafeína poderia piorar sua situação, mas ignorou seu próprio aviso interno e encheu a caneca até onde conseguia.

Estalou a língua no céu da boca e se escorou na pia, tomando um primeiro gole e se assustando com os passos rápidos de outro alguém. Tentou sair antes de ser vista por alguém, além dos colegas de setor, porém, a voz alta de Félix chamou sua atenção, assim virando o corpo para ele, que tinha um sorriso nada convincente.

— Podemos conversar? — ele perguntou baixo.

— Não... — Marinette respondeu e se virou para poder sair.

— Espera, é sério! — pediu afobado.

— Eu também falo sério — falou o olhando de soslaio. — Não estou com cabeça para nenhum dos dois, Félix! — Apontou Adrien e logo tentou sair.

Nem o namorado tinha escapado das broncas dela, que fez questão de voltar sozinha da conferência, não tinha sanidade para terminar a noite em sexo, se era isso que ele queria.

— Não estou para papo, Félix — Marinette pediu irritada, deixando a caneca com o café pela metade sobre a pia e seguindo rumo a sua sala.

Fechou a porta com força e bufou irritada ao lembrar do flagra da noite passada. Não queria continuar um relacionamento secreto com Adrien, e muito menos ter que ser o alvo das aporrinhações de Félix sobre o ocorrido.

— Marinette! — A voz de seu namorado a tirou de seus devaneios. — Posso entrar?

— Se eu falar não... você vai entrar mesmo assim? — perguntou, tudo estava acontecendo rápido demais hoje.

— Sim, é importante!

— Puta merda — sussurrou e abriu a porta. — Tá bem, o que pode ser tão importante às oito horas da manhã?

— Eu realmente não sei o porquê de estar brava comigo. — Adrien entrou e tentou não rir do bico que estava se formando nos lábios dela. — Não fiz nada contra sua vontade ontem. — Esperou que ela falasse algo sobre a conferência, mas não teve sucesso. — Bom, eu só queria agradecer por ter me ajudado com o evento e também por ter comparecido.

— Você não veio aqui para isso! Veio aqui para ver se eu ainda estou nervosa com você. E sim, eu estou! — Cruzou os braços.

Marinette o olhou nervosa, odiava a cara de deboche que ele fazia, ainda mais quando era acompanhada de um sorriso. Adrien Agreste sabia encantar quando queria, e fazia isso muito bem quando o assunto era a Dupain.

— De qualquer forma, eu sei que as comemorações de Paris ainda não acabaram, então pensei em te dar os dias que faltavam de suas férias, Mari. — Colocou as mãos no bolso e ajeitou sua postura. — Posso marcar um voo pra quando quiser, e não, eu não estou fazendo isso por causa de ontem.

— Está fazendo pelo quê, então? — Ela sentou sobre sua mesa e cruzou as pernas.

— Porque eu te tirei das férias antes do combinado, só isso — respondeu ainda sorrindo. — Você precisa de um tempo de tudo isso também, um tempo real sem eu atrapalhando.

— Você não me atrapalha, não como antes — riu baixo. — Mas não sei se meus pais ainda vão ter um lugar pra mim, meus tios devem buscar o khalil logo e é aí que eles ficam com o quarto até pensarem em ir, realmente, embora com meu primo.

Férias (in)desejadasWhere stories live. Discover now