XV

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Tobirama o enxergou à distância na multidão de outros alunos dispersos na saída. Izuna estava com a cabeça baixa enquanto andava, ambas as mãos nos bolsos do moletom. Ficou aliviado por ele não ter tido nenhuma complicação em relação ao cio, mas o olhar paralisado que recebeu quando ergueu o rosto fazendo contato visual quando percebeu sua presença o deixou atento, com uma sensação estranha no âmago de que algo estava errado.

Arqueando as sobrancelhas, Tobirama o viu acelerar o passo e abrir a porta do passageiro, sentou ao seu lado e permaneceu daquele jeito durante vários segundos de estranhamento, murmurando nada além de um "Oi" fraco demais para ser característico dele.

- Oi. E a sua apresentação?

Izuna olhou para ele e seus lábios se curvaram em um quase sorriso. Depois franziu a testa, assentindo devagar.

- Foi bem - ele sussurrou, mas não era o que seus olhos diziam.

Estava óbvio que ele não iria falar facilmente qual era o problema e mesmo que soubesse como fazer a verdade sair, não iria pressioná-lo a nada, mesmo que detestasse aquela sensação de que algo estava sendo omitido.

Tirou o carro do neutro e pegou a pista, Izuna continuou olhando pela janela, perdido em seus próprios pensamentos, abraçando a mochila em seu colo enquanto a ventania agitava seus cabelos. Não estava sendo um dia quente, então não havia sol, apenas nuvens densas espalhadas pelo céu como se uma chuva estivesse lentamente se formando. Pensava que ele iria manter os vidros abertos porque gostava do vento, mas o ômega fechou sua janela e logo em seguida, Tobirama também.

Ficaram em silêncio por vários segundos outra vez, sabia que hora ou outra ele não iria mais suportar guardar o motivo do seu distanciamento, Izuna era emotivo e dramático o suficiente para não aguentar sofrer sozinho - mesmo que uma pequena dor.

Quando chegaram no apartamento, ele deixou seus sapatos e a mochila na entrada, Tobirama foi cuidar do almoço enquanto ele gastava mais alguns minutos trancado dentro do banheiro em silêncio absoluto. Foi chama-lo quando já estava tudo pronto e Izuna se aproximou ainda preso naquela expressão fixa, distante, como se houvesse anos-luz entre cada um dos seus pensamentos.

Ele sentou à mesa e se serviu, Tobirama fez a mesma coisa já imaginando que seria uma refeição em mudo quando ele abriu a boca para falar.

- Você tinha razão sobre eu não ir - o ômega suspirou e deu um gole na água. - A notícia se espalhou no campus, Natsuo era muito conhecido então presumiram que eu sabia de alguma coisa. Eles ficaram perguntando o tempo todo por que ele havia sido preso e eu disse que não sabia, até gritei com um colega de classe porque não sabia mais o que fazer. Foi constrangedor.

Tobirama inspirou fundo, já imaginava que seria uma manhã difícil, mas não por esse motivo. Continuou comendo esperando que Izuna falasse mais, até o encarou por um momento, mas parecia que suas palavras haviam se esvaído outra vez, e ele só fazia encarar o prato como se não soubesse mais como comer. O que ele disse não parecia justificativa o suficiente para aquela expressão pálida e melancólica, então foi fácil presumir que havia mais coisas bem mais sérias que ele não estava contando.

- Eu posso te perguntar uma coisa?

Tobirama assentiu e os olhos dele hesitaram, tensos, quando se fixaram nele outra vez.

- Sim.

- Você já matou alguém? - ele perguntou, e a resposta era óbvia, então se corrigiu. - Antes de ser da polícia.

Erguendo os olhos para ele, sentiu seu corpo enrijecer à medida que o olhar de Izuna se distanciava ainda mais. A pergunta o pegou totalmente desprevenido, mas não era algo que tivesse dificuldade em responder.

It's Okay (TobiIzu)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant