XXXII

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Olhando pelo retrovisor, conseguia enxergar Izuna sentado de mal jeito, dormindo no banco de trás. Ao seu lado, Madara permanecia em um silêncio imperturbável, olhando pela janela e mantendo os braços cruzados. Suas tentativas de conversa foram recebidas com respostas curtas, monossílabos e acenos de cabeça. Naquele momento, Hashirama não estava com a mínima vontade de manter qualquer diálogo com ele. 

Sabia que o desentendimento iria acontecer, viu aquela cena a vida inteira, então não era uma novidade que tivessem chegado àquele ponto. Por sorte, conseguiram conter a tensão antes que as coisas realmente tivessem ficado complicadas para todos. Não eram inimigos ali, estavam os dois dedicando suas vidas para manter Izuna em segurança, então não fazia o mínimo sentido começarem com uma discussão tola quando o perigo maior estava aos poucos os cercando.  

Deu um fraco suspiro, olhando fixamente para a pista enxergando apenas relances de luzes passarem pelas janelas abertas quanto mais perto chegavam de casa. Teve que fazer apenas uma parada para abastecer e comprar algo para Izuna comer mesmo que insistisse que não tinha fome. Quando desceram, Hashirama ficou no carro esperando enquanto os dois iam até a loja de conveniência do posto ainda de birra um com o outro. Eram tão parecidos, que chegava a ser medonho. 

Sozinho dentro do carro, Hashirama aumentou o volume do rádio, já que ninguém gostava das suas músicas. Pegou a notícia pela metade, mas deu para ouvir claramente a manchete. 

"Hoje às 6 da manhã, o promotor Tsukyama Yian foi encontrado em sua residência já morto no escritório onde vinha trabalhando nos últimos dias. A perícia afirma que foi suicídio. Os familiares ainda não se manifestaram sobre o assunto…"

Hashirama sentiu um aperto frio na garganta e fechou os olhos, imaginando a cena. 

Soltou todo o fôlego, depois desligou a rádio incapaz de ouvir o restante. O silêncio preencheu seus ouvidos e o sussurro do vento contra seus cabelos o deixava com uma sensação amarga no peito. Era de uma tremenda frustração, e uma grande ironia do destino, que essas coisas viessem a acontecer justamente quando Tobirama decidiu viver de forma correta. 

Izuna e Madara entraram no carro pouco tempo depois, calados, sérios, com raiva um do outro; mas Hashirama não conseguia se preocupar com eles porque o foco de seus temores estava concentrado em seu irmão e para qual caminho tortuoso o lúpus dentro dele iria levá-lo dessa vez. 

{...}

Quando saiu do quarto para o café, Kabuto foi informado por um dos empregados que Hamura precisou resolver alguns assuntos importantes pela manhã e iria ficar o dia inteiro fora, mas que poderiam jantar juntos, caso desejasse. 

Às vezes, aquela cortesia era como estar diante de um cachorro manso que promete lamber a mão do dono ao mesmo tempo que se prepara para arrancar o braço em uma única mordida. Não confiava neles, não sabia o que esperavam de sua parte, tinha a sensação que o jantar de ontem havia sido apenas um teste, uma forma dos outros integrantes daquela família saberem de sua existência, já que não trataram de nada realmente importante.

Resolveu tomar o café na cozinha, sozinho, aproveitando aquele tempo para analisar suas opções. A residência dos Otsutsuki era uma fortaleza, duvidava muito das chances de conseguir sair, o sistema de segurança era tão reforçado quanto dos esconderijos de Orochimaru. Poderia estudar o local, tentar encontrar alguma rota, mesmo que uma pequena falha na segurança, mas estaria a quilômetros de distância da cidade mais próxima e não conhecia a região. 

Poderia tentar roubar algum veículo, pelo menos para conseguir ganhar distância deles antes de se embrenhar pelos hectares de campo; mas ao mesmo tempo que a desconfiança o impulsionava à fugir, a curiosidade o convidava a ficar por mais um pouco de tempo para investigar o máximo de informações que pudesse reunir. 

It's Okay (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora