VII

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Hoje está sendo um daqueles dias em que o universo está tentando me instigar a todo custo, e isso era como uma tormenta para minha cabeça. Não imaginava que meu primeiro dia ali me causaria tantos conflitos internos.

"Olá, Ava"

Aquela maldita voz chegou em meus ouvidos, importunando minha paz que acabara de recuperar. Uma voz que eu reconhecia bem. Grave e rouca. A voz de Pedro.

Respiro fundo por um segundo, fechando os olhos até estar pronta para virar e olhar aquele rosto. Era tão difícil assim pedir um segundo de paz naquele dia sem ter que encontrar algum Rivera no caminho??

- Pois não, senhor? – Evito olhar para ele, porque sei que desarmaria minha compostura só pelo seu olhar.

- Por favor, não precisa me chamar assim. Pode me chamar de Pedro.

- Eu prefiro nossa formalidade como está, afinal você é dono da RIVERS.

Falho miseravelmente em evitar contato visual com Pedro. Seus olhos estão voltados para meu rosto, analisando cada detalhe, principalmente meus lábios, no qual congela naquele ponto, me deixando mais sem graça em meio tudo aquilo.

Ele respira fundo por um momento antes de prosseguir. Eu estava o irritando, e não posso negar, eu gostei disso.

- Como quiser, senhorita Ava. Eu gostaria de convidá-la para tomar um café, se não se importa.

Eu não estava acreditando nas palavras que aquele homem estava dizendo. Pra que ele queria tomar café comigo?? Desde quando um homem como Pedro faz isso com seus alunos? Eu não tinha uma resposta plausível para o convite dele, tudo aquilo estava completamente estranho.

- Eu agradeço o convite, mas terei que recusar. Estou em aula e não posso faltar, ainda mais no meu primeiro dia. – Minha última fala saiu sarcástica e percebi que Pedro não gostou daquilo. Era fácil provocá-lo, pelo visto.

- Sua aula acaba em 10 minutos, em seguida, você tem 30 minutos de pausa para a próxima. - Pedro perde sua cordialidade, partindo para um tom sisudo. Isso deixa meu corpo completamente imóvel.

Ele realmente havia olhado rotina semanal?? Era óbvio que ele não tinha controle das aulas de cada aluno, e provavelmente nem o interessava. Então por que queria tanto aquele maldito café comigo?

Decido acabar de vez com todas essas dúvidas na minha cabeça.

- Por que o senhor quer tanto que eu lhe acompanhe neste café?

- Por que...por que eu me sinto na obrigação de me desculpar com você pela forma que lhe tratei aquela noite. – Pedro responde com uma a fala arrastada e dessa vez, sou eu quem cravo meu olhar sobre ele.

Um pequeno sorriso malicioso cresce em meu rosto. Então ele se sentiu culpado pela forma que me tratou. Agora porquê se importar com isso, eu não fazia ideia. Assim como Ang disse, homens como Pedro não se importavam pela forma que falavam ou tratavam seus alunos ou funcionários. Então por que se sentiu na obrigação de fazer algo por mim? Ao que parece, estaríamos enganadas quanto a natureza de Pedro. Mas só o tempo mostraria quem ele era realmente.

- Certo...já que o senhor insiste, eu aceito seu convite.

- Nos encontramos na recepção, tudo bem? – Pedro pergunta e eu apenas consinto, seguindo para minha sala.

Dez minutos depois, o professor finaliza a aula nos liberando para o intervalo.

- Ang, terei que sair por um momento para resolver uma coisa e te encontro na próxima aula, tudo bem?

Burning Desire - Pedro PascalOnde histórias criam vida. Descubra agora