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Hellouise Neri.


O vento frio bate no meu rosto e constato quão solitária estou. Era apenas uma noite qualquer. Ettore era o motivo de toda minha alegria e força de vontade para ir atrás dos meus sonhos. Hoje está completando cinco meses desde sua morte e para mim a dor é a mesma do momento que presenciei uma bala entrar em seu peito pequeno.

Tive que conseguir emprego ou passaria fome. Não seria tão ruim, na minha opinião, mas Conrado me convenceu que eu precisava lutar. Lutar como nunca e conseguir vingar a morte da pessoa mais importante para mim. Um trabalho de garçonete era o suficiente para sustentar a mim e ele, hoje só me traz raiva e memórias. Levanto do chão batendo na calça jeans e coloco as mãos nos bolsos forçando meu corpo a andar para casa.

— Princesa!

Paro de andar e olho para trás já esperando o sorriso doce de sempre. Meu amigo corre pela rua na minha direção e consegue puxar o Him, o cachorro mais sortudo do mundo. Abro os braços esperando Conrado e ele vem animado me apertando bastante. Eu me sinto bem com ele.

— Você sai muito tarde,mas convenci o Him a vir comigo te buscar. — diz e passa a mão pelo meu pescoço começando nossa jornada até o ap.

— Deveria ficar em casa. Esses tempos está muito perigoso. — sussurro.

— E deixar você voltar sozinha? Nem por um milhão de reais.

Sorrio pequeno.

— Bem que eu queria esse dinheiro, porém, sua vida é mais preciosa para mim.

Fecho os olhos com força, eu já estava sentindo a necessidade de chorar e agora com suas palavras percebo que eu preciso sim de alguém para me ajudar. Alguém que me entenda, que me tire do foco do meu Ettore. Paro de andar próximo ao nosso condomínio e volto a abraçar Conrado que apenas retribui e diz palavras carinhosas.

Me sinto fraca.
Eu não pude fazer nada por ele e não estou conseguindo nem me cuidar para ir atrás do assassino do meu irmão.
Eu precisava mudar isso.

— PORRA! — o grito de Elisa me faz abrir o olhos e seguir o som.

Não nos falavamos desde aquele dia. Ela vivia fora e eu não reclamava. Eu não perdoava sua conduta.

— Hellouise! — corre até mim e puxa meu braço. — Precisamos sair daqui agora.

— Me solta, Elisa!

— Solta ela. — Conrado se mete.

— Já sei como está nossa situação, Hellouise. Não posso explicar agora, mas entenda, vão nos matar se chegarem em nós. — ela estava aflita, como nunca tinha visto. — Conrado, volte para casa e não abra sua porta para ninguém, por favor.

— O que você fez? — pergunto.

— Por favor, irmã! Me ouve só hoje.

Conrado segura minha mão numa tentativa de dar apoio a qualquer decisão e eu escolho a pior. Aviso que irei com ela e Conrado só concorda voltando para casa com seu cachorro. Elisa me puxa e me pede para correr o máximo que eu puder, caso de vida ou morte.

Paramos numa pensão a uns cinco quarteirões da nossa casa e a dona do local estava assustada. Ela nos levou a um porão e trancou por fora. Minha irmã andava de um lado para o outro puxando os cabelos.

— O que foi que você fez? — indago me sentando em uma das caixas.

— Hellouise, você me odeia!

— O que isso tem a ver com minha pergunta?

— Não te culpo por isso. Mas precisa me prometer uma coisa. — se ajoelha e pega minha mão.

Condenada Pelo Mafioso - Série Acorrentadas (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now