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Hellouise Neri


Meu corpo tremia involuntariamente, seus olhos passavam de mim para sua mãe a espera de uma resposta. Enrico estava com um terno cinza, completamente formal e perfumado,seu cabelo estava muito bem arrumado para o lado e sua testa estava enrugada. Suas mãos estavam em punhos e eu não queria que elas vinhessem na minha direção.

— Ninguém vai responder? — rosna se aproximando.

— Enrico, deixe de escândalo! — briga a mãe. — Ela só está comendo, nada mais.

— Em nenhum momento eu disse para dar comida a ela e nem que a tirasse do quarto, tranquei a porta por esse motivo.

Abaixo a cabeça.

— E você ia deixar ela passar fome, gênio? — Antonella pergunta de forma debochada.

— Isso não lhe diz respeito, Antonella. Deveria estar estudando formas de se comportar, pois ainda está precário. — ele olha para mim.

— Que besteira. — resmunga.

— Parece que não entendeu nada do eu disse ontem. — diz para mim. — Mas vai.

Puxo na mente o dia anterior e não me recordo dele falar para não sair do quarto ou não obedecer sua mãe. Antonella e Dona Alice ficam na minha frente com expressões fechadas, me encolho ainda mais diante o olhar mortal que Enrico me lança, aquele ato não adiantaria de nada com ele. Até parece que mudaria algo.

— Não vou me meter nos seus problemas, Enrico. Ontem me avisaram que você iria se casar com ela,você não teve nem a decência de me comunicar, então, não vai me atrapalhar a cuidar da minha nora. Ela precisa estar forte para…

— Já sei, mãe! — retruca com raiva nos olhos. — Coma logo isso!

Meu estômago já estava embrulhado por conta do nervosismo, engulo em seco e volto meu olhar para o prato. Eu sentia todos os olhares em mim, não sabia o que era pior se o agora ou o depois. Eu voltaria para aquela caixa de metal e morreria lá facilmente.

Não consigo comer tudo, já estava cheia e ansiosa, Dona Alice me incentiva a ir sem medo e ouço seu filho rosnar feito um animal. Demoro tomando o suco e percebo que é o suficiente para ativar o motor que controla a paciência do homem presente. Enrico vem até eu e segura meu braço me forçando a levantar da cadeira.

— Vou avisar as duas, é melhor não irem contra minhas regras. Estão na minha casa e quem diz o que fazer ou não sou eu. — as duas ficam quietas. — Antonella vá para sua aula e mamãe já sabe o que deveria estar procurando.

Dito isso, Enrico segue o caminho por onde passou me levando arrastada ao seu lado. Ele não esperava eu andar, apenas me puxava para eu vir de qualquer jeito. Assim que chegamos no quarto, ele me solta como se eu fosse lixo.

— Senhor...

— Quieta! — ordena.

Me afasto dele e chego perto da parede fria. Fecho os olhos por um momento, eu não podia temer o perigo se queria sair dele. O medo é mentiroso, dizia Conrado. Dado minha pouca experiência, o meu medo era no mínimo compreensível.

— Me deixe ir! — peço num sussurro.

Enrico estava de costas segurando o rosto e assim que ouve meu pedido gira a cabeça na minha direção. Sério, frio e impassível.

Condenada Pelo Mafioso - Série Acorrentadas (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now