XV

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POV Ava


Segunda-feira, 7:30 a.m.

Paris amanheceu gelada. Não como os outros dias. O frio pareceu mais intenso. Não havia algum sinal dos raios de sol, apenas aquele céu pálido e melancólico, extremamente fascinante. A noite foi intensa, profundamente escura e frígida. Pela janela do quarto, pude ver os pequenos flocos de neve caindo sobre o chão, formando um tapete branco convidativo para se afogar e criar anjos de neve. Aquilo lembrou meu pai, minha infância e nossas viagens de natal, quando brincávamos na neve fofinha e gélida. E na volta para casa, para tomar chocolate quente, vendo algum filme natalino bobo, até pegarmos no sono ali, no sofá, e acordar cedo para fazer tudo de novo. Dormi com a sensação de estar revivendo aquelas lembranças, que já se encontravam tão distantes na minha mente.

Inspiro o ar, que cheirava a pinheiros cobertos de neve e café fresco da cafeteria do Campus, e o deixo percorrendo pelos meus pulmões, até sentir queimar meu peito, e expiro pelos meus lábios, vendo aquela névoa branca e quente se misturar com o ar cortante do dia. Inspiro mais um vez e aquele cheiro invade minhas narinas. É um cheiro tranquilizador, acolhedor, como Pedro. Como seu beijo. Como suas mãos. Como seu abraço.

Nossa despedida na noite passada foi tão dolorosa. Ele teria uma semana completamente atarefada, assim como eu. Seus investidores e empresários estavam o pressionando para continuar com os negócios para o projeto do outro Polo em Milão, e desta vez, não tinha como fugir para aproveitarmos o tempo juntos. Minhas avaliações e projetos começariam esta semana. Minha ansiedade me consumia, à medida que meus pensamentos me afligiam.

- Pronta, Ava? – A voz trêmula de Ângela chama minha atenção.

Minha amiga tremia mais do que qualquer coisa pelo frio. Ângela saiu praticamente com todo seu guarda-roupa e mesmo assim sofria com a baixa temperatura do dia.

- Você está parecendo um pinscher com frio. – Digo, rindo do estado da loira.

- Para, tá?! Eu estou quase congelando com esse frio. Vamos entrar logo, ou então a gente morre congelada aqui mesmo. – Ângela se agarra ao meu braço, acelerando o passo para entrarmos na RIVERS o mais rápido possível.

- Bom dia, turma. Teremos 25 minutos até o início da apresentação dos projetos. Fiquem à vontade para fazer correções no trabalho ou estudarem para a apresentação. – O professor fala assim que chega na sala.

Eu e Ângela já estávamos praticamente prontas para a apresentação. Pelo nervosismo, a loira retira praticamente todas as suas peças de roupa, transpirando apreensiva.

- Ang, você vai se sair bem. Seu croqui está perfeito e com todos os requisitos que o professor pediu. – Tento tranquilizar minha amiga, que não parava de balançar as pernas sobre a cadeira, nervosa com cada segundo que passava, aproximando da apresentação.

- E se minha nota for péssima? E se ele detestar?? E se...

- Ângela, respira. Você está sofrendo a por nada. Relaxa, está bem? Olha, - Digo, levantando da minha mesa – eu vou buscar algo para te acalmar. 

Ângela assente e eu saio em direção a uma das máquinas automáticas de cafés e chás, dispostas nos andares do prédio. Opto por um chá de camomila com hortelã para ela, enquanto pego um café expresso para mim. Eu estava nervosa pela apresentação, mas não do mesmo jeito que Ang. Eu havia dado o meu melhor naquele croqui, e seguindo à risca cada quesito do professor, então estava confiante.

Burning Desire - Pedro PascalWhere stories live. Discover now